Fala, pessoal! Passei um tempo ausente, mas a saudade bateu e voltei.
Queria compartilhar uma história legal que ouvi ontem.
Um pessoa especial fez um desabafo pra mim, quando a gente percebeu uns colegas de trabalho reclamando das condições profissionais.
Ela explicou que é de origem humilde. Estudou em colégio público, morava em um quitinete com mais três pessoas e em determinada época sequer tinha papel higiênico em casa, por falta de dinheiro. Mas entre a infância e a vida adulta conheceu duas pessoas que mudaram a vida dela. E mudaram com coisas muito simples.
A primeira, uma senhora, cliente da sua avó que vendia crochê, morava em um apartamento bem legal, com vista para o mar, grande, tudo organizado. Na varanda, deslumbrada com aquilo, ela perguntou como conseguiria morar em um desses algum dia. A senhora a abraçou, olhou-a nos olhos e disse: "Estude, minha filha, estude muito, e um dia você vai conseguir". Foi o ponto de partida.
Ela estudou bastante, terminou o ensino médio e veio a faculdade. Como não tinha muita estrutura no colégio público, nem tinha como fazer cursinho, não conseguiu passar em uma pública. Mas conseguiu nota pra ingressar no curso de direito da universidade católica da cidade. O problema? Mensalidade, claro.
Foi aí que apareceu a segunda pessoa. Uma professora, bastante caridosa, comprou uns ingredientes e ensinou uma receita de cookies de chocolate. "Você vai fazer esses cookies, vai vender por X, vai pegar uma parte pra fazer mais cookies, e o que sobrar você vai guardando para pagar a faculdade". E assim pagou a mensalidade por cinco anos, vendendo cookies para vizinhos e para alunos nos intervalos das aulas.
Hoje ela é procuradora de um órgão relevante, vive muito bem e pode morar em um apartamento parecido com o que a encantou quando criança. E ela não se acomodou: estuda francês, faz curso de culinária e continua querendo aprender outras coisas.
Achei a história muito bonita e percebi três lições: 1) O que dizemos para uma criança tem um impacto muito forte e com poucas palavras podemos mudar a vida dela; 2) O melhor tipo de caridade é contribuir para a independência do outro; 3) A gente escolhe mergulhar na lama da vitimização/reclamação ou seguir tentando para dar um jeito e melhorar de vida.
Essa história também me deixou bem feliz porque, voltando à comunidade, percebi o quanto está legal a parte dos "Anjos". É muito bom notar como o pessoal aqui continua se desenvolvendo e também ajudando ao próximo. É bom estar de volta!