Olá, pessoal,
primeiro, eu queria agradecer, do fundo do meu coração, a Bastter, por ser essa comunidade tão incrível. Eu me apoiei muito aqui no último ano do meu doutorado pra conseguir terminar. Foi daqui que veio a ideia de começar a nadar, depois perseverar na natação e na bike, de voltar a correr e de começar o triathlon, de entender que eu é que tenho que fazer tudo sozinho e me virar senão a tese não ia sair. E foi daqui que saíram os únicos momentos de risada no meu dia a dia dos ultimos meses.
Eu já vi muitos posts aqui sobre depressão, eu fico feliz em ver o pessoal se abrindo para falar sobre isso, e ao mesmo tempo triste em ver que depressão, ansiedade, desânimo, falta de propósito etc estão mais recorrentes por aqui.
Eu recentemente recebi o diagnóstico de depressão, algo que eu nunca achei que fosse acontecer comigo. Depois que entrei no doutorado realmente as coisas ficaram muito difíceis (fim do casamento, com filho pequeno, entre outras coisas). Acho que só consegui passar "ok" por tudo isso porque eu tinha a atividade física.
Na reta final da tese não consegui mais praticar nada, e aí a depressão tomou de conta.
A tese foi defendida e aprovada, no final de julho. Mesmo hoje em dia ainda é difícil passar pelo dia, ainda choro bastante, mas estou na terapia e ocupando bem o meu tempo com o trabalho. Hoje pela primeira vez em meses eu voltei a pedalar, e realmente já fez toda a diferença. Não quero mais parar e voltar pra onde estive.
Eu lembro de um chat do Mauro sobre depressão onde ele fala justamente desse "combo" de tratamento: terapia, medicação (quando prescrita) e comportamento (incluindo atividade física).
A quem estiver pensando em doutorado, não estou aqui pra desencorajar, apenas para alertar que há muita pesquisa sobre os impactos da vida de pós graduando em saúde mental, então é muito importante ficar alerta.
https://www.nature.com/articles/d41586-019-03459-7. O processo todo é muito solitário, chega no final você não aguenta mais e dificilmente fica orgulhoso daquilo que fez, para de acreditar em pesquisa, não se acha bom o suficiente (você ali, como estudante, tendo que publicar e "competir" com pesquisadores de centros e universidades que são especialistas naquilo).
Algo que acredito ter piorado o meu quadro foi a má decisão de tomar medicação para concentração. Era algo comum onde eu estudo, muito mais do que eu tinha ideia. Esse "combo do mal" de reta final de tese +zero atividade física + remédio, acredito que contribuiu para chegar onde cheguei. Ou seja, o medicamento que te ajuda na concentração no curto prazo cobra a fatura na sua saúde em pouco tempo. Se eu puder falar algo, é pra vc não ser burro (a) como eu e não pegar a via "mais fácil".
Obrigada, pessoal.