"VISLUMBRAR A FINITUDE"
comentada em 25/07/2022 06:59

postado por @Pai_Naldo em 23/07/2022 12:35

Que assunto difícil. A contemplação da minha finitude já é uma experiência complexa. A certeza da finitude das pessoas que amo é ainda mais difícil.

Tema pertinente e denso, mestre.

postado por @Thiago em 23/07/2022 17:47

É dureza mesmo, tbm prefiro nem pensar
Mas como é algo que não controlamos e nem temos ideia nenhuma de como vai acontecer, quase sempre o que pensamos é inútil
Então, o melhor e viver bem sem pensar nisso
Só fazer nossa parte da melhor maneira possível

postado por @Luster em 23/07/2022 17:59

Não penso muito nisso mas aceito a morte como parte de um processo.
Tbm vejo como algo que não controlo. Logo, não tendo a me importar
Talvez seja por isso que a finitude de pessoas queridas não me abale

postado por @CATJ3 em 23/07/2022 18:05

Como eu compartilhei num tópico recente, meu pai faleceu faz menos de 5 meses, então tenho pensado muito sobre isso. Tua vida dialoga constantemente com a morte depois de uma perda próxima. Tem sido uma grande fonte de amadurecimento e crescimento pra mim.

Quando a finitude acontece, é uma mudança definitiva que transforma teu ponto de vista sobre tudo. O trauma pode deixar cicatrizes e deficiências, mas também existe outro caminho que te ajuda a ver a vida com mais alegria e com as infinitas oportunidades que cada dia traz.

Eu tive a sorte de conviver com meu pai durante 12.864 dias, mas ele morreu em um desses só. Acho que essa é a grande lição que a finitude pode nos deixar: sendo inevitável, que nossa escolha seja de viver da melhor forma possível nossos outros 12.863 dias - com amor e com quem amamos.

postado por @Paulo em 23/07/2022 13:21

Mauro tem um exercício mindfulness/meditação sobre você pensar em todos os Eus que já morreram.

Todos os vocês que já passaram e não voltam mais.

Mas não é um exercício para desesperar.

É um exercício para botar em perspectiva a ideia de continuidade.
Que um Eu morreu, e outro Eu viveu. Que aquilo que você deixou de ser, abriu porta para outros Eu que não poderiam existir se ele ainda existisse.
Ou assistir rei leão, que tem fala da forma mais sensível que eu já vi sobre o ciclo da vida:

postado por @Paulo em 23/07/2022 18:23

"a powerful Persian King who called his sages (wise men) to him, including the Sufi poet Attar of Nishapur, and asked them for one quote that would be accurate at all times and in all situations. The wise men consulted with one another, and threw themselves into deep contemplation, and finally came up with the answer ...
"this too, shall pass".

The King was so impressed by the quote that he had it inscribed in a ring."
Google translate:
"um poderoso rei persa que chamou seus sábios (sábios) até ele, incluindo o poeta sufi Attar de Nishapur, e pediu-lhes uma citação que fosse precisa em todos os momentos e em todas as situações. Os sábios consultaram uns aos outros, e se lançaram em profunda contemplação, e finalmente chegaram à resposta...

"isto deve passar também".

O rei ficou tão impressionado com a citação que a inscreveu em um anel."

postado por @KAM_ em 23/07/2022 18:34

Esse aforisma do Nietzsche fala um pouco sobre o peso de encarar a finitude e sua relação com a autoavaliação da vida que se leva.
O peso mais pesado

E se um dia, ou uma noite, um demônio te seguisse em tua suprema solidão e te dissesse: "Esta vida, tal como a vives atualmente, tal como a viveste, vai ser necessário que a revivas mais uma vez e inumeráveis vezes; e não haverá nela nada de novo, pelo contrário! A menor dor e o menor prazer, o menor pensamento e o menor suspiro, o que há de infinitamente grande e de infinitamente pequeno em tua vida retornará e tudo retornará na mesma ordem, essa aranha também e esse luar entre as árvores e esse instante e eu mesmo! A eterna ampulheta da vida será invertida sem cessar e tu com ela, poeira das poeiras!" Não te jogarias no chão, rangendo os dentes e amaldiçoando esse demônio que assim falasse? Ou talvez já viveste um instante bastante prodigioso para lhe responder: "Tu és um deus e nunca ouvi coisa tão divinal" Se este pensamento te dominasse, tal como és, te transformaria talvez, mas talvez te aniquilaria; a pergunta "queres isso ainda uma vez e um número incalculável de vezes?", esta pergunta pesaria sobre todas as tuas ações com o peso mais pesado! E então, como te seria necessário amar a vida e amar a ti mesmo para não desejar mais outra coisa que essa suprema e eterna confirmação, esse eterno e supremo selo!

postado por @Paulo em 23/07/2022 13:21:44

Mauro tem um exercício mindfulness/meditação sobre você pensar em todos os Eus que já morreram.

Todos os vocês que já passaram e não voltam mais.

Mas não é um exercício para desesperar.

É um exercício para botar em perspectiva a ideia de continuidade.
Que um Eu morreu, e outro Eu viveu. Que aquilo que você deixou de ser, abriu porta para outros Eu que não poderiam existir se ele ainda existisse.
Ou assistir rei leão, que tem fala da forma mais sensível que eu já vi sobre o ciclo da vida:

postado por @Pai_Naldo em 23/07/2022 13:46

Ano passado fiquei internado com Covid no CTI por um tempo. 
A coisa mais difícil era lidar com a real possibilidade da morte duma hora para outra. Quase ninguém acha que vai morrer aos 40.

Foi uma experiência difícil. Impossível sair o mesmo eu de tudo aquilo.

postado por @ebitda em 23/07/2022 19:03

Eu nao me atrevo, mas o Sêneca no livro "cartas de um estoico" trabalha o tema de forma magistral.

postado por @BigTex em 23/07/2022 18:41

Eu costumava a pensar que tudo era finito. Atualmente eu acredito que recursos, como o tempo, são finitos e outras coisas são perenes. Dois bons exemplos para mim são a dor e a saudade. Elas existem, vão e volta, mas estão lá e são fatos da vida. E a pergunta é o que fazer com elas.

Sobre a nossa finitude como seres humanos, nem nisso acredito mais. A gente pode pensar que a vida é curta, mas eu vi poucas coisas tão eternas quanto o ser humano. Nós vivemos para sempre através de todos aqueles que se beneficiaram da nossa existência. Uma parte dos nossos ancenstrais permanece conosco, seja por conta das características físicas ou pelos ensinamos que recebemos dos nossos irmãos, pais e avós. Ainda aprendemos com Confucio, Marco Aurélio e Sartre, mesmo que eles não estejam mais entre nós por centenas ou milhares de anos. 

O Bastter e o Predador talvez sejam bons exemplos no nosso contexto. Bastter aprendeu com o Predador e vem aqui compartilhar as lições de vida dele com a gente. Nós passaremos isso para os que nos cercam, seja através de uma conversa ou de atitudes. E eles passarão para os próximos. Em 100 anos, ainda vai ter alguém que seguirá algum ensinamento do Bastter e do Predador.

Então mesmo que as nossas vidas materiais acabem hoje, ainda existiremos de outras formas por muitas gerações. Às vezes cabe encontrar conforto no legado que deixamos para trás. 

Valeu pela reflexão Mauro !

postado por @ebitda em 23/07/2022 14:03:38

Eu nao me atrevo, mas o Sêneca no livro "cartas de um estoico" trabalha o tema de forma magistral.

postado por @Pai_Naldo em 23/07/2022 13:46:51

Ano passado fiquei internado com Covid no CTI por um tempo. 
A coisa mais difícil era lidar com a real possibilidade da morte duma hora para outra. Quase ninguém acha que vai morrer aos 40.

Foi uma experiência difícil. Impossível sair o mesmo eu de tudo aquilo.

postado por @Gilso em 23/07/2022 15:20

Não sei onde li que eu só vou morrer por estar vivo. E acrescento vivendo nisso. 

postado por @Charlito em 23/07/2022 20:27

Enquanto tiver, tenho. Quando não tiver mais, não terei.

O que vier depois, havendo depois, veremos.

Não havendo depois, que mais importa?

Façamos hoje o que podemos fazer hoje.

Memento mori.

postado por @Fred-[k1d0t4] em 23/07/2022 20:46
Eu ia comentar sobre esse livro aqui. Excelente mesmo.

Os estóicos falavam muito sobre "Memento Mori" ou "lembre-se da sua mortalidade". Eles argumentavam que, se lembrando constantemente da nossa finitude, nós não iríamos deixar para amanhã o que nós poderíamos fazer hj. É quase como um senso de urgência constante antiprocrastinacao.

Inclusive alguns filósofos utilizavam um quadro de renda com vários nós. A quantidade de nós era, mais ou menos a quantidade média de vida que o ser humano tinha, em meses. A cada mês, eles desatavam um nó, representando um mês a menos de vida. Todos os dias eles meditavam e se planejavam, baseados no restante de vida que eles ainda tinham, por meio da quantidade de nós atados no quadro.

postado por @devCansadis em 23/07/2022 22:27

Talvez vislumbrar a finitude possa deixar alguém perturbado ou até mesmo depressivo.

Mas vislumbrar o processo pode nos deixar felizes e contemplativos.

Lembro quando criança jogava futebol com meu pai e ele elogiava meu preparo físico. Eu me admirava, pois pensava que qualquer pessoa tinha o mesmo preparo que eu. Hoje brincando com minha filha, me peguei elogiando a sua condição física. Passou um filme rapidamente na minha cabeça e parei. Minha filha perguntou por que eu tinha parado. Eu disse: "Tô ficando velho, filha.".

A vida é mesmo um sopro.

postado por @Bonmec em 23/07/2022 22:45

"troco tudo que sei pelo que não sei!"
Não sei quem disse, mas há que se ponderar sentido e contexto! 

 futuro é mera ilusão e especulação. Não há certeza de absolutamente nada! E daí? 
Não é mais prudente agir sobre o controlável e princípios que nos fazem bem? E assim ter alguma "previsibilidade" sobre nossa "segurança" física, financeira e sONcial? 

Voltemos a finitude. Podemos até duvidar de um Criador, mas impossível negar as leis que que regem a natureza e o universo. Não a luz que não se apagará. O Sol tem seus dias contatos, das estrelas que vemos, muitas nem estão mais lá. 
No mistério disso tudo está o segredo da criação. Mas e daí? 

De fato, só existe o agora (nem o hoje). Então, que sentido há em preocupar com outra coisa se não nesse momento? Não posso fazer nada no futuro, não posso mudar o passado, só tenho o agora. Todo vez que saio dessa lógica, me dou mal. Preocupação, ansiedade,...

postado por @Rhoads em 23/07/2022 23:19

Mauro,
Como este post me veio a calhar. No final de 2021, minha última tia por parte de mãe nos deixou, dando "fim" a uma geração em nossa família.

Esta semana me peguei refletindo sobre algo próximo ao tema. O "custo" de sua longevidade foi prantear o velório de seus 5 irmãos. Ela acompanhou os sofrimentos e problemas de saúde de todos os queridos irmãos. Sofreu com todos e no final só estavam a vela-la os sobrinhos, visto que não teve filhos.

Parece um pensamento bobo eu sei, mas achei curioso este post com isto que me ocorreu.

Impressionante como TUDO na vida tem seu lado "bom" e sua contraparte "ruim". Assim se forma o equilíbrio....

Aproveito para agradecer a todos pelas referências onde posso buscar algum conhecimento sobre o tema. 

Abraço

postado por @SuavenoRole em 24/07/2022 00:02
Tb me internei com covid ano passado e nos 3 primeiros dias tive um sequestro emocional. 

Segundo meu psicólogo isso foi uma reação à noção de finitude, ver a morte de perto, entender que as coisas se acabam e, naquele momento, não reagi de maneira “sóbria” e tranquila. 

Curioso que sempre me achava preparado pra isso (perdi o pai cedo e “sabia” das coisas), mas, na prática, acontecendo comigo, vi que lidar com a finitude é mais delicado do que imaginava.

postado por @buttler em 24/07/2022 01:19

postado por @Fortitudine em 24/07/2022 16:54





Alguns trechos:

“Valorize o hoje e entenda que se morre diariamente. Qualquer tempo que já passou pertence à morte”.

“O valor da vida não se mede pela quantidade  de dias vividos, mas o modo como foram vividos”.

“O bom não é viver, mas sim viver bem. Pensa na qualidade da vida e não na sua duração”.

“Quanto é tardio começar a viver só quando é hora de terminar. Que estúpido esquecimento da condição mortal adiar para os 50 e 60 anos as decisões sensatas, e então querer começar a vida num ponto até o qual poucos chegaram”.

“É preciso durante toda a vida aprender a viver, e é preciso durante toda a vida aprender a morrer”.

“Cada um apressa sua vida e sofre a ânsia do futuro e o tédio do presente, mas quele que dispõe cada dia como se fosse o último, nem anseia pelo dia seguinte nem o teme”.

“Brevíssima e angustiosa é a vida daqueles que se esquecem do passado, negligenciam o presente e temem o futuro”.

“O maior obstáculo da vida é a expectativa, que fica na dependência do amanhã e perde o momento presente”.

”Viver muito tempo quem decide é o destino. Viver plenamente, o teu espírito. Toda vida é longa se for vivida com plenitude”.

“Qual o proveito para um homem que viveu 80 anos sem nada produzir? Não viveu, passou algum tempo pela vida. Não morreu tarde, passou longo tempo morrendo”.

“É estupidez morrer de medo da morte. Ela está sempre pairando sobre nós. De que serve evitar aquilo que é inevitável?”.

“Aquele que achas que perdeste apenas foi antes de ti. Pq chorar aquele que partiu antes se vais seguir o mesmo caminho?”. (finitude de terceiros)

“Nada pior do que se indagar sobre o que está por vir. Quanto tempo me resta? Só se concentra no futuro quem está insatisfeito com o presente. E só o presente importa”.

“O futuro não existe. O passado já pertence à morte. Só importa o presente”.

“Quando vier o último dia, o sábio que aproveitou bem a vida, não hesitará em caminhar para a morte com passo firme”.

postado por @ebitda em 24/07/2022 14:11


Ver mais

postado por @Felipe1718 em 25/07/2022 03:03

Agradeço pelo tópico...Me fez pensar como a paz é importante em nossas vidas ..No fim, só nos restará descansar em paz... Apesar disso, as vezes perdemos ela por coisas insignificantes...

postado por @Bonmec em 25/07/2022 04:32

O pensar... razão do ser!? 
O brilhantismo da natureza! A quem O sente, a justiça e igualdade entre TODOS, inexoráveis. 

Não é belo isso? Com as limitações, novas necessidades, os desejos não realizados, não são mais importantes, não são mais desejos. 

Nos meus 45, quase envergonho dos 15, quanto tempo perdia nos 25, achava que sabia nos 35. Nos 45, não importo em não saber. Pode até doer o joelho, mas pedalo como nunca, acho que vou até correr. 
Se houver os 80, que venha, talvez não pedale tanto, talvez pedale mais. Se a lógica se cumprir, vou preferir tocar a bola que correr com ela, e será um bom jogo. 

Será que as limitações não trarão consigo sabedoria, prudência, tolerância, temperança, afeto e outras mais que nosso ego e vaidade hoje nos atrapalha? 

Sendo assim, que venha a finitude, o doce existir.