A Amoreira Plantada na calçada,
Emparedada pelo cimento,
Eu sou a amoreira
E este é meu lamento
Meus galhos, tão esbeltos,
São retalhados sem dó!
Para dar passagem pros fios
Que se embaralham em nós.
Muitos que passam me agridem,
Que faço sujeira com folhas e galhos.
O trânsito me cobre de fuligem
E dizem que eu só atrapalho
E como resposta à tanta
Brutalidade sem razão,
Lhes ofereço bela sombra
E lhes floresço em vão.
E então fico inteira coberta
De frutos tão doces e vermelhos
Que lhes pinto a boca de rubro
E lhes encho os sonhos de beijos.
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Ao plantar outra árvore com minha filha hoje, fiquei pensando em como as árvores nos dão frutos, sombra e tantas outras coisas boas, e em troca a gente costuma só lhes dar agressão, descaso, etc etc.