Ajuda com carreira médica.
comentada em 21/08/2021 23:14

Me desculpe mas... bem vindo à profissão médica no Brasil. Sempre vai ser assim, não vai melhorar e a perspectiva é apenas de piora.

Grande parte do que acontece hoje é resultado da canalhice de muita gente sem vergonha, que fez fortuna com coisas ilegais. Isso, pelo menos, está extinguindo. Tem MUITA gente na medicina com problemas sérios em conceitos éticos básicos...

Como emergencista passo pela mesma coisa que você... desânimo com as condições de trabalho, colegas roubando um ao outro, colega quebrando mão, colega passando a perna no outro, operadoras massacrando uma medicina boa para o paciente em nome do corte de gastos e jogando a responsa nos médicos:

"Não pode pedir o exame!". "Xí deu merda, a culpa é do médico pois o exame estava ali, era só ele pedir".

O que eu faço?

Resiliência mental. Enxergo que é uma profissão bonita, que eu ajudo gente que precisa pra caralho de apoio nos momentos mais difíceis, sinto que estou no lugar certo e na hora certa porque eu faço a diferença de verdade na vida de quem eu cuido. Eu me aperfeiçoo tecnicamente cada dia mais, sou cada dia melhor em tudo que eu faço. 
Se você for muito bom no que você faz, você terá paz e felicidade. Você será reconhecido na terra pelos seus pares e pelos seus pacientes, como diz o nosso juramento. Esqueça dinheiro, às vezes é melhor ganhar menos e ter mais qualidade do que o oposto. 

E faça as contas. Veja o quanto compensa pra você exercer a profissão.
Eu tenho na cabeça um numero mágico à partir do qual eu me recuso à exercer minha profissão. Se for pra ganhar menos do que X por hora de plantão, fico na minha casa.


Provavelmente em menos de 1-2 décadas eu deixarei de ser médico com a queda na remuneração, que virá. Ate lá, meu plano é conseguir fazer outras coisas em que eu seja melhor, que eu sinta que valha a pena gastar meu tempo, que gerará valor pra sociedade.

Fico com medo do que farão os recém formados com financiamentos milionários, formação absurdamente ruim e a corda no pescoço. Porém, vejo que não é problema meu e que cada um arque com a escolha que fez (por exemplo, não estudar o mínimo para conseguir entrar numa federal).

@Rincewind amigo, a medicina tá tão ruim assim?

Não sou da área, não entendo nada, mas estou ficando assustado com o tópico, se a situação estiver nesse nível mesmo...

@karmann sim.

Quem está saindo ou ainda vai sair com um financiamento milionário da faculdade achando que medicina é dinheiro aagarantido vai ter uma triste surpresa

Sábias palavras do @Rincewind
Isso aí: seja cada dia melhor 


@Luiz47

Entendo sua angústia.
Mas na boa, só agora vc descobriu q o Brasil não investe em saúde?
Sempre gostei de terapia intensiva, mas aos poucos fui largando. Investi mais no consultório. Não me arrependo. 
O consultório vai melhorar sua qualidade de vida. 
Quanto mais sua renda depender de hospital, mais terá de se submeter a essa medicina aí q o @Rincewind falou
E não mexa com gestão de serviço público, ainda mais compras....

Entre nas batalhas certas senão vc vai ficar doente. Se o hospital não fornece os itens mínimos necessários, é seu dever ético informar formalmente ao diretor técnico do hospital que providencie-os. Na eventual falta de um equipamento e eventual óbito de algum paciente você poderá ser responsabilizado. Quando é criança, pior ainda. As ações de erro Médico estão bombando e crescendo a cada dia. Cuidado onde os colegas Médicos trabalham. 

Spec é vc?!?!?

se sim já parou com day trade? Algoritmos de investimentos e alavancagem?


se não desconsiderar essa mensagem.

forte abraço 

Não é só a medicina que está piorando e a remuneração vai baixar...

Praricamente TODAS. Engenharias, Fisioterapia, Odonto, o que falar de Direito então. 

Claro que bons profissionais vão se sobressair. 

Contudo, medicina vai continuar proporcionalmente um patamar acima das outras profissões no quesito $$$.

A diferença é que os colegas das outras profissões não saem com um financiamento milionário. 

Não, não é apenas na área médica.

Os cortes de custo, a má gestão, os burros em cima da árvore (aquele gestor que você olha para cima e não entende como chegou lá).... Cara, estão em todos os lugares.

Não se corrompa. Siga fazendo o correto aos poucos. Dê o bom exemplo.

Tenho certeza de que nesse hospital há boas pessoas que foram "estragadas" pelo sistema. Mas se você der o exemplo, um dia ou outro, elas te apoiarão.

A mudança para melhor é lenta e constante. Não tenha a arrowgansa de achar que vai mudar tudo em duas semanas, isso não vai acontecer.

Como saída, defina um ponto de ruptura. Aquele limite que você não vai ultrapassar. Se ele for atingido, pode ir trabalhar de outra maneira com a paz de que tentou fazer o correto enquanto pôde.

Esse tópico também está servindo a mim, que mesmo em uma realidade diferente, enfrento problemas semelhantes.

Boa sorte!!

Respira...
Agradeça pelo que já tens.
O primeiro passo já deste em reconhecer a arrowgansa do ego...
Foca naquilo que consegues mudar. A realidade externa vc não consegue, mas consegue mudar a maneira que interpreta ela.
Esquece os outros, faz o melhor que puder com o que tens disponível. Se o esquema de trabalho está te sobrecarregando pq não dar um tempo, focar na clínica?

@Luiz47 saí de grandes centros. Fui para interior como oncologista. Queria melhorar as coisas. Já sabia que os serviços eram péssimos. Mas fui para minha cidade natal. Fui para perto da minha família. Dez anos após só tomei porrada das empresas e colegas locais. Montei serviço junto à um hospital e tomei calote e parou na justiça. Hoje me mantenho na cidade por causa da família e da facilidade em criar meus filhos. Desistir de ser rico e ganhar muito com a medicina o que me trouxe muita paz. Desistir também de mudar o mundo. Faço meu melhor ainda sugiro mudanças mas me envolvo bem menos. Estou muito feliz mas mudei foco para familia e saúde.  Pais filhos e esposa. Resumindo acho que não deva morar longe de algo como familia e amigos só pelo trabalho. Abraços e boa sorte

Ganhar muito ou pouco e apenas questao de ponto de vista, de benchmark, hehehe. Se vc compara com alguns que ganham mais vc ganha pouco se comparara com os que ganham menos ganha muito. No caso de medicina é disparada a profissão liberal que paga melhor, que tem mais emprego disponível. Se tá ruim para os médicos no interior imã Gina para os dentistas, fisioterapeutas, enfermeiros…

@Luiz47 tudo se resume a aceitar isso
ai sua vida fica mais facil



Nada vai melhorarbastter.com16 posts

postado por @Sentinella em 07/08/2021 07:32

JOEL3 rapaz, nao sei se falou em tom de ironia, mas conheco uns 3 porteiros muito mas muito mais felizes que meu clinico.. A vida é isso ai..

Há aí muita matéria de que tratar..


O bom brâmane, de Voltaire

Numa das minhas viagens, conheci um velho brâmane, homem cheio de espírito, muito sábio e não menos douto. Era, além de tudo, rico, e isso tornava-o ainda mais sábio: pois, não lhe faltando nada, não sentia a necessidade de enganar ninguém. Sua família era regida por três lindas mulheres, que por ele se desfaziam em carinhos. E, quando não lhe agradava estar com elas, ele se punha a filosofar.


Perto de sua casa, que era bonita, ornada e rodeada de encantadores jardins, morava uma velha indiana: carola, imbecil e bastante pobre.



Disse-me o brâmane um dia:

— Gostaria de nunca ter nascido. — Perguntei-lhe por quê. A sua resposta: — Há quarenta anos venho estudando, e foram quarenta anos perdidos. Ensino aos outros, e eu mesmo tudo ignoro. Esta situação enche minha alma de tanta humilhação e tanto desgosto que a vida me é insuportável. Eu nasci, eu vivo no tempo, mas não sei o que é o tempo. Sei que estou num ponto entre duas eternidades, como dizem os nossos sábios, e não faço ideia do que seja a eternidade. Sou composto de matéria; eu penso; porém, nunca pude asseverar-me quanto ao que produz os meus pensamentos. Chego a ignorar se o meu entendimento é uma simples faculdade, inerente a mim, como caminhar ou digerir, e se penso com a cabeça como seguro com as mãos. Não somente desconheço o princípio dos meus pensamentos, como também o princípio dos meus movimentos: eu não sei por que existo. Contudo, todos os dias, sou questionado a respeito de todos esses pontos: é preciso dar uma resposta. Não tenho nada a dizer. Eu falo muito; e fico confuso e sinto vergonha de mim mesmo quando acabo de falar.



— E é ainda pior quando me perguntam se Brahma foi gerado de Vishnu, ou se são eternos os dois. Deus é testemunha de que não sei nada sobre o assunto, e isso fica evidente nas minhas respostas. Dizem eles: “Ah, reverendo, explique-nos de que forma o mal inunda toda a Terra!” Fico tão aflito quanto os que me fizeram a pergunta: às vezes, respondo-lhes que este mundo é o melhor possível. Mas aqueles que foram arruinados e mutilados durante a guerra não acreditam nisso — muito menos eu. Volto para casa oprimido pela minha curiosidade, pela minha ignorância. Leio os nossos antigos livros; eles só redobram minhas trevas. Converso com os meus companheiros: alguns me respondem que é necessário gozar a vida e rir-se dos homens; já outros acreditam saber alguma coisa e acabam perdendo-se em ideias extravagantes. Tudo só faz aumentar este doloroso sentimento em mim. Em certas ocasiões, sinto que estou prestes a cair em desespero, quando penso que, depois de tantos estudos, não sei nem de onde venho, nem o que sou, nem para onde irei, nem o que será de mim.

O estado daquele bom homem inspirou-me profunda pena: não havia pessoa tão razoável e de tão boa-fé quanto ele. Pareceu-me que, quanto mais luzes tinha ele em seu entendimento e mais sensibilidade no coração, maior era a sua infelicidade.

No mesmo dia, encontrei a velha senhora que morava naquela vizinhança. Perguntei-lhe se alguma vez ela se afligira por não saber como era feita sua alma. Ela não entendeu a minha pergunta: jamais tinha meditado, por um momento que fosse, sobre nenhum daqueles pontos que atormentavam o meu brâmane. Ela acreditava sem mais nas metamorfoses de Vishnu e, contanto que pudesse lavar-se nas águas do Ganges de vez em quando, podia julgar-se a mulher mais feliz do mundo.



Muito surpreso com a felicidade daquela pobre criatura, retornei à casa do meu filósofo, dizendo-lhe:

— Você não se sente envergonhado de ser infeliz enquanto aí, em frente à sua porta, há um velho autômato que não pensa em nada e vive contente?

— Tem razão, respondeu. Eu já pensei muitas vezes que seria feliz se fosse tão tolo quanto essa minha vizinha. E, no entanto, não é o tipo de felicidade que desejo.

Aquela resposta do meu brâmane impressionou-me mais que tudo. Examinei-me a mim mesmo e percebi que, de fato, também eu não desejaria a felicidade com a condição de ser imbecil.

Eu propus a coisa a alguns filósofos, e eles concordaram comigo. Dizia-lhes eu: “Existe, porém, uma contradição tremenda nessa maneira de pensar: pois, no fundo, de que se trata? De ser feliz. Que importa ter espírito ou ser tolo? E há bem mais: os que estão felizes consigo estão bem certos da sua felicidade; os que raciocinam não têm tanta certeza de que o seu raciocínio seja o correto.” E continuei: “Logo, está muito claro que seria melhor não ter o senso comum, ainda que este senso comum contribuísse bem pouco para o nosso mal-estar.” Todos foram da mesma opinião. E, no entanto, não encontrei ninguém que quisesse aceitar o escambo da imbecilidade para tornar-se um homem feliz. Donde concluí que, se fazemos questão da felicidade, fazemos muito mais questão da razão.

Porém, depois de ter refletido mais naquele ponto, parece que preferir a razão à felicidade é algo muito insensato. Então, como é possível explicar essa contradição? Como todas as outras. Há aí muita matéria de que tratar.

Eu queria um trabalho que pagasse bem, só tivesse colegas legais e não precisasse de formação. E que tivesse horários flexível para entrar mas marcado para sair.
Pois é, toda profissão tem suas alegrias e seus dissabores.
Aí eu lembro do Marshall, da patrulha canina: "do my best, forget the rest"
Faça o melhor que puder onde está, aproveite as vantagens que tem e lide o melhor possível com as dificuldades. Todo trabalho tem dificuldades!

@Luiz47 minha mãe é pediatra e teve uma trajetória parecida com a que vc está construindo. A minha interpretação da história dela lutando contra moinhos de vento é muito boa. Essa foi a história profissional dela. Colocava as vezes dinheiro do próprio salário para melhorar as condições, comprou brigas com políticos bandidos (inclusive um governador/senador que foi preso) e obviamente não mudou o mundo. Acho q ela poderia ter se cuidado mais, trabalhado menos, mas essa foi a trajetória dela, por conseguinte a vida dela. Tenho mto orgulho do que ela fez.

@Rincewind sou anestesista e concordo plenamente contigo. 
Em um mundo lindo e mágico, notificar os gestores quando falta material ou quando uma técnica de enfermagem erra a medicação do paciente é lindo, na prática o seu emprego  depende de baixar a cabeça e aceitar o que tem. Reclamou, é posto para fora. Tem mais 200 médicos na fila pra entrar no hospital por menos. Chega em outro lugar, mesma coisa. Nada pode atrapalhar/manchar o balanço perfeito da gestão do hospital frente as acreditações. Trabalho em 6 hospitais e TODOS são assim. 
Lembro sempre do filme "terminal" quando o indiano faxineiro do aeroporto explica o porquê conseguiu ficar tanto tempo ilegal nos EUA. Ele responde: " enquanto eu mantiver minha cabeça baixa e meu chão limpo, ninguém vai nem saber que eu existo". 
Galera não tem noção do que está a formação médica e, pior ainda, formação técnica. Aquela pessoa que injeta uma medicação no doente seguindo a prescrição do médico. 
Maioria mal sabe ler e interpretar, casos de mortes "inexplicaveis" no andar após a cirurgia estão cheios. No bloco eu vejo o porquê. É agua destilada no lugar do soro. É heparina no lugar de ocitocina. É solução de cardioplegia no lugar de Dramin!! . EU JA VI ISSO quando pedi essas medicações e recebi outras da farmácia e já vi quando fui atender paradas na sala de recuperação. 
A má medicina sai cara, principalmente para o paciente. Mas pra quem paga o plano, está tudo lá: corredores de mármore, tvs de ultima geração, hotelaria top. 

Dificilmente existam profissões onde não há frustração, indignação, senso de impotência, etc, e acredito que as profissões que lidam diretamente com vidas como a área de saúde e segurança possuem fatores adicionais de estresse, porém o lado positivo da medicina é ter remuneração bastante superior a do cidadão comum.

Há quem sabe a expectativa de um salário ainda muito maior, talvez venha daí uma decepção do médico.

Sempre tem a opção de largar a profissão e montar um site...

postado por @Rincewind em 07/08/2021 02:54



Grande parte do que acontece hoje é resultado da canalhice de muita gente sem vergonha, que fez fortuna com coisas ilegais. Isso, pelo menos, está extinguindo. 

@Rincewind

Suiçabastter.com110 posts

Pessoal, vamos manter o foco na discussao do topico
e esta briguinha paralela inutil usem o facebook

obrigado

Boa tarde. Entendo que as situações de cada um podem variar. Porém um dos principais problemas que vejo com alguns colegas são as perspectivas, que são muito altas. Muitos formam com muito estudo e dedicação, quando ganham o diploma estão certos que se fizerem a mesma coisa durante a vida vão ser ricos e cheio de puxa sacos igual aos diretores e professores de destaque. Porém na prática a vida é um pouco mais complicada. Não é pq vc é um bom aluno, organizado e  "bonzinho" que alguém te deve algo. Além de saber lidar com as pessoas que estão acima, abaixo e ao lado, precisam saber das incertezas do trabalho, das limitações financeiras da nossa realidade, concorrência e a necessidade de fazer coisas que não gostam em horários que não são legais.
Observo uma epidemia de reclamação, reclamam dos pacientes, dos convênios, enfermeiros, condições de trabalho, gestores e tudo.

Não estou dirigindo este texto a ninguém, mas me marcou muito a frase do tiririca e seneca fala algo do tipo. Uma vez tentei fugir de mim, mas onde eu ia eu tava.

 

Obrigado pelas respostas pessoal.
Realmente não ta fácil mas acho que é como o bastter falou...melhorar a mim mesmo sempre...e baixar a cabeça e não ser notado.
Na tentativa de melhorar as coisas eu estou perdendo noites de sono e qualidade de vida de preocupação com os pacientes (na cidade grande eu não tinha essas preocupações porque trabalhava em esquema de plantão...terminava eu vazava).
Com certeza vai dar pra sintetizar tudo que li aqui e tocar bonde. Abraço a todos.

Somos uma nação pobre.
Não temos dinheiro para comprar tudo que queremos.
A renda per capita do Brasil é muito inferior à dos países desenvolvidos.
 
Corrupção existe em todos os lugares.
É característica das sociedades humanas.
Quem dúvida, que converse sobre o assunto com um cidadão de qualquer país.
 
Durante muitos anos, nossos gestores de saúde vêm investindo em atendimento básico.
Assim, não teremos dinheiro para todos os caríssimos atendimentos terciários e de medicina especializada.
 
Porque somos pobres e o cobertor é curto.
E o poço da saúde não tem fundo.
 
Os administradores também tem seus problemas com o financiamento público e privado.
Não é fácil para eles também.
Nunca foi.
 
Vejo que o pouco dinheiro que sobra, muitas vezes não é investido onde acho que deveria.
Mas sei que isso é só o meu EGO (inflado assim mesmo).
Quem sou eu para dizer que o meu problema é mais importante que o dos outros?
 
Como poderia eu achar que tenho capacidade de perceber todas as necessidades das pessoas, computá-las, ordená-las por prioridades, comunicar efetivamente os resultados, e orientar o uso do dinheiro em algo tão complexo como uma sociedade humana?
 
Ninguém consegue isso.
A discussão é inevitável e nunca termina e não vale a pena.
Não tenho ídolos nem ilusões.
 
Aprendi aqui na Bastter que o que posso fazer é trabalhar mais e melhor para aumentar a riqueza do meu país.
Que cuidar de mim, do meu trabalho e da minha família é a melhor contribuição que posso dar para a comunidade.
Que parar de reclamar e agradecer melhora minhas relações.
E que se todo mundo fizesse isso, viveríamos em um país melhor do que já é. 

Nossos problemas não são exclusividade nossa.
Dividimos o fardo de melhorar nossas vidas e nosso trabalho todos os dias.

Todos os dias.
Nunca termina.
 
Não importa onde vivemos.
Nunca termina.

############ 

PS:  sou anestesista e vivo, há vinte e oito anos, em uma cidade pequena.

Respire. Agradeça pela ótima profissão que tens. Aumente a carga horária de atividades físicas. Interior tem suas qualidades também, foque nelas. Seja paciente com as condições públicas que lhe são oferecidas, faça o melhor que puder com elas, sem peso na consciência. A mudança muitas vezes é inevitável e boa, pense nela, devagar, mas pense. Boa sorte e bom trabalho, amigo.

Coloque tudo na balança 
provavelmente ainda tem mais coisa boa que ruim 
faça seu melhor, siga em frente seja lá qual caminho for 

sou hemodinamicista , formado em sao paulo capital, com grandes instituicoes de primeiro mundo
voltei para minha cidade natal, interior do parana, preciso andar na corda bamba, cuidar com o que fala e com oq pensa... medicina é uma máfia, principalmente no interior onde fica tudo mais claro... ninguém quer saber se sua formação é boa e se voce é um cara bom....um monte de médico antigo com seus egos inflados atrasando a evolução local para se manter na situação.

comento com meus amigos que não são médicos, a medicina talvez seja a única profissão que para você se manter no topo, não precisa manter a qualidade do serviço... pelo menos no interior, vc se mantem no topo na base de esquema, contatos e máfia.

triste

Se voce estiver cercado de mediocres e fizer seu trabalho melhor do que eles, voce vai tomar porrada e tentarao de destruir ou afastar o mais rapido possivel. E uma bolha negativa. 

Se voce estiver cercado de pessoas brilhantes, a sua competencia nao vai causar medo nelas e ser parte da equipe delas sera reconhecido como util para elas. Elas vao te jogar pra cima. E uma bolha positiva.

Tudo tem limites. Se voce ameacar o chair brilhante vai tomar porrada tambem. Mas isto e algo improvavel, porque ser o chair requer hardware, software, politica e tempo.

O cenario profissional mais agradavel seria  estar cercado de pessoas competentes e que nao se sentem amecadas por voce. Este e o mais agradavel. Nao o com maiores chances de crescimento. Se voce foi para o interior ou voce quis quebrar a banca (e dai e na porrada)  ou voce queria focar na vida fora do trabalho, familia, etc.  Talvez voce esteja esquecendo do teu foco incial e esteja querendo o melhor de dois mundos.. Dai nao da. A vida e feita de escolhas e consequencias. O futuro que voce ia ter na cidade grande foi evaporado. A pessoa que havia na sua mente projetada no futuro morreu. Vele, enterre, vire a pagina e abrace o admiravel mundo novo.. Porque uma pessoa nova esta nascendo no futuro. 

Em terra de cego, quem tem um olho acaba tendo o olho arrancado.

Foi para o interior,  chega andando na sombra,  se colocando à disposição,  vendo até aonde pode ir.  Médico de maneira geral é um sujeito de muito ego, que não aceita nada diferente do que ele quer.  Não dá pra ser assim sempre.  E tomar na cabeça faz parte do crescimento.  

Expectativa: post em rede sONcial de medicina por amor.

Realidade: ainnn, as operadoras estão me apertando, não tô milionário, me tratam como um funcionário.

@Luiz47 A liberdade mora no consultório particular. Eleve a produtividade ao máximo lá, gere o maior valor possível, faça tudo para ser indicado, não atenda planos de saúde. Suba seus honorários pouco a pouco, crie demanda, aumente os turnos de consultório até ficar lotado.

Depois disso, aí sim pense nos hobbies como trabalhar em hospital, sobreavisos, jogar golfe, ciclismo, etc. Trabalhos nos quais você tem não o menor controle do fluxo financeiro nem do ambiente (hospitalares) são muitas vezes insatisfatórios e incertos. 

@rincewind e @Luiz47 pessoal… Eu acredito que o estado de satisfação mental está muito na sua cabeça. Isso tudo que vcs descreveram é realidade mas ainda uma realidade descrita pelas suas condições mentais.

No meu caso, bastou diversificar os empregos. Meus chefes e nem meus colegas de trabalho não tem condições de me maltratar pois são vários e muito espaçados no tempo. Tenho dificuldades. Existem monstros no meu entorno. Não tenho apoio emocional… mas vou escapando. Pela minha minha Cleiton, cabe ao ser humano se salvar. Busque religiões e Cleitons, mas acredite em você. 

Ontem mesmo um cachorro, o mais perdido do grupo, me agradeceu depois de 02 dias de treinamento. “Agressividade reativa ao medo” se transformou em busca constante de carinho => nunca foi um cachorro mau, mas um cachorro carente: chegaram a pensar em sacrificá-lo.

O ser humano tem plenas condições de salvar sozinho (em sua grande maioria); os animais não tem condições de se salvarem sem ajuda. Eles simplesmente reagem.

Na realidade de muitas criaturas, e para realidade de muitos outros seres humanos, a nossa condição é privilegiada.

@BBRC3
Cara, sempre achei bizarro os colegas fazerem esses posts de medicina por amor. Eu era o chatão da turma, que dizia que isso era hipocrisia
Por outro lado, essa é a minha resposta padrão quando outros colegas dizem: "Caramba, você está completando 60 horas de plantão seguidas!!!". Resposta padrão: "É, medicina por amor...".

O interessante é que o setor de saúde tem muita, muita coisa para se enxugar e muitos desperdícios. O problema é quando você tem a orelha puxada por fazer coisas que apresentam indicação precisa, comprovado em nível de evidência, e mesmo assim a recomendação é não fazer. Porém, se acontecer qualquer coisa a responsabilidade vai ser do médico que não pediu, pois será dito "o recurso estava disponível, ele não usou porque não quis". Enfim, oremos.



Oremosrilakkuma50 posts




 

@laotzu
Sim, não é questão de mimimi. É a constatação de um fato que não poderemos mudar. O que eu faço é isso: condicionamento mental para aceitar essa condição e conseguir fazer isso me sentindo bem. Eu me especializei no que faço, estudo bastante e busco sempre fazer o melhor possível. Fazendo o melhor possível, os resultados são tangíveis e você sente-se bem no trabalho porque é visível (pelo menos na emergência) que seu trabalho gera ganho de valor pro paciente/sociedade.



O problema de ser muito bom é que você acaba ficando em evidência e isso dá uma dor de cotovelo nos outros colegas que assusta. Já me prejudicou muito no passado, mas hoje sinto-me confortável na condição de me quererem no serviço para não ter risco de eu ir pra concorrência.

 

Isso me faz ficar tranquilo que eu não ficarei sem emprego tão cedo e consigo negociar remuneração, coisa que muitos colegas não podem fazer.



A grande decepção disso tudo é que você é ensinado (pelo menos nas faculdades sérias, no meu caso eu fiz a melhor do país, então eu considero séria) que você tem que sempre fazer o melhor pro paciente, e toda aquela ladaínha. Porém, quando você se forma você tem duas opções: Ou faz uma medicina sucateada e se sujeita à ser roubado no sus (OAS etc) ou você aceita as pressões de trabalhar numa operadora/convênio/hospital privado. Não tem jeito, o negócio é saber administrar.

Muito boa as respostas.
Realmente estou sintetizando tudo.
Consigo agora enxergar com clareza onde eu estou errando, onde sempre erro e onde estou sendo burro.
@TATA_Box matou a pau.
Eu não tenho concorrência na minha área porque num radar de 200 km não existem pediatras com mão de hospital, quem está incomodado comigo são os gestores e diretores...porque fico incessantemente apontando erros que geram morte por desassistência ou lesões (existe uma estimativa que só de estar internado num hospital a probabilidade de morte é de 15%).
Não tem equipe técnica treinada, e eu não posso fazer tudo nem conseguirei mudar ninguém.
Não tenho com quem partilhar as dificuldades estou literalmente sozinho.
Portanto decidir ir embora e tentar a vida em uma cidade que tenha mais recursos, colegas pra dividir o fardo...e aceitar viver com menos. (Aqui estou ganhando muito bem, mas enfim entendi que dinheiro não é tudo)
Agradeço aos colegas foi de muita valia o tempo de vocês em me ajudar.

Muitos colegas se acostumam a ter um padrão de vida além do que tem condiçoes de arcar com as despesas e isso gera frustrações, dívidas, estresse, carga de trabalho extra e diminução da qualidade do serviço. Lembrar que depois de uma certa carga horária é difícil aumentar os ganhos porque médico ganha vendendo sua hora de trabalho, não tem como fugir disso.  É fundamental reservar tempo para lazer, praticar esportes e família. Quanto à queixa da dificuldade de lidar com os colegas mais antigos da cidade que têm dor de cotovelo quando outro colega começa a se destacar, tem que tomar cuidado, pois depois de um certo tempo é muito fácil se acomodar e se tornar igual.

@Luiz47

Parabéns por ser referência na sua área e local.

SER sempre melhor a cada dia…
TER o que é o possível…

O seu SER permite que você aos poucos vá saindo de coisas ruins e ficando nas melhores. 


Esquece o todo e foca em você: vai melhorar a vida de muita gente! 


Pediatra intensivista salva muitas vidas e famílias! Nobre demais isso! Parabéns.

"existe uma estimativa que só de estar internado num hospital a probabilidade de morte é de 15%"

Deve ser porque as pessoas internadas em hospitais teriam chance ainda maior de morrerem em casa, não?

Aí se pode dizer "a chance de continuar vivo ante uma enfermidade tal, tendo sido internado num hospital, é de xx por cento".

@Charlito não, é porque hospital existe uma questão chamada desassistência ou erro iatrogênico. Alguém pode por exemplo fazer uma medicação errada em vc e te matar, ou você pegar uma bactéria hospitalar multirresistente caso esse hospital não tenha controle do manejo de antibióticos por exemplo.
Por isso é esse percentual de 15% de mortalidade só de estar lá internado independente da doença que você tem.
(Claro que é um percentual geral, a coisa muda de figura ao individualizar o paciente)

Obrigado aos demais que responderam, realmente me ajudaram muito.

Eita, perdi o medo irracional de entrar em hospitais. Agora é só medo racional mesmo.

@Charlito não precisa ter medo...é só ir em bons hospitais, bem geridos, com boa assistência dos gestores.

Queria realmente entender a situação da medicina no Brasil. Quanto ao ambiente de trabalho do colega, nada pode ser acrescentado com relação aos comentários anteriores, porém, não consigo compreender a reclamação dos colegas médicos com relação a remuneração.

 

É duro, é estressante emocionalmente e fisicamente, lida com uma pressão absurda, tem esquema, lida com pessoas em situações das mais diversas, tudo isso eu concordo. Agora o pessoal me dizer que a remuneração é ruim, eu acho um absurdo.

 

"Ah mas sai com uma dívida astronômica da faculdade". Que outra profissão vai pagar 80, 90, 100 e afins por hora trabalhada? "Ah, mas o médico não vive só de plantão"  Ai vai pra consulta particular e recebe 200 300 400. "Ah, mas eu não atendo particular, só pelo plano" ainda assim é muito dinheiro.

 

Não existe praticamente nenhuma outra profissão que absorva a quantidade de profissionais formados hoje, com uma remuneração tão alta. As vezes acho que o pessoal fantasia muita situação...

so um aviso
tem vestibular para medicina duas vezes por ano

Eu não tenho nenhuma aptidão, psicológica ou física, inclusive tenho o maior apreço pela profissão. O que eu não entendo é a reclamação exagerada sobre a remuneração (não sobre as outras situações). 

Assim como tem vestibular pra medicina 2x por ano, tem também pra todas as outras profissões...

@spartann o q eu nao entendi eh se preocupar com o q as pessoas de outras profissao falam ou reclamam

@spartann
Concordo com o @bastter. Se acha que ganha bem, vai lá e faz.
Se acha que ganha muito perto das outras, será que não são as outras que ganham pouco?

Até porque eu emigrarei para os EUA em alguns anos com ZERO de interesse em ser médico lá, porque eu consigo uma remuneração semelhante fazer outros serviços.



E te digo mais... a diferença de 10, 20 reais a hora de um plantão pro outro muda a qualidade dos médicos absurdamente. É a diferença entre ter um cara especialista no que faz e ter um curioso.

Uma dose errada de remédio paga tranquilamente diversos plantões médicos, seja pelo custo da medicação, seja pelas intercorrências.



Me preocupa isso, cada dia formando gente absurdamente despreparada e sendo jogada num sistema que vista diminuir a remuneração pra foçar esse pessoa a trabalhar mais... cometer mais erros... enfim, faz o piloto do avião voar horas e horas à mais para manter a mesma remuneração para você ver o quanto custa um acidente.

@Luiz47 Entendo a tua angústia e acho que o ponto a ser avaliado é se com alguma mudança mais drástica (de cidade, por exemplo) isso te traria mais #PAS sob todos os aspectos (profissional, pessoal, sONcial...), caso isso nao esteja claro pra ti o melhor é ficar no mesmo lugar e focar no que tu podes mudar e contribuir e esquecer o resto, especialmente as atitudes e opiniões dos outros. Sei que isso é difícil no começo mas depois de treinar fica automático. Tu chega, faz o melhor que tu podes e tenta melhorar um pouco mais a cada dia, sem esperar reconhecimento, e repete, repete, repete. Isso tudo sem julgar o que os outros acham, pq esse julgamento só turva tuas ideias e te gera sentimentos ruins, e sentimentos ruim conduzem a pensamentos ruins (já dizia Mestre Toda - O medo leva a raiva, a raiva leva ao ódio, o ódio leva ao sofrimento - rsrsrsrsrs) só foca em contribuir no que poderes. Isso tira um pouco do peso do julgamento das costas e te permite meditar sobre onde precisas fazer algum ajuste.

Nessas situações sempre acho que investir mais tempo no consultório (mesmo que o atendimento hospitalar seja o que mais te encante) pode ser interessante, por ser um ambiente onde tu controlas todas as variáveis, da secretaria a cor das paredes, passando pelo teu atendimento, isso te permite oferecer pro paciente o que tu julgas o melhor atendimento sob todos os aspectos e sem envolvimento de outras pessoas, além de ter liberdade pra fazer todas as alterações que julgares necessárias seja lá quando for.

Espero ter ajudado. Boa sorte e

"Não consigo entender a reclamação dos médicos no Brasil."

Eu médico no Brasil: Gestor me tratava como peão.  ONREVOG achava que eu era um escravo ou sacerdote. Entrar de jaleco no metro apanha da população.  Me matava de trabalhar pra receber uma remuneração decente. Fiz medicina, residencia, subespecialização, pHD, etc etc etc... Fui chamado de trouxa por muita gente. "Devia ter virado funcionario público do judiciário". Aparelhos de hospital tudo marromenos.. Mas eu amo ser médico. É o tesão da minha vida. Cansei e vim pros USA.

Eu médico nos Estados Unidos: Gestores me tratam com respeito enorme, extremo. Minha opiniao muda muita coisa. Entrei no metro de scrubs morrendo de medo e 3 pessoas me pararam para agradecer por estar na linha de frente do Covid (juro por Deus). Trabalho decente e recebo remuneração decente. Tenho tesão de estudar e produzir. Condições TOP de trabalho, tenho tudo que preciso para tratar os paciente. Já algumas vezes me disseram "vocês do Brasil vem super bem preparados, só vem crânio de lá".

Deu pra entender agora? 

Então eu acabei indo pra uma outra cidade, partilhar o serviço com um colega, e a equipe hospitalar se mostrou muito mais preparada e aberta a melhorias. Já tiveram 3 reuniões onde eu expus as necessidades de melhorias e foram atendidas (algumas pouca coisas ainda por comprar). Na reunião compareceram os gestores e diretores e foram bem receptivos.
Essa cidade é mais próxima da capital então a transferência de paciente grave é mais rápido, por via terrestre mesmo. Por enquanto vou ficando vamos ver né...
Vou ganhar bem menos, mas ter mais #PAS.

@Rincewind se não se importar em falar, quais atividades que você tem em mente que tem uma remuneração boa parecida com a de medicina?

Penso em fazer medicina, mas acho que já estou um pouco velho pra isso e teria que parar de trabalhar para estudar, o que é inviável quando tem que sustentar uma família.

O que eu acho legal da medicina é a possibilidade de aliar uma certa liberdade com uma boa remuneração. Não que isso seja fácil de fazer, mas você poder trabalhar por conta própria, ter seu consultório, é uma opção. E médico parece sempre ter demanda. Mesmo que não tenha consultório, você pode trabalhar em mais de um lugar (ter diferentes fontes de renda), o que tb é uma certa liberdade.

Uma coisa que eu tenho parado pra observar é a quantidade de pessoas mais velhas trabalhando em determinadas profissões. Já trabalhei em grande empresa e percebi que quase não se vê cabeça branca (a não ser nos cargos de direção, que é a minoria que chega). A maioria do pessoal que vai ficando mais velho é demitido e dificilmente consegue se realocar. Na medicina, não me parece que idade seja um problema. Pelo contrário, quanto mais experiente seja o médico, tanto melhor.

Acho que é por isso que eu venho pensando cada vez mais em mudar de carreira, para algo mais independente, em que eu não fique na mão de um empregador. A medicina me parece um bom caminho que alia a liberdade com a boa remuneração. Claro que tem outras profissões liberais como dentistas e psicólogos. Ser empreendedor também, mas é mil vezes mais arriscado.

O relato de vocês agora que estão na profissão me deixou em dúvida se realmente é um bom caminho tentar medicina.

@Dogbert
Problema da medicina não é a remuneração ou a liberdade. Pelo contrário, é uma falsa sensação de liberdade.

Porque se você trabalha num hospital e, resolver, de uma semana para outra ir viajar sem avisar e fazer uma baita programação, você pode voltar sem trabalho.
Eu só consigo tirar um FDS livre ou uma semana livre para viajar se eu fizer isso com pelo menos 40 dias de antecedência. Dependendo da especialidade (por exemplo obstetrícia) você pode ficar meses "preso" sem poder viajar.



Então é uma sensação falta. A remuneração é maior devido à forma de contratação. Muito raro médico ter CLT, quase sempre é prestação de serviço. Resumo: teve apendicite? So sorry, 2 meses sem salário pra você. Isso se você não perder seu lugar nesse período.

Muito complicado também para mulheres, bem comum sair para ter o filho e quando volta não ter mais seus plantões (isso falando de trabalho em hospitais, etc).

 

Consultório é complicado, pelos motivos citados (cada vez o pessoal quer pagar menos pra consulta de convênio, cada vez mais cobrança, custo fixo alto para manter um consultório e pacientes particulares são raros).

 

Eu, se não fosse médico, só faria uma única coisa: empreeender. Tem muito risco, tem. Porém as pessoas que trabalham o quanto um médico costuma trabalhar, costumam ter sucesso em seus negócios. Não é fácil mas com certeza é o que eu faria.

@Luiz47

Também sou da turma da medicina e te digo uma palavra que me levou a fazer terapia inclusive.:
onipotência. Vem aquela vontade e impressão que aos poucos vamos fazendo aqui e ali e vamos concertar o mundo: amigo, não vamos.

Como não tem especialista suficiente ai, imagino também que você deva pensar.: se não tiver eu para resolver o caso x, quem vai? Não se cobre tanto. Esse problema não é seu. 20 dias de sobreaviso são é coisa de Deus, by the way. Não dá para carregar o mundo (no caso, o problema do sistema de saúde desta cidade/região nas costas). 

E quando vc perceber que se esforçar e brigar com a , b, e c não vai adiantar, e que o problema vai continuar, vc vai se ver desgastado e frustrado. Isso abala você e sua família. 

Faça a SUA parte. Trate bem o paciente com os recursos que tem. De atenção, seja cuidadoso, estudioso e seus pacientes ficaram felizes e bem atendidos. 

Se onde está você tem que aceitar levar as coisas nas coxas, e as condições de trabalho são muito ruins ou desgastantes (que coloquem inclusive, voce em risco) , caia fora. Converse com sua esposa, eu tenho certeza que ela vai entender (ela quer um marido, não um mártir).

Te digo mais uma coisa: condições ideias e perfeitas infelizmente não existem, nem em hospitais top do Brasil , nem em nenhum lugar (quem já foi atendido nos eua ou europa sabe o que eu estou falando).

E se quando bater aquela raiva da profissão (porque tem hora que dá mesmo...." pq não escolhi trabalhar com profissão onde ninguém morre?'), pense no PORQUÊ você a escolheu. Funciona muito comigo. Embora a medicina de hoje não seja exatamente como a que imaginamos na faculdade, as vezes resgatar o romance, ajuda muito. 

Faça o seu melhor e fica em paz. 

@Dogbert cara se vc ficar pensando em remuneração não faça medicina pq é uma profissão desgastante demais, são 6 anos de faculdade, pelo menos 3 de residência e depois você se joga no mercado sem entender nada direito... Eu agora que estou entendendo um pouquinho de cada tipo de mercado (pq são vários... Sus... Particular... Interior... Cidade grande...) e se vc não AMAR (não adianta gostar... Tem que amar pq não existe meio médico...) você invariavelmente sofrerá.

@A_golden_and_a_lab eu tive a fase de querer largar... Fui pra terapia... Mas nunca tinha tido a experiência do interior... E aqui não dá pra fazer nem o básico... Nem o basiquinho direito... O gestor quer aumentar a complexidade sem aumentar estrutura e sem aumentar equipe capacitada... Eu não posso aspirar tubo... Pegar acesso... Dar banho... Trocar no leito... Vigiar sensor... Prescrever... Examinar... E tudo mais sozinho... A grande verdade é que neste local específico do Brasil a medicina é pior do que nos outros mais ao sul (estou no norte de minas na região da seca...) aqui vigora a politicagem... Tão pouco se fodendo para os médicos. Vim pra cá cheio de vontades achando que ia melhorar as coisas (conheço um médico que meio que inspirei nele... Que melhorou muito as coisas no interior de Goiás... Mas ficou lá 20 anos...) eu simplesmente não tive saúde emocional suficiente pra brigar e bater de frente com gestor... Não nasci pra isso. Oque ferra o Brasil se chama: politicagem. 
Eu meio que sabia disso, mas quis pagar pra ver... Vivendo e aprendendo.

Agora essa fase da luta interna da medicina já passei por isso a tempos graças a Deus etapa vencida na vida... Amo oque faço profundamente.