Data original: 07/04/2022
Resolvi fazer um outro exercício depois da simulação da carteira diversificada em ações, stocks, REITs e FIIs (tópico: UMA DÉCADA DE EVOLUÇÃO DE UMA CARTEIRA DIVERSIFICADA ILUSTRANDO PRINCÍPIOS DA BASTTER,COM - Stocks - Bastter.com), especialmente com base em dois comentários anteriores sobre o vieses do primeiro estudo:
1) a década passada representou um momento de
bull market nos EUA e de
bear market no Brasil, enquanto a década anterior foi o contrário;
2) o viés do sucesso tendo em vista que a seleção dos ativos se deu muito em base no ranking atual.
Eis as premissas:
1) Um
investimento único em abril de 2022 de USD 30.000,00 em uma carteira com 15 ações (50%, USD 1k/ação) e 15 Stocks (50%, USD 1k/stock) – todos os ativos com IPO anterior a 2002 e todos eles já bastante manjados pra época, tentando simular o que poderia ser uma carteira típica pro momento;
2)
Nenhum provento foi reinvestido e não houve
nenhum novo aporte na carteira;
nada foi vendido.
Eis a carteira em 2002:

Lista de Ações: Banco do Brasil, Bradesco, BR Foods, Engie, Embraer, Eternit, Gerdau, Itaúsa, Klabin, Petrobrás, Marcopolo, Rossi Residencial, Vale e Weg - dessas aí, somente WEGE e talvez EGIE não são muito óbvias.
Lista de Stocks: Apple, Adobe, Berkshire, Disney, General Electric, IBM, Johnson&Johnson, Coca-Cola, McDonalds, 3M, Microsoft, Nike, AT&T, Toyota e Walmart - todas elas super óbvias para qualquer brasileiro em 2002.
Eis os resultados, sendo que também comparei com os resultados da simulação de uma década:
TEMPO É FUNDAMENTAL PRO RETORNO: enquanto que USD 100k (ou R$ 172.389,00) em fevereiro de 2012 se transformaram em R$ 1.472.500 (ou USD 280k) em fevereiro de 2022,
USD 30k (ou R$ 172.389,00) em abril de 2002 se transformaram em R$ 2.961.194,71 (ou USD 623k) em abril de 2022.

ASSIMETRIA DO RETORNO, CONCENTRADO EM POUCOS ATIVOS: novamente, a maior parte do aumento do patrimônio se concentrou em poucos ativos. Nesta segunda simulação, esta
concentração foi ainda maior (o que não dá pra concluir nada) - sendo que um ú
nico ativo (AAPL) representa quase 2/3 de toda carteira atual.
MESMO OLHANDO RETROSPECTIVAMENTE, NUNCA É ÓBVIO DE ONDE O RETORNO VIRÁ NO TEMPO DA SUA CARTEIRA, ENTÃO DIVERSIFIQUE: AAPL também estava na primeira simulação e foi a quarta melhor perfomance na carteira simulada de uma década, atrás de WST, ADBE e AMZN e colado com MSFT e GGOGL. De 2002 pra cá, o retorno em dólar de VALE e NKE foi maior do que o retorno da MSFT, a Marcopolo representa maior % da carteira do que Disney.
E o mico BRFS performou melhor em dólar nas duas últimas décadas do que JNJ, Wallmart, ITSA, Coca-Cola, Toyota e 3M.
A CONSISTÊNCIA DOS RESULTADOS NO EXTERIOR É MAIOR: levando em conta os critérios #superpas da Bastter.com, somente um ativo no exterior é vermelho (General Electric e por causa da dívida e não dos lucros) e dois amarelos (Disney e AT&T). 60% (9/15) DOS ativos no exterior são hoje #superpas (AAPL não é um deles), enquanto no Brasil apenas 20% (3/15). Entre as ações, 6 são vermelhas (todas por causa de lucros inconsistentes) e três são amarelas (coincidentemente a 2ª (VALE), 3ª (POMO) e 5ª (WHRL) maior posições da carteira.
Abaixo a HOLDING das stocks - com receitas, EBDITA, lucro e margem crescentes

Comparada a HOLDING das ações, menos consistente...

Um viés dessa simulação é que a carteira brasileira está muito mais concentrada em empresas cíclicas (VALE, GGBR, PETR, KLBN), o que por outro lado torna a parte brasileira uma maior pagadora de dividendos, com uma grande distorção no ano de 2021 quando VALE, PETR e GGBR pagaram rendimentos absurdos.
Em resumo: a simulação de duas décadas, com uma carteira óbvia - até mesmo sardinhesca, chegou a resultados muito parecidos com a carteira de excelentes ativos de uma década. Até porque, vários "micos" mal rankeados perfomaram bem melhor que ativos muito melhor posicionados no raking.
A questão essencial parece ser DIVERSIFICAÇÃO (inclusive no exterior) e sobretudo TEMPO. E ainda assim, não há aagarantias, mas apenas maiores chances ao nosso favor.