ESTUDO SIMPLIFICADO, provavelmente com alguns erros - não sei programar e por isso usei a ferramenta que tinha a disposição (o BS), ajustando manualmente os eventos no período. Quem tiver com
preguiça do textão, leia apenas o que está em negrito e veja os gráficosInspirado por uma série de postagens recentes sobre convexidade de ações, importância de se reinvestir proventos de FIIs e que estes não criam renda do além e sobre achar que não se deve investir no exterior por causa dos 40% de impostos sobre herança ou os 30% de impostos sobre os rendimentos em REITs, resolvi fazer uma simulação bem simples no Bastter System. .
Eis as premissas:
1) Um
investimento único em fevereiro de 2012 de USD 100.000,00 em uma carteira diversificada com 15 ações (30%, USD 2k/ação), 5 FIIs (20%, USD 4k/FII), 30 stocks (30%, USD 1k/stock) e 20 REITs (20%, USD 1k/REIT) – todos os ativos bem ranqueados pela Bastter (ver imagem abaixo) e com IPO anterior a 2012, o que reduziu o número de FIIs viáveis, por exemplo.
2)
Nenhum provento foi reinvestido e não houve
nenhum novo aporte na carteira;
nada foi vendido.
Eis a carteira em 2012:

Os resultados da simulação corroboram muito do que se defende aqui:
CONFIE NA DIVERSIFICAÇÃO E NA ASSIMETRIA DO RETORNO: a maior parte do
aumento do patrimônio irá se concentrar no retorno de poucos ativos. USD 100k (ou R$ 172.389,00) em fevereiro de 2012 se transformou em R$ 1.472.500 (ou USD 280k) em fevereiro de 2022. Deste patrimônio, mais de R$ 1 milhão (69% da carteira) está concentrado em numa classe de ativos (stocks). Três das 30 stocks somam R$ 270k. Dois dos 15 ativos representam mais de 40% da carteira ações em 2022.
NÃO DIVERSIFICAR NO EXTERIOR É MAU NEGÓCIO: Ainda que a carteira de ações tenha dado um bom retorno em Real e que todos os ativos tenham se apreciado entre 2012 e 2022, o retorno em USD foi negativo. Os R$ 51,7k ou USD 30k investidos se transformaram em R$ 153,5k ou USD 29,1k. Para os que preferem os atuais 4-8% de ITCMD dos que o 40% que o Tio Sam leva, os R$ 86,2k investidos no Brasil em 2012 se transformaram em R$ 188,4k, ou seja, herança de R$ 180k. Os mesmos R$ 86,2k investidos no exterior viraram R$ 1.287,2k, uma herança de 772,3k (se os herdeiros a mantivessem em dólar, já que repatriando também incide imposto sobre ganho de capital). Pra ilustrar a assimetria do retorno, as duas stocks que mais explodiram pesam (12,52%) na carteira o equivalente a todas as ações e FIIs no Brasil (12,74%). Até no desequilíbrio da carteira, fica
evidente a qualidade dos ativos do exterior, ou seja, muito maior a chance de carregar uma 10-bagger lá do que aqui.

NÃO EXISTEM VACAS LEITEIRAS: proventos são pedacinhos da vaca e não bezerros, como alguns “gurus” propagam. Os FIIs, que eram 20% da carteira em 2012, se transformaram em quase 2% da mesma. Os REITs, que grosso modo representam as vacas leiteiras gringas, representam em 2022 18,62% da carteira ante os 20% originais. Os R$ 172,4k investidos em fevereiro de 2012 geraram até fevereiro de 2022 R$ 115,5k de dividendos (nada reinvestido), mas uma parte MUITO relevante disso veio de stocks e ações (47,3%). Enquanto FIIs foram responsáveis por 57,6% do total de proventos em 2013, correspondeu a apenas 13,4% dos rendimentos da carteira em 2021. A carteira de FIIs, sem reinvestimento de proventos, mesmo com foco em tijolo (apenas 2,5% da carteira em CRIs), que deveria proteger da inflação, diversificação de segmentos e os três melhores FIIs do Bastter ranking, andou de lado no período (de R$ 34,5k para R$ 34,9k).
Tem que reinvestir dividendos, especialmente em classes de ativo que supostamente "geram" renda.
NÃO SÃO OS INVESTIMENTOS “GERADORES” DE RENDA E ISENTOS QUE VÃO PAGAR SUA APOSENTADORIA: pra quem prefere os dividendos isentos do Brasil do que entregar 30% dos dividends pro Tio Sam em impostos, é interessante comparar a evolução dos rendimentos e sua estabilidade em menos de uma década. Mesmo taxados em 30%, os REITs pagaram mais rendimentos do que os FIIs e os stocks pagaram mais do que as ações. Em 2021, os proventos vindos do exterior, depois dos impostos, representavam 58% do total de rendimentos. Em 2020, ano de crise, os rendimentos do exterior foram 65,9% do total que entrou na conta, o que demonstra sua maior resiliência. Os gráficos abaixo mostram claramente o quanto os
proventos no exterior são mais previsíveis, mais pulverizados entre os ativos (nas ações estão concentrados em poucos ativos) e
de tendência crescente, em dólar o que protege cambialmente a carteira.

Rendimentos de stocks: previsão trimestral e tendência crescente, com alguns não recorrentes.

Rendimentos de REITs: previsível e crescente, mesmo em crises.

Rendimentos de ações: queda brusca em 2020 e pouca regularidade trimestral.

Rendimentos de FIIs: rendimento inclusive caiu no período.
Em resumo:
diversificação, especialmente no exterior, é fundamental. Tem que deixar o tempo agir. É fundamental reinvestir os rendimentos. Ir atrás de rendimentos altos hoje te deixa com menos rendimentos no futuro.Aviso aos detalinos: sim, uma década não é nada, mas é o único prazo temporal que dava pra incluir os FIIs no estudo. Sim, 70 ativos é pouco, 5 FIIs é pouquíssimo, mas foi o que deu pra fazer e o que tínhamos em 2012. Ah, mas eu faria com outros ativos. Dá pra fazer infinitas combinações. Todos que peguei estão bem ranqueados no Bastter ranking e tentei apenas não repetir obviedades (tipo ITSA e ITUB) ou casos que dessem mais trabalho (combinar ABEV com AMBV pela transição em 2013). Ah, mas porque não reinvestir os proventos, já que dividendos não é nada? Porque parte desse estudo era entender a sustentabilidade da classe de ativo caso os proventos não sejam reinvestidos, o que possivelmente pode acontecer na época da aposentadoria. Ah, mas foi década passada - sim, não há qualquer aaaaaaaaaaaaaaaagarantia que os resultados deste estudo se repitam até 2032.