Pegadinha dos Afetados: Qual o nome da regra ética?
comentada em 15/03/2021 18:30

Eita.

Respondi uma coisa que de fato existe, já me sinto um vencedor

Interessante como é um principio usado de alguma forma em várias religiões ou doutrinas.

Acertei sem saber bem de onde.

Se eu não estou enganado já vi ser citada também na doutrina espirita com esse nome.

@DolceFarNiente C. S. Lewis fala fala sobre essa "igualdade" de princípios nas religiões e culturas no livro "A Abolição do Homem". Fica a dica de leitura aí

@Sadiq obrigado pela indicação, acabei de comprar. A propósito, a quem tiver interesse, o livro está na promoção na Amazon, por menos de 20 reais.

"Falou de ética e se esqueceu de mim. Magoou."

@Charlito na verdade, Kant era crítico desse princípio ético da pegadinha e por isso formulou seu próprio mandamento fundamental, o imperativo categórico. Para ele, um princípio que olha pro próximo diretamente é falho porque deixa de levar em conta as especificidades de cada situação, as diferentes condições dos indivíduos.

A crítica de Kant era mais ou menos assim: um assassino poderia invocar a norma da pegadinha para dizer "não é justo que você me condene à morte porque você não desejaria também ser condenado à morte". Logo, a regra ética mais correta deveria sair dos indivíduos e se situar na razão universal: eu desejaria, por achar justo, que todos os assassinos fossem soltos, em qualquer situação, em qualquer momento no tempo? Ou seja, só posso pedir minha soltura se conseguir demonstrar que minha situação é de tal forma que todas as pessoas nessa mesma situação deveriam ser soltas. Passa a ser um princípio ético formal (não depende de elementos empíricos, é resolvido na própria mente) e universal. 

Os defensores da lei ética da pegadinha, por outro lado, contestam críticas dessa natureza por aduzirem que a reciprocidade não pode ser observada apenas do ponto de vista individual, mas também sONcial e universal. Se eu faço aos outros o que desejo a mim, devo levar em contas as especificidades, gostos e culturas dos outros, assim como desejo que os outros levem em conta minhas especificidades, gostos e culturas quando tratarem comigo. Logo, o juiz pode sentenciar o assassino, pois espera que seja também sentenciado se algum dia for assassino. Nesse sentido, o imperativo categórico se torna apenas mais uma expressão da mesma norma da pegadinha.