A maior burrice do mundo
comentada em 28/03/2021 18:18

@VKNG

nossos instintos estão totalmente defasados com a vida moderna, independente da nossa opinião
se seguir nossos instintos proporcionasse uma vida feliz, longa e com qualidade, não existira bastter.com, vários ramos da medicina e esporte, livros de autoajuda, etc

exemplo de coisas que são instintos para a maioria:

- comer coisas calóricas (sobrevivência)
- se mexer o mínimo possível para economizar energia (sobrevivência)
- buscar o prazer imediato: drogas psicoativas, girar investimento para realizar lucro no bolso, gastar tudo que ganha para comprar prazer/lazer, pegar empréstimo para aumentar ainda mais
- brigar com quem não concorda/é do nosso clan
- ser reativo, estressar com os outros
- na mesma linha sONcial, preconceito com etnia, gênero, qualquer coisa diferente do que você e seus próximos são

É impossível ser humano viver em sociedade urbana hoje em dia sem ignorar pelo menos alguns dos seus instintos naturais em prol do bem estar e relacionamento com os outros. Talvez quem mora em uma tribo isolada longe da civilização consiga chegar próximo a isso, mas se convive com outro ser humano, vai precisar seguir algum tipo de norma sONcial e ignorar seus instintos básicos

então esse tipo de contra argumento não acrescenta nada à proposta da @alice.v que é mais uma forma de a gente tentar evoluir

E ter preconceito de quem tem preconceito é  preconceito também???

Proposta: "Fica a sugestão de uma maratona, um mês sem prejulgar a vida alheia."

Comentário: "Vamos com calma aí..."

@andre_santos Selar Humanum Est

Minha opinião é que problema é que nós, humanidade, começamos um processo de organização sONcial recentemente e em um contexto completamente inédito. Digamos que, como marco, é o pós Segunda Guerra Mundial. Esse pequeno intervalo de tempo (até hoje) não é nada perto dos milênios nos quais que a civilização já estava aqui. Até que ocorra a adaptação necessária de valores que foram úteis no passado mas não são (nem aceitáveis) hoje, leva gerações E ainda vai depender deste novo mundo emancipado, com bilhões de pessoas potencialmente conectadas em teias de comércio e trocas culturais, vá se tornar realmente padrão, digamos, pelos próximos mil anos. 

O pouco tempo dessas mudanças de paradigma e percepção da humanidade como tal, inevitavelmente, traz conflitos violentos que, não nos enganemos, ainda são incipientes. A questão da soberania, da identidade, do próprio instinto de nos sentirmos seguros sendo parte de um grupo, sendo que esse grupo se consolida no contraste e antagonismo com outro, não apareceu agora com esses, bom, vocês sabem. Ela está em cheque desde que, grosso modo, o que chamamos globalização começou. E vai longe.

As raízes desses valores e tendências humanas remetem não apenas a sobrevivência de culturas e a criação da civilização desde a Cidade Antiga, vão dezenas de milhares pro passado quando nós - não são nem ancestrais, nós mesmos - lutávamos e vivíamos basicamente como animais quaisquer na natureza. Embora valha ressaltar que (como em todas as ciências humanas) existem correntes na antropologia que consideram que o homo sapiens, ao contrário do senso comum, provavelmente era muito menos instigado a violência contra o semelhante na pré-história do que na civilização.

Por fim, isso refere a instituições, costumes, leis e estruturas fechadas que não apenas ignorem, mas protejam ou mesmo incentivem comportamentos violentos, agressivos, opressores contra qualquer figura que se identifique como o 'outro'. É importante separar de nações onde essas coisas são sinceramente combatidas. Nesses casos, o que nos resta é lidar o melhor possível com a própria natureza do homem, porque todos aprendemos na vida que algumas pessoas vão sempre escolher o ódio, o orgulho e a violência de qualquer forma.

Curti! Topo

@Giovanni parabéns pela sua resposta sensacional.

@Giovanni minha resposta foi a esse trecho aqui: Preconceitos não se sustentam por nenhuma lógica, nenhuma teoria científica, nenhuma tradição filosófica.

Infelizmente nosso programa não evoluem tão rápido quanto a sociedade, por mais que a gente queira

A maior burrice do mundo é querer evoluir coletivamente. A fato é que só existe evolução individual. Essa história de querer mudar o mundo é um problema...

@Aldo_Raine
Condordo, cada um por si, olhando a si mesmo 

@VKNG
Você tem razão quanto a isso "Infelizmente nosso programa não evoluem tão rápido quanto a sociedade, por mais que a gente queira". 
O @Tuxedo_Cat elaborou perfeitamente,  e, como ele disse "isso vai longe"
A ideia é simplesmente pensar sobre esse atavismo, sem ilusão de mudança imediata.

Alice, você está sempre contribuindo para o ambiente dessa comunidade ser cada vez melhor e mais sensível. Seu exemplo é de benevolência. 

Obrigado, viu? Aprendo muito com você. 

@Giovanni  
Teus exemplos dos outros instintos vêm bem ao ponto. É uma luta diária, de superação, e, se fosse fácil, como você diz, não estaríamos aqui, uma vez equacionada a questão puramente pragmática das finanças. Obrigada pela contribuição.

Valeu @oxe . Acho que é efeito desses tempos com mais vagar, mais tempo para refletir, nessa tempestade de eventos.

O preconceito quero crer, vem do medo. O medo do desconhecido, o medo do não saber, de estar vulnerável. Então eu formo um "pré- conceito".
Se alguém é africano, já formo na mente a imagem de um negro, o que é claro, não é sempre verdade.
E aí começa o problema. O estereótipo é uma generalização perigosa que esconde a diversidade existente no mundo.
E se algo começa motivado pelo medo tem grande chance de acabar mal. O medo levou à maioria das perseguições raciais, nacionalistas e religiosas.
Individualmente podemos repudiar e superar isso, mas receio que coletivamente como paises ou povos isso tem a tendência de ficar adormecido, esperando para ser usado, até mesmo como ferramenta de poderes instituídos. 
Exemplo. É ilegal matar um ser humano. Há até uma declaração universal de direitos humanos. Se alguém mata é punido, as vezes até mesmo morto. 
De repente advém uma guerra. Imediatamente assim que a caneta do líder desencostar do papel onde a sua assinatura declara guerra ao outro povo,  matar outro humano não só não é mais ilegal, mas é desejável, incentivado, e quem o fizer não é mais preso mas condecorado. A partir daí como justificativa, começa a propaganda fazendo com que aquele povo seja visto como menos humano do que eu.

Tem tanto preconceito escondido nas entrelinhas que até passam despercebidos, talvez por pura ignorância ou costume trazido desde muitos anos passados.

Outro dia um colega postou uma dúvida sobre bicicleta, e começou o tópico: "boa noite senhores e senhoritas", ou algo do gênero.

Só nessa frase já existe um preconceito bem enraizado, onde a mulher só é tida como senhora depois de casada, já os homens são senhores desde o início da vida adulta. Foi com educação que ele escreveu ? Claro! Mas tem algo por trás disso que muitos nem percebem. Há quem não perceba, outros acham frescura. Não cabe a nós julgarmos, certo ? 

São esses pequenos detalhes que valem a pena revisar na nossa bagagem, pra irmos evoluindo como seres humanos dia após dia.

@Alice.V é incrível em todos os seus tópicos!

preconceito sim eh extrema burrice
e todos temos
entao todos temos de tentar evoluir

Legal a gente expandir esse conceito. O que é preconceito para você (o que te faz subir a guarda)?

Para mim, é pensar que outro ser humano de forma inata seja menos merecedor de algo que eu. Pela característica inata. A partir daí vem tudo

Pode ser religioso e não ser preconceituoso. Pode ser político e não ser preconceituoso, pode ser o que for. O problema sempre está no ego. Luta diária

Tinha escrito um monte. Mas acho que não vale a pena. Pode ser só preconceito meu.

Excelente post @Alice.V Obrigado pela oportunidade de refletir sobre isso.

Senhorita @Alice.V   como de costume, muito sábia.

@Alice.V acho que todo mundo vai sair diferente dessa. Esperemos que mais sábios, né? Obrigado mais uma vez pelo tópico e pela contribuição em geral aqui no site. 

@Alice.V sempre com a direção bem apurada, sinalizando um caminho que vale a pena ser vivido. Muito bom.

Pra mim o preconceito tem a mesma raiz da violência. Simplesmente a pura sensação de poder.

Alguns homens, para se sentir melhor que o seu semelhante, precisam da violência e preconceitos. Assim ele consegue se sentir em uma casta superior, em uma relação de dominador e dominado.

Também tem a questão de sentimento de "fazer parte da um grupo", de ter uma identidade. O preconceituoso geralmente se identifica com outros, que formam grupos, e isso fortalece a sua visão de mundo. Por isso os racistas se juntam em grupos ou facções que compartilham o mesmo ideal.

Preconceito é um instrumento humano sONcial para separar o que eu sou (lado bom e superior) do que eles são (lado ruim e inferior).

@brunogoncalves, depois de escrever, eu fui reler as postagens. Vi que eu estava destoando, que não tentava justificar e sim identificar o que era. Mas eu quis ver o desenrolar do tópico, e havia salvado o que tinha escrito. Do mesmo modo que você, aceitei a pergunta do @truthhunter, e tentei responder de maneira genérica o que é preconceito. Se puderem ajudar a completar, corrigir, discordar, fiquem a vontade. Meu interesse aqui é na reflexão. Além disso, acho que  ao fazer isso. cada um de nós pode tentar entender qual é o nosso tipo de preconceito. Dar um passo na direção de abrir a porta por dentro, como se diz aqui no site. Acho que existe sim algum conceito de preconceito que possa nos ajudar.

Entendo que preconceito seja julgar desnecessariamente. Mas não o julgamento racional, esclarecido, direcionado a situações que precisam de decisão. É quando acredito que a minha régua é a mais correta do Universo. É o julgamento das pessoas baseado em uma visão pessoal, sem entender a realidade, a revelia dos fatos, e em geral, desnecessário, sem estar em posição onde se tem obrigação de julgar. Faz-se só para nos sentirmos superiores. Faz-se por que se pode. Não nos colocamos no lugar do outro. Não tendo empatia. E pode ser bem nocivo, quando a pessoa tem de julgar cotidianamente, e deixa seu trabalho ser contaminado por preconceitos.

Todos nós fazemos isso. Mas saber disso dá oportunidade de mudar, de reparar.

Preconceito turva a visão, nos leva a grandes erros. A luta é diária aqui em casa para tentamos evitar reprodução de preconceitos na educação dos filhos. E percebemos que os filhos nos ajudam nisso. Não tem jeito de tentar educá-los sem nos educarmos, sem abrir a mente, sem refletir sobre a própria vida.

Para mim é isso, espero que tenha ajudado a construir. Parar para pensar nisso sempre ajuda.

Obrigado @Alice.V por iniciar essa discussão, tão importante.

@O.Sardinhao

Que bom que você salvou seu escrito, e respondeu à pergunta do @truthhunter de forma esclarecedora.

Eu partilho da sua definição, é um julgamento a priori e danoso, à revelia dos fatos. Erro de julgamento causado ou por uma espécie de preguiça mental (aqui uso a expressão “preguiça mental” como um shortcut da pesquisas de Daniel Kahneman no livro Rápido e Devagar), ou por consequência do peso da história, de medos ancestrais.  E quando digo danoso, me refiro não apenas ao dano evidente para quem é alvo do preconceito, mas também para o dano para a pessoa que prejulga, na medida que a torna apartada do mundo e reduzida em seu potencial de crescimento.

Legal você lembrar da educação dos filhos. Eles estão crescendo em uma era em que a questão de comportamentos preconceituosos adquire uma dimensão importantíssima de adequação à realidade.

Esse tema tem muitos desdobramentos, inclusive em linguística, usos de pronomes, etc., uma área movediça em que frequentemente o bom senso é atropelado por hipercorreção, o que é compreensível dado que as mudanças na linguagem acompanham em tempo real a mudança do tal zeitgeist.

Obrigada pelas boas palavras, e principalmente, obrigada a todos que embarcaram nessa jornada de reflexão, seja em silencio ou compartilhando.

Normalmente a gente pensa o preconceito como negativo do outro, subvaloração da alteridade ou mesmo desconsideração absoluta de sua qualidade de outro ser.

Mas o preconceito é uma faca de dois legumes. Se no primeiro caso sofre o julgado, nesse caso sofre quem julga. Os melhores golpistas costumam usar os melhores ternos.