Cara, o ego do ser humano é um negócio muito doido.
Peguei o ônibus pra ir pro trabalho. Apertei o botãozinho pra descer no ponto que eu queria mas o motorista passou direto e só parou no ponto seguinte.
Fiquei meio bolado, mas aproveitei pra assistir meu ego dessa vez.
O ego se fere em situações assim porque a gente sempre busca se sentir importante no mundo, e naquele momento eu e meu desejo estavam sendo ignorados.
Consegui não me afetar muito lembrando que no fim das contas o dano era eu ter que andar um minuto a mais pra chegar no trabalho. Respirei e fiquei tranquilo. Desci do ônibus em silêncio e fui andando, agora pelo caminho ligeiramente mais longo.
Acontece que o ego veio falar comigo de novo e dessa vez usou um argumento tentador, ele disse:
-Lembra Kiwi, como você está se esforçando pra melhorar sua autoestima? Com todo aquele esforço pra se autoafirmar e aceitar a si mesmo você vai deixar isso passar? Você é o cliente pagando por um serviço e deixará ser ignorado?
Ele foi logo no meu ponto fraco, ego filho da p**! Ele me fez questionar o limiar. Onde está o limite? Afinal também devo me defender de abusos e não deixar pisarem em mim, né? Devia ter pelo menos reclamado com o motorista?
Felizmente, logo percebi que estava sendo o detalino. Acho que no fim das contas o caminho certo é o caminho que traz paz.
Haviam duas direções ali:
-ou eu treinava meu cérebro para aceitar as investidas do meu ego e bater o pé para defender minha posição no mundo em circunstâncias completamente sem importância;
-ou eu treinava meu cérebro para apenas avaliar o dano e focar no que eu posso fazer a respeito.
O caminho da paz é o melhor porque tudo que a gente alimenta a gente dá força. É como naquela frase do Nietsche que o @Bastter cita nos bodes, que fala que lutando com monstros a gente eventualmente se torna um monstro.
O caminho da paz é o melhor porque você simplesmente não engaja naquilo que não é saudável, e assim não dá poder àquilo sobre você.
O caminho da paz é o melhor pois é como ter uma questão a ser respondida, mas ao invés de respondê-la você a apaga, porque, simplesmente, você não precisa mais se preocupar com a resposta.