Um pai tinha dois filhos completamente diferentes um do outro. Tudo que sobrava em um, faltava no outro e vice-versa.
Um era um otimista nato. Vivia alegre, feliz, sorridente. Não via maldade em nada, achava graça em tudo. Seu otimismo era tanto, que chegava a ser perigoso, pois lhe faltava autodefesa.
Já o outro era a definição do pessimismo em pessoa. Ranzinza e resmungão, reclamava de tudo e de todos, o tempo inteiro. Não via nada de bom em nada. Parecia até que uma nuvem carregada estava sempre sobre sua cabeça.
Aquela situação angustiava o pai, dia e noite.
O Natal se aproximava e o pai, então, bolou um plano para equilibrar as diferenças de personalidade dos filhos: daria a cada um deles um presente de Natal que trariam consigo uma grande lição.
Na manhã de Natal, o filho pessimista acordou primeiro e desceu as escadas rumo à árvore de Natal. Lá estava o seu presente, embalado, com seu nome escrito à mão pelo pai.
Mal-humorado como de costume, desembrulhou o trambolho resmungando: era um patinete elétrico! O sonho de consumo de 100% das crianças da sua idade.
De pronto, esbravejou: “Meu Deus! Meu pai acabou com a minha vida!!! Como pode ele me dar um patinete elétrico? Todos os meus amigos vão brigar comigo querendo andar no patinete... Eu vou terminar quebrando um braço ou uma perna andando nesse troço. É capaz de me assaltarem logo na esquina. Que tragédia! Não é possível! Esse é o pior presente que eu poderia ganhar. Meu pai destruiu o meu Natal! Eu odeio esse patinete! Eu odeio meu pai!”, disse ele, correndo de volta para subir as escadas e se trancar em seu quarto escuro.
Nisso, o filho otimista desce as escadas sorridente, alegre, dando bom dia até para as paredes e plantas. Corre em disparada para a árvore de Natal e lá encontra um embrulho com seu nome, também escrito à mão pelo pai.
Entusiasmado e excitado, cantarolando música natalina, ele começa a desembrulhar o seu presente. Para sua surpresa, eis que se trata de uma grande bacia cheia de... BOSTA! Isso mesmo: B-O-S-T-A!
O otimista, com a bacia de BOSTA em mãos, corre em direção aos seus pais, que estavam na copa, tomando café da manhã. Com um sorriso de orelha a orelha, olhando eufórico para seus pais, pergunta: “Vocês viram meu cavalo por aí???”.