Indicação de Video - Como Superar os Vícios Modernos | Jejum de Dopamina 2.0
comentada em 28/09/2022 17:59

@Paulo gostaria de saber a sua opinião a respeito. 

Tbm gostaria de saber a opinião dele. Esse papo de "jejum de dopamina" ta bem modinha ultimamente

@prmd @Berk

A priori, eu não tenho problema nenhum com jejum nenhum. Seja na quaresma, ramadã, shabat, retiros religiosos, missionários, ou seja, passar tempos sem fazer algo que gosta para poder refletir. Até a coisa mais pirada de ir para mosteiro passar dias sem falar eu acho que pode ser interessante.

É uma prática bem antiga que tem benefícios. Especialmente se já estão amarradas em práticas culturais como: cuidar da família, momentos de introspecção, caridade

Mas é entender que você NÃO é viciado em dopamina. Dopamina é parte do sistema de vício do seu corpo.

Todas essas coisas tem benefícios no sentido de te ajudar a parar e tomar decisões sobre coisas sem estar nos estresses das próprias coisas. Tipo a concentração que jogadores fazem antes do jogo importante.

As intervenções que ele sugere podem ajudar sim, e de forma geral são recomendações básicas de saúde para qualquer coisa. Não tem "lhufas" com jejum. É só marketing.

Daqui para frente eu vou dar chilique de raiva com esse vídeo, mas se pular tudo e ver só as intervenções no final pode dar certo sim.
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Ataque de chilique daqui pra frente....

Entretanto, não adianta só se jogar vazio e achar que tudo vai mudar de uma vez. A maioria das pessoas que eu conheço/atendo que fazem esses processos voltam a vida normal em menos de um mês.

NÃO EXISTE SOLUÇÃO MÁGICA.

A descrição do experimento do rato é EXTREMAMENTE INAPROPRIADA.

É um ótimo exemplo de péssima comunicação em saúde, e como o uso do "terror", "do inimigo do mundo" causa mal as pessoas. O problema é das redes sONciais, do celular, do blah blah blah... O mundo vai acabar...

E depois vai lá e joga um monte de termo técnico que nenhum leigo consegue entender de verdade, acabando com uma analogia estúpida com cerveja para forçar o ponto que ele quer provar.

A melhor explicação leiga que eu conheço é essa: cartum experimento droga Ratolândia - Quadrinhos HQ Stuart McMillen

O resumo é: O rato do experimento dos anos 50 NÃO TINHA MAIS NADA PARA FAZER. Ele era confinado numa caixa SEM NENHUM TIPO DE ATIVIDADE. Sim, tinha acesso a água e comida, mas não tinha mais nada.

O que você acha que vai acontecer com você se você for preso numa solitária por 30 dias? Você vai comer e beber água regularmente? Não estou falando de uma vida no campo. To falando de ficar numa gaiola de 2m x 2m, com água e comida, e uma barra que te dá prazer imediato. O que você acha que vai acontecer? Não precisa ser cientista para responder, né?

Pessoas estressadas tem uma vida otimizada para produzir estresse. A galerinha da produtividade é tudo viciado em "alta frequência". Tudo sempre ligado no muito, tudo é muito. Aí não entende pq é viciado em instagram, tem compulsão alimentar, pq fica na balada, tem insônia. Pq a vida toda é de muito.

Não é dopamina. É uma vida otimizada para causar ansiedade.
Eles criam na própria vida a condição do rato no experimento dos anos 50.

Criam gaiolas nas próprias vidas. É só ver a paixão que o povo aqui da bastter.com inventa com empresas. Transforma o sucesso da própria vida em sucesso de ganho de uma empresa que ele não entendem porra nenhuma.

Passam a se dedicar a viver acompanhando cotação, análises, pirações e sei lá mais o que. As pessoas querem insistir me criar a gaiola do rato. Não tem lhufas com rede sONcial.

A rede sONcial é uma merda pq as pessoas que compõe a rede sONcial fazem merda nela. Todo o conteúdo de uma rede sONcial é criado pelas próprias pessoas que fazem merda.

Querem viver numa vida de rotina fechada, sempre no máximo, estouram a própria vida e depois não entendem pq ficam a noite vendo os outros viverem no instagram.

Quem criou isso foi a própria pessoa. A ideia de "jejum" é uma brincadeira perigosa de brincar de controle de uma corda que sempre tende a estourar.
Tanto que ele fala sempre sobre "produtividade". Todo o conteúdo é sobre "produtividade", ignorando que o vício real é sobre produtividade.
Querem resolver o instagram mas não querem diminuir o ritmo de trabalho no fim de semana.

Mas eles só reclamam da parte ruim, querem tirar só o instagram sem entender que ele é só reflexo de uma coisa maior. Querem viver a vida estressante sem ter que pagar o preço da exaustão, da compulsão, do vício. É o bêbado reclamando da ressaca. O problema não é a ressaca.

Mas sim, diminuir o uso contínuo de redes sONciais, de ficar nas espirais de youtube/netflix. De virar caçador de emoções da vida é positivo.
Mas isso é uma coisa contínua. Não vai vir de fazer 10 dias de jejum, ou 30 dias de jejum.

Não é o jejum por si só que vai mudar a vida da pessoa, talvez a uma porta importante para ela se conectar com outras coisas. Mas não vai ser a restrição que vai mudar a vida da pessoa

Igual jejum nenhum vai fazer alguém emagrecer. Talvez até perca peso por um tempo. Mas se a pessoa não se orientar para hábitos saudáveis de vida, nenhum jejum é sustentável.

Igual internação não muda a vida de ninguém.

Para mudar a vida tem que mudar a vida.

Que aula! Muito obrigado @Paulo !

@Paulo acho perfeita a sua colocação. Jejum de rede sONcial é igual a regime, termina no lugar onde começou. Mas mudar de hábitos a longo prazo traz muitos benefícios. Vou relatar uma experiencia pessoal. Eu usei facebook de 2014 a 2018, tomava muito tempo aquilo, um dia eu resolvi tirar o aplicativo do celular e me propus a entrar apenas no computador caso quisesse ver algo, na pratica não entrei nunca mais, estou há mais de 4 anos sem acessar. Sobrou no meu celular apenas Instagram que eu usava apenas para fotografias na época, mas depois o perfil das publicações na rede mudou e comecei a perceber que começou a tomar tanto tempo quanto facebook tomava, então eu aproveitei o final do ano passado que mudei de aparelho celular e não reinstalei o app no novo aparelho, deixei para acessar apenas no computador, nesse caso meu uso reduziu em torno de 90%, vai fazer 1 ano em novembro. Então, para mim, simplesmente tirar do celular e deixar o uso apenas para o computador foi suficiente para conseguir manter um uso saudável. Deixo aqui essa sugestão!

P.S: para não dizer que Facebook não me serve de nada mais, eu ainda recebo no meu email a notificação do aniversário dos meus amigos e colegas, isso é ótimo! :)

Não é fácil assim desconstruir em pouco tempo algo que foi alimentado a vida inteira. No meu caso o problema são os games, que foram extremamente intensos na minha infância e adolescência e já perdi as contas das idas e vindas, tentativas e recaídas. A sensação de compulsão não vem de imediato, mas vai crescendo conforme o tempo vai passando ao ponto de sentir palpitação só de pensar na coisa, não dá pra negar o vício.

Pra mim o que funciona melhor é substituição e limitação. Como disse o Paulo, ficar de cabeça vazia com a coisa ali do meu lado me olhando não dá. Já cheguei ao ponto de achar todo o resto um tédio mas consegui reverter isso diminuindo a exposição mesmo, a gente vai se adaptando. No fim das contas não se trata de jejum, é um trabalho contínuo, até que deixa de ser um trabalho e fica natural.

@Bolleta por isso que eu prefiro trabalhar com algumas outras metáforas:

Como expliquei no vídeo, e em diversos textos aqui, seres humanos tem tendências fortes a vício.

Pessoas viciam em spray nasal, cara.

Aí fica a discussão de vício bom vs vício ruim.

Então vamos pensar em dependências? Fica um pouco mais fácil.

Você (pessoa hipotetica generica, eu não sei nada de você) tem uma dependência de atividas que tenham resultado de curto prazo.

E não tem nenhum problema com isso.

Todo mundo precisa de um tipo de coisa dessas na vida.

A pergunta importante é:

Pq videogames se tornaram a ÚNICA atividade, e pq ele tem o poder de destruir sua relação com as outras?

Daí, um racional clínico (pelo menos dentro dos frameworks que eu trabalho) levaria para:

Compreender que atividades com ganho de curto prazo você poderia começar, e quais habilidades novas você poderia aprender. Isso pode variar de carpintaria até leitura. Depende demais das condições individuais.

E fazer uma análise dos fatores de risco da tua vida que te empurram para o vício. Estresse no trabalho, dificuldades em relacionamento, isolamento sONcial, enfim... Que tipo de coisa colapsa a estrutura da sua vida e te leva para uma recaída.

Mas entenda, a saída SEMRPE é aprender coisas novas.

Entender os "gatilhos" (palavra que eu odeio) são só para aprender a manejar risco e quando o risco se manifestar diminuir os danos.

Frase espetacular do @Paulo que eu levo pra vida: "Destruir não constrói nada".
A gente fica tentando eliminar o mal, achando que o bom vai surgir automaticamente. 
O melhor é incluir bons hábitos. Os maus vão consequentemente perdendo relevância ao longo do tempo.

Lembro do @Bastter também falando algo parecido quando trabalhava com emagrecimento. Ele recomendava os pacientes a incluir bons alimentos na rotina, não ficava passando "dietas" para restringir a alimentação ruim. 

Melhor que destruir os caminhos ruins é se ocupar em criar caminhos alternativos mais saudáveis.