Fala pessoal, tudo bem?
Está um pouco tarde pra escrever mas recebi alguns casos interessantes esses dias e resolvi escrever sobre isso. E tempo é o tempo que se tem, então vamos lá!
Já deixei claro em alguns tópicos que ninguém é ‘’reto’’ ou que a ‘’postura ideal’’ não existe. Tentar intervir nisso pode ser até prejudicial em alguns casos, principalmente em assintomáticos. Mas hoje quero falar sobre a escoliose que geram deformidades grandes, até mesmo severas, que geralmente se apresentam com dor e outras coisas mais. Geralmente ela se apresenta na infância e se torna bem evidente no início da adolescência. Então basicamente esse post pode ser útil para algum filho/a de vocês, ou sobrinho/a , enfim. O intuito é trazer informação baseada em evidência.
Primeiro ponto é entender como a escoliose aparece:
Não temos evidências suficientes para precisar a causa exata da escoliose. O que encontramos na literatura que dá suporte as principais causas é um déficit do controle postural do sistema nervoso central, ou seja, desde o nascimento, na fase de desenvolvimento do SNC, temos alguma alteração em que o controle autônomo da postura se perde. Isso é de extrema importância para o tratamento da escoliose, vou explicar melhor logo depois. Segue-se a isso algumas alterações hormonais e genéticas.
Quais as principais complicações caso não tratada?
Temos algumas bem importantes, como alteração na capacidade pulmonar, dores crônicas , efeitos psicossONciais, deformidades que levam a disfunções, entre outras.
Como podemos classificar a escoliose?
Existe um ângulo traçado na coluna, chamado ângulo de Cobb. Ele nos auxilia a classificar de acordo com os graus apresentados. De acordo com a SOSORT (International Society on Spinal Orthopedic and Rehabilitation Treatment) podemos classificar da seguinte maneira:
0 a 10 ° - escoliose leve (acompanhamento e fisioterapia nesses casos são recomendados)
10 a 25° - moderada (aqui entra a grande necessidade de fisioterapia na tentativa de evitar a progressão da escoliose, assim como suas complicações)
25 a 50° - grave (nesse caso é indicado o uso de coletes de Boston e fisioterapia como recurso a evitar a cirurgia)
Acima de 50° - Tratamento cirúrgico é indicado.
Quais são os coletes utilizados nas escolioses?
Com certeza muitos de vocês já viram alguém utilizando colete durante a fase da escola. Eu mesmo fui um que utilizei, não para escoliose em si, mas para hipercifose. É muito comum os médicos prescreverem o colete de Milwaukee ou Boston, porém as evidências mostram resultados nada satisfatórios com o uso desses coletes. O melhores resultados com uso de coletes se deu com os mesmos sendo feitos a partir de scanners que fazem uma avaliação individual do paciente, gerando um molde 3D, podendo corrigir as curvaturas específicas.
Como tratar?
É muito comum quando buscamos tratamento para escoliose, logo de cara pensarmos em RPG. Outra técnica que muito se fala é o pilates. Apesar de ser um grande fã de pilates (e nem tanto de RPG), não há evidência suficiente que essas técnicas melhorem o desfecho clínico, podendo em alguns casos contribuir indiretamente com a progressão da ângulo da curvatura.
Hoje o que temos de evidência padrão A1 são os EEFE – exercícios específicos de fisioterapia para Escoliose. Foram realizados 6 ensaios clínicos randomizados em diferentes partes do mundo que mostraram ótimos resultados e até regressão da curvatura de forma relevante clinicamente.
No que se baseia esses exercícios?
Basicamente em auto-correção em 3D. A base de tudo é aprendizado motor! O paciente precisa entender exatamente como a escoliose dele se apresenta e assim encontrar, com a ajuda do fisioterapeuta, meios para ativação muscular específica, a fim de diminuir a deformidade. Ou seja, mais uma vez, não existe correção passiva!
Bom, acho que é isso. Ficou uma redação, mas espero que seja útil! Qualquer dúvida é só falar!