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Há poucos dias perdi uma amiga muito querida. Uma mulher jovem, alto astral, bonita, inteligente, com uma vontade enorme de viver. Foi muito triste, um câncer agressivo, uma situação irreversível (apesar dela não ter desistido até o último instante) e a forma como tudo se desenrolou me impactou muito.
Assim como eu, ela também era profissional de saúde e nos tornamos amigos há poucos anos por conta da indicação de outra amiga muito querida em comum (também profissional de saúde) quando ela passou por uma situação de saúde da minha área de atuação.
Na época deu tudo certo, tínhamos várias coisas e pessoas em comum que acabamos nos tornando bons amigos. Naquela mesma época eu e a esposa estávamos enfrentando vários problemas para termos nosso segundo filho e essa nova amiga foi um Porto Seguro (dessa vez, eu estava sendo ajudado na área de atuação dela).
Vários meses depois de nos tornarmos amigos, ela teve um problema de saúde sério (não da minha área de especialização). Ela acabou sendo diagnosticada com um câncer de prognóstico muito sombrio. Ela começou o tratamento (muito duro) foi muito forte, demonstrava uma força física e principalmente psíquica enorme. Felizmente respondeu super bem, estava radiante com a possibilidade de se recuperar (apesar das limitações que a doença e o tratamento complicado trouxeram - era um câncer cerebral).
Enquanto ela se tratava, eu dei muito apoio pra ela e enquanto minha esposa passava pelos tratamentos para engravidar, ela me deu muito apoio. Parecia um sonho quando fui contar pra ela da gravidez da minha esposa (contei isso em um post há uns meses) e ela me contou que já havia passado de 1 ano de remissão da doença! Ela tinha um hobby que era a fotografia e ja havíamos combinado que ela faria a sessão de fotos da esposa bem gravidona.
De vez em quando nos falávamos e era aquele alto astral de sempre. Fazia pouco mais de 1 mês que não nos falávamos. Minha esposa estava entrando nas últimas 12 semanas de gestação e semana passada eu enviei o convite do chá de fraldas. Ela demorou umas horas pra responder e de forma muito doce declinou o convite. Abriu o jogo (estava escondendo isso há umas 3 semanas) que estava enfrentando o momento mais desafiador da vida dela: a doença tinha voltado com tudo e ela estava começando uma nova quimioterapia (super super pesada).
Sendo profissional de saúde, sabendo do prognóstico desde o princípio, aquela noticia me deu um nó na garganta. Ela como sempre se mostrou forte, queria ver sua filha crescer. Desde então fiquei bastante chateado com a situação. Apenas 5 dias depois dela me contar, ela teve uma piora importante e foi internada. Eu e a amiga médica em comum fomos vê-la e - nos damos conta ao chegar lá - se despedir dela.
Pudemos conversar um pouco, como sempre ela foi muito agradável, amorosa, uma pessoa realmente ímpar. Falamos da sua filhinha, da minha filha, do bebê que vai nascer, lembramos momentos bons que vivemos… Foi muito muito duro ver a sua vida indo embora no decorrer daquelas poucas horas quando ela foi perdendo a consciência e as funções vitais… no fim minha amiga estava meio brava por seu tempo ter sido tão curto, por alguns projetos profissionais que ela bravamente manteve tocando não terem sido concluídos, por não ter tido a chance de fazer mais fotos, dado mais risadas, por sua filha ainda ser tão nova….
Tem sido muito difícil para mim nos últimos dias. Não só pela perda da amiga, mas pela sensação de “injustiça”, revolta e tristeza que o luto me trouxe. Sei que o tempo vai resolver algumas coisas, mas está muito doloroso passar por isso….