Esse fim de semana fui numa ecovila famosa em Goiás conhecer o seu projeto e, em especial, as soluções baseadas na natureza que levaram uma antiga área degradada de uma fazenda a recuperar biodiversidade pela ocupação de própria ecovila, o que me interessou por ser contra-intuitivo. Além dessa parte técnica, outra coisa muito legal foi conhecer a turma por trás do projeto.
Uma figura interessante é o dono da fazenda, que se considera uma espécie de mecenas de experiências de sustentabilidade.
Ele está com 83 anos e é neto de um famoso multimilionário brasileiro, que ficou conhecido como último Rei do Café (tendo inclusive inspirado um personagem famoso das novelas brasileiras).
Segundo ele mesmo, ele havia comprado a fazenda pra produzir café e soja e continuar a saga familiar, até que perdeu de maneira trágica uma filha adolescente. Essa perda o fez rever a importância de dinheiro e do trabalho e o fez mudar sua relação com o tempo, com o família e com o dinheiro.
A tragédia o fez ver que foi um erro ter priorizado trabalho e dinheiro (coisa que ele já tinha em abundância) em vez de ter passado mais tempo com a filha que ele perdeu e dinheiro nenhum poderia recuperar. Ele criou toda uma Cleiton conceitual que hoje rege o seus negócios.
Conversando com minha esposa, ponderamos sob o peso de nascer numa família como a dele, especialmente na geração dele, em que os filhos se sentiam na obrigação de superar os pais. E o quanto toda essa tragédia e mudança de vida que ele fez após isso talvez o tenha ajudado a ser feliz e realizado, pois invés de querer superar seu avô lendário que ele dificilmente conseguiria na produção de café, terminou construindo seu próprio desafio com a questão da sustentabilidade e das artes que o faz hoje um jovem de 83 anos, realizado, mas cheio de ideias pra novos projetos.
Bom domingo pra vocês.