Para trás nem para dar impulso?
comentada em 26/07/2022 12:53

@danmarino98 vc virou um robô e achou q era uma boa?

Creio que somente a interpretação que você teve da frase foi um pouco radical.

Pensa assim comigo: ninguém entra no mesmo rio pois nem a pessoa é a mesma e nem o rio é o mesmo (não me recordo a frase exatamente). Mesmo que você cometa o mesmo erro (andar pra trás), não é a mesma situação nem o mesmo essencialmente e o importante é entender o que mudou e como você mudou com o erro (andar pra frente).

Não devemos ter nada como certo e expressões como essas tem muito potencial de te fazer mal. Se você, por exemplo, trocar de carreira e começar um curso novo e estiver interpretando a frase ao pé da letra, estaria andando pra trás. Mas quando entramos em um beco sem saída, só saímos se andarmos pra trás.

Melhor que viver com base em ditos populares é usar o bom senso. Eu interpreto esse "pra trás nem pra tomar impulso" como uma lembrança de que não vale a pena viver só de olhos pro passado, na lama do 'se'. 

A vida é mudança.

Troca essa frase ai por essa "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo" 

assim nunca mais ficará preso em nada.

Marco Aurelio - Mudanças Ver mais

o importante é entender o conceito

foguete nao tem ré hehehehe

q frase mais sem sentido
e o pior
foguete agora tem ré

Bom senso, cara!

@danmarino98 eu conheço: "andar para trás, só se for para pegar impulso!"

É só você adotar essa frase agora!

@tyurok Heráclito.

Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou.

Quero ver se seu filho vai brincar com carrinho de fricção.

O seu caminho Ver mais

postado por @Bastter em 18/07/2022 12:50

danmarino98 vc virou um robô e achou q era uma boa?

Exatamente... olhando agora faz muito sentido que seja algo ruim, na época parecia que tinha encontrado o manual da vida. 

postado por @khanverso em 18/07/2022 12:57

Melhor que viver com base em ditos populares é usar o bom senso. Eu interpreto esse "pra trás nem pra tomar impulso" como uma lembrança de que não vale a pena viver só de olhos pro passado, na lama do 'se'. 

Isso!! Assim como falei com o Bastter, me faltou interpretação e tbm não achar que tinha encontrado um "manual da vida" a partir do que os outros me falem. Fui ingênuo, mas zero problemas com isso. Acontece

postado por @adicionado em 18/07/2022 13:14

o importante é entender o conceito

Exatamente!! Obrigado pela resposta.

postado por @Bastter em 18/07/2022 13:14

Marco Aurelio - Mudanças Ver mais

 

Achei no Livro 4, 3, do Meditações do Marco Aurélio esse trecho. É realmente muito interessante:

“… todas essas coisas que está vendo, logo se transformarão e já não existirão. Pense também, em quantas transformações já testemunhou. O mundo é uma constante transformação; e a vida, opinião.”

tenta chutar uma bola pro gol sem dar uns passos pra trás, muito mais dificil

Acho que o centro da questão aqui é assumir a responsabilidade das coisas, obviamente não foi a frase que fez você fazer ou não fazer algo, e sim seu cérebro tentando achar algo para culpar por alguma frustração que ficou.

Eu penso que estas coisas são bobagens, estas frases ai são jargões, na vida vamos pra frente, para os lados, para trás e não tem nada de errado nisto. O próprio conhecimento é cíclico, aprendemos, esquecemos, reaprendemos, ganhamos novas perspectivas, as vezes o conhecimento é espiral. Um conhecimento em espiral as vezes você acha que está voltando ao início mas você se aprofunda cada vez mais, como professor isto é muito importante, não adianta você passar um conhecimento que as pessoas não capturem. As vezes voltar pra você é andar para frente para pessoa!!!

Essa frase me lembra Clóvis de Barros.

Que maluquice. 

Prescrições (regras para seguir, passo-a-passo, procedimentos) são úteis em relação a coisas que tem um encadeamento de causa e consequência bem definidos. Isto é, se você repetir os mesmos passos, terá o mesmo resultado. 

Para coisas mais complexas, estocásticas, probabilísticas, que não são exatamente replicáveis (tipo como viver a vida, como criar um filho, como ter sucesso etc.) não tem como ter fórmula. Por isso, a maioria dos gurus são uma fraude. Não dá para terceirizar as decisões da sua vida. Por mais que o autor da frase x, do livro x, da filosofia x seja um gênio, ele não sabe o que é ser você.

@Pai_Naldo

Esse é um dos meus trechos preferidos do Meditações, especialmente quando você coloca no contexto da vida de Marco Aurélio.

Ou seja, quando pensa que ele era Imperador, e os desafios daí decorrentes, as intrigas, as contendas.

E que ele ONREVOGu durante uma das maiores pragas já vividas pela humanidade, de que não se sabia nem mesmo a forma de contágio quanto mais a cura, e que matava em poucos dias. Uma praga que se estima tenha dizimado até um terço da população romana, inclusive o outro imperador, e que ocasionou até mesmo um êxodo dos nobres e da plebe, que fugiam para o interior tentando se afastar da doença. Era uma época em que a morte estava à espreita permanentemente e ninguém sabia como evitá-la.

Agora pensa que o Meditações era um diário pessoal, Marco Aurélio estava escrevendo pra si mesmo. Tenta ler a partir dessa perspectiva.

É uma das passagens "agnósticas", em que ele expõe o raciocínio considerando as duas possibilidades que se discutia à época, a de que o que ocorre no mundo é fruto da vontade divina que impulsiona os objetos a cada momento (há uma Providência); ou a de que todas as coisas são constituídas de unidades mínimas indivisíveis cujo arranjo segue uma relação mecanicista de causa e efeito a partir de um impulso inicial (a hipótese do átomo).

A primeira hipótese convida a aceitar os acontecimentos, pois são fruto da vontade da Natureza de que fazemos parte. A segunda convida a aceitar os acontecimentos, pois são fruto de um acaso que pouco compreendemos e sobre o qual temos pouco controle. Ou seja, a conclusão é a mesma.

Esse trecho final aí entre aspas (a citação da imagem), pela nota do tradutor, é de autoria de Demócrito.

O trecho inteiro, numa tradução mais detalhada e fácil de compreender e em outra, mais literal e precisa:

"Os homens buscam isolar-se em retiros, casas de campo, nas praias e nas montanhas, e você também já desejou muito estar em tais situações. Mas esta é a marca dos homens medianos, pois aquele que filosofa sabe que está em seu poder a decisão de retirar-se para dentro de si mesmo. Pois não há local mais pleno de tranquilidade e liberdade do que a própria alma de um homem, quando retirada do turbilhão mundano, particularmente naquele homem que carrega dentro de si tal sorte de pensamentos que, quando tem a possibilidade de contemplá-los, encontra imediatamente a plena serenidade. E eu afirmo que esta serenidade é nada mais do que a boa disciplina da mente.

Assim, você deve constantemente conceder a si mesmo tal possibilidade de retiro, de modo a poder renovar-se. Adorne seu retiro com os princípios mais curtos e fundamentais, de modo que, logo que seja necessário recorrer novamente a eles, você possa purificar sua alma por inteiro, e retornar aos assuntos mundanos livre de toda amargura, aflição e descontentamento.

Pois o que lhe aflige? A maldade dos homens? Rememore em sua mente tais reflexões: que os seres racionais existem uns para os outros, e que suportarem-se mutuamente é um dever dos que amam a justiça. Saiba que os homens incorrem no mal involuntariamente, e considere quantos deles, após caírem em inimizades, suspeitas e ódios, lutaram uns contra os outros até que fossem mutilados e reduzidos às cinzas; assim sendo, trate de aquietar sua mente em relação a isso.

Será, no entanto, que é o destino traçado pelo universo o que lhe amargura? Rememore este dilema: ou há providência [divina], ou tudo é regido por átomos [e acaso]; ou ainda, lembre-se dos argumentos que comprovam que este mundo é uma espécie de Cidadela, e tente aquietar-se.

Quem sabe são as exigências do corpo que lhe preocupam? Então considere que a mente já não se mistura com o seu sopro vital, seja em seus movimentos suaves ou bruscos, tão cedo ela toma consciência de si mesma e de suas capacidades; e rememore também as lições ouvidas e compreendidas acerca das dores e dos prazeres, de modo que possa apaziguar tais temores.

Mas talvez seja o desejo daquilo que chamam de fama o que lhe atormenta? Veja quão cedo tudo o que já passou é esquecido, e contemple o abismo infinito do tempo em cada lado do [tempo] presente; considere igualmente a insignificância dos aplausos, a inconstância de julgamento daqueles que elegem seus ídolos, e finalmente, o espaço estreito de terra em que vivemos nossas vidas, e fica em paz.

Pois toda a terra não passa de um ponto, e a parte que nos cabe habitar nela é ainda menor, ínfima, insignificante. Quão poucos são os homens que vivem neste recanto do mundo, e quão medianas são as suas qualidades; assim sendo, do que lhe valeria ter todo o seu aplauso?

Tudo considerado, é isto o que resta: lembre-se de se retirar de tempos em tempos neste pequeno território dentro de si mesmo, e acima de tudo não se deixe distrair e não violente sua alma, mas seja livre, e observe as coisas como um homem, como um ser humano, como um cidadão, como um mortal. E dentre as verdades para as quais você deve se voltar em suas meditações, inclua estas duas:

Uma, que as coisas não são realmente capazes de tocar nossa alma, pois todas elas existem externamente, e toda a nossa perturbação surge unicamente da opinião que fazemos delas.

A outra, que tudo o que você vê neste mundo logo se transformará e deixará de existir. Ora, lembre-se de quantas destas transmutações você mesmo pôde observar ao longo da vida.

Ou seja: o mundo é transmutação; a vida é nossa opinião acerca delas."

--------------------------------------

"Procuram refúgios para si, casas de campo e costas litorâneas e montanhas; e costumas também tu desejar sobretudo tais isolamentos. Tudo isso porém é o que há de mais vulgar, já que podes, à hora que quiseres, recolher-te em ti mesmo. Pois em nenhuma parte um homem se recolhe nem mais tranquila nem mais calmamente do que na própria alma, sobretudo aquele que tem dentro de si tais qualidades sobre as quais basta inclinar-se para adquirir imediatamente total conforto, e por conforto não digo outra coisa que boa ordem. Continuamente então proporciona a ti mesmo esse refúgio, e renova-te; porém haja nele conceitos concisos e elementares que, imediatamente tendo sido encontrados, bastarão para conter todo tormento e reenviar-te livre de irritação àquelas ocupações para as quais retornas. Pois com que te irritas? Com a maldade dos homens? Tendo raciocinado o juízo de que os racionais viventes nasceram por causa uns dos outros, e de que suportar é uma parte da justiça, e de que não pecam por querer, e de que muitos já se tendo zangado, suspeitado, odiado, estão estendidos varados por lança, incinerados; acalma-te então. Mas também com o que do todo te é atribuído te irritas? Tendo refrescado a memória, lembra-te do dilema “ou em verdade uma providência ou átomos”, e a partir de quantas provas seja mostrado que o cosmos é como uma cidade. Mas as coisas corporais te afetarão ainda? Pensaste que não se mistura suave ou asperamente no movimentado alento a inteligência, quando uma vez, recuperada em si mesma, haja reconhecido a sua liberdade moral própria; e o restante quanto sobre a dor e o prazer ouviste e confirmaste.

Mas a gloríola te distrairá? Volta os olhos para a rapidez do esquecimento de todas as coisas, e para o caos do tempo infinito desde ambos os lados, e para o vazio da repercussão, e para a volubilidade e falta de critério dos que parecem aplaudir, e para a estreiteza do lugar onde se circunscrevem. A terra inteira, em resumo, é um pontinho; e dela que cantinho é esta parte habitada! E ali quantos e quais os que te hão de louvar? Quanto ao resto então lembra-te da retirada, daquela para este campinho de cultivo de ti mesmo; e, antes de tudo, não te atormentes nem te reteses, mas sê livre e olha as coisas como varão, como homem, como cidadão, como vivente mortal. E entre as noções mais à mão para as quais te inclinarás estejam estas duas. Uma decerto que as coisas não atingem a alma, mas ficam paradas fora, imóveis; e as perturbações vêm unicamente da suposição de dentro. E outra: que todas estas coisas quantas tu mesmo estás vendo serão – na medida em que ainda não o são – transformadas e deixarão de existir. Pensa continuamente: “O cosmos, mudança; a vida, suposição.”"