Prezados,
O material do site é de um valor inestimável. Dele, destaco as postagens dos assinantes, que geram um conhecimento contínuo, pois até as postagens de rolo são respondidas com inúmeros ensinamentos.
Resolvi, então, compartilhar minha experiência. O texto é longo, mas, se ajudar uma pessoa a clarear a visão, já acho que valeu a pena.
Em agosto de 2011, comprei um apartamento na planta. Antes de continuar, é preciso esclarecer que este foi apenas um ato em um contexto de total desconhecimento financeiro (e da vida, de uma maneira geral). Anos antes, havia passado em um concurso público e, de uma renda de R$ 0, sustentado 100% pelos pais, passei a ganhar mensalmente mais de 20 salários mínimos. Conseguia gastar tudo e ainda faltava. Estava naquela de viver a vida e que dinheiro não se leva para o caixão. Não fiz sardinhagem em investimento, porque nunca investi um centavo. A ideia de bolsa me causava repulsa só de imaginar ter de passar horas olhando para três monitores e ter conhecimentos aprofundados de temas que não me interessavam (era assim que enxergava o mercado de ações). Para completar, as pessoas “mais controladas” que estavam perto de mim eram verdadeiros miseráveis (daqueles de fazer questão por centavos em conta de mesa de bar/restaurante e de passar sufoco porque não quer comprar as coisas de que necessitam). Isso só reforçava minha ideia de torrar tudo.
Diante desse cenário, é plenamente compreensível que eu tenha tido a ideia de “investir” comprando um imóvel na planta, “para pagar o equivalente ao aluguel em uma coisa que seria minha”. Naquela ocasião, os preços dos imóveis não paravam de subir, sobretudo nas cidades que seriam sede da Copa do Mundo/2014, que era o caso da cidade em que localizava o imóvel a ser adquirido.
Pois bem. Para não citar valores que envolveram o apartamento, fiz uma proporção, que foi obedecida rigorosamente ao longo dessa postagem para facilitar o entendimento daqueles que se interessarem por este aspecto. Vamos convencionar que o negócio do apartamento envolveu R$ 100.00,00 (não foi um milhão, pessoal... não estava doido assim).
Em janeiro de 2012, quando fui transferido para cidade do imóvel adquirido (isso mesmo! Comprei o imóvel sem conhecer direito a cidade e sem conhecer a rua ou o bairro de onde ele se localizava), aluguei um apartamento por R$ 289,00 (lembrar que é valor proporcional com o valor fictício do imóvel). Na época, a prestação da entrada do imóvel era de R$ 817,56, quase três vezes mais. Como o imóvel era na planta, paguei prestação e aluguel por, exatos, 35 meses. Se tivesse ficado só nisso, o ferro já teria sido grande, mas era só o começo.
Quando as chaves foram disponibilizadas (janeiro de 2014), havia pago R$ 33.409,71. Se o negócio foi fechado em R$ 100.00,00, eu deveria financiar pelo banco o saldo devedor de R$ 66.590,29, certo? Errado! Eles atualizaram o saldo devedor pelo INCC (que era astronômico na época), mas não atualizaram os valores que eu havia pago. Resultado é que tive de financiar R$ 85.833,00. Metade do valor que havia pago simplesmente tinha virado pó.
Fiz o financiamento pela CAIXA (tem coisa pior?) em 360 meses e em prestações decrescentes (aquela que engana desavisado, que acha que é uma grande vantagem). A primeira, em dezembro de 2014, foi de R$ 851,19 e estava pagando R$ 346,80 de aluguel (relembro que são valores proporcionais). O apartamento era maior e melhor, mas eu era solteiro e não precisa de absolutamente nada do que em tese foi melhorado. Ainda por cima, era mais mal localizado e mais longe do trabalho. Fiquei uns dois meses providenciando cortinas, boxes, armários, ar condicionado etc. Gastei uma fortuna e levei muito tempo para ter um conforto parecido com o que tinha no apartamento anterior alugado.
Em 2018, surgiu aquela “grande oportunidade” de previdência complementar do servidor público. Sempre me mantive afastado de previdência privada, mas pelos motivos errados, já que, na minha cabeça, eu teria direito a uma aposentadoria equivalente ao salário (olhem o grau de ilusão do cidadão). Quando instituíram a FUNPRESP, a ficha caiu e comecei a me interessar pela ideia de acumular patrimônio. Comprei renda fixa e comecei a investir em FIIs por indicação. Tive muita dificuldade de fazer o IR do ano seguinte e aí conheci a Bastter.com (abril de 2019). As melhorias em outros aspectos da minha vida ficarão para outro post. Vamos ficar só no financiamento do apartamento para não ficar cansativo.
O conteúdo do site me interessou bastante e assinei imediatamente. Passava muito tempo no site, porque gostava, entre outras coisas, das respostas diretas dos moderadores. Mesmo com todo aquele conteúdo disponível, continuava investindo com dívida. Nessa época, eu tinha pago 54 prestações do financiamento com a CAIXA, totalizando R$ 47.329,83 pagos (mais da metade do valor total financiado, de R$ 85.833,00). E o saldo devedor era nada menos que R$ 76.364,48.
Em agosto de 2019, resolvi fazer uma amortização, de tanto o conteúdo do site martelar na minha cabeça. Naquele mês, a prestação foi de R$ 772,02, amortizou no saldo devedor a quantia de R$ 251,09 e reduziu, obviamente, um mês do financiamento. Minha amortização de teste foi de R$ 289,00 e abateu R$ 287,40. Prestem atenção nisso: minha amortização foi 2,5 vezes menor que a prestação e abateu mais do saldo devedor. E o melhor: ficaram três prestações a menos. Vi na prática o que era comprar tempo.
Naquele mesmo mês, fiz uma amortização maior, de R$ 1.011,50, que abateu R$ 1.008,32 do saldo devedor e reduziu 12 prestações (um ano de tempo adquirido).
Finalmente enxerguei o óbvio: a amortização abatia quase tudo do saldo devedor, enquanto a prestação servia, na sua maior parte, para abater juros, que só incidiam por causa do tempo de financiamento que restava.
Após ver a prática dos ensinamentos, liquidei os investimentos, formei uma reserva de emergência robusta e passei a usar todo o dinheiro que sobrava para amortizar o saldo devedor do empréstimo.
Neste mês, finalmente, liquidei o financiamento.

No total, gastei R$ 167.456,65 (o negócio foi R$ 100.000,00). O apartamento vale hoje em torno de R$ 130.000,00. Dos 360 meses previstos, consegui liquidar em 79. Ou seja, derrubei 281 prestações meses em 25 meses.
Prejuízo financeiro e falta de paz são, o que, para mim, definem financiamento. É impressionante o efeito dos juros no longo prazo. Muitas pessoas têm o mérito de entender isso sem grandes prejuízos, mas, no meu caso, foi preciso sentir na pele o efeito dessa bola de neve.
Apesar disso, vejo que tenho muita sorte, pois comprei algo que não existia, sem saber nem onde era e acabei recebendo um apartamento razoável, onde moro atualmente com minha família. Não faltam exemplos de desfechos bem piores, como é relatado aqui com certa frequência.
Mas sorte mesmo eu tive por ter conhecido a Bastter.com, este verdadeiro oásis no meio desse deserto que vive de vender ilusão para gente que quer alcançar objetivos sem esforços. Tenho ainda muito o que aprender e vou continuar me esforçando, contando com a ajuda dessa comunidade.
Muito obrigado a todos! Sem vocês, não teria acontecido!
Obs: além de não ter mais dívida, vou finalmente encerrar minha conta na CAIXA, que era mantida por causa do empréstimo. Essa é que deu dor de cabeça mesmo...