Gomezdavilianas I - 210 aforismos sobre livros e escritoresSelecionei alguns:
- 11º – A verdade nasce na alma que se agita no meio do silêncio das coisas.
- 15º – As palavras não comunicam, recordam.
- 17º – A explicação que não faça parecer mais misterioso o que explica fracassou.
- 20º -O ato filosófico genuíno está em descobrir um problema em cada solução.
- 37º – Todo fato é sempre menos interessante que seu relato.
- 39º – As ideias tiranizam o que tem poucas.
- 46º – Os que escrevem para convencer mentem sempre. Para não trapacear deve-se escrever com desdém.
- 62º – Quando o bom gosto e a inteligência estão de acordo, a prosa não parece escrita por um autor, mas por ela mesmo.
- 73º – A facilidade é o prêmio do gênio e o castigo do medíocre.
- 78º – A literatura não perece porque ninguém escreve, mas quando todos escrevem.
- 84º – A ciência política é a arte de dosificar a quantidade de liberdade que o homem suporta e a quantidade de servidão da qual necessita.
- 86º – Não pretendi alcançar o rigor de uma doutrina, mas a flexibilidade de uma atitude.
- 94º – A imaginação não é o lugar onde a realidade se falsifica, mas onde se cumpre.
- 108º – “Roda da fortuna” é alegoria melhor para a história que “evolução da humanidade”.
- 121º – Toda utopia exala o tédio de uma tarde de domingo suburbano.
- 125º – Desconfiemos mais da demonstração articulada que da intuição transbordante.
- 143º – O que permite suportar os demais é a possibilidade de convertê-los em relato.
- 148º – Nada debilita tanto a percepção de um valor quanto a tentativa de lhe demonstrar.
- 157º – O mais perigoso analfabetismo não é o de quem desrespeita todos os livros, mas o de quem os respeita todos.
- 160º – O homem solta de imediato as verdades que capta como se lhe queimassem a mão.
- 167º – Aprender a morrer é aprender a deixar morrer os motivos da espera sem deixar morrer a esperança.
- 171º – Acusar o aforismo de não expressar senão parte da verdade equivale a supor que o discurso prolixo pode expressá-la toda.