Pra quem não acompanhou os tópicos anteriores, quando entrei na bastter.com, eu morava fora, num emprego relativamente estável, ganhando em dólar, mas num ambiente de trabalho longe de saudável.
Em 2019, tomamos a decisão de investir em ativos que pudessem nos gerar renda passiva no Brasil (imóvel e FII) pra que a gente pudesse se mudar e não sofrer muito com a queda da renda em moeda forte.
Em 2021, executamos o plano, e apesar da minha esposa ter mantido sua renda em dólar, a minha renda do trabalho (agora CLT) diminuiu em quase quatro vezes. A renda passiva ajudou, mas não compensava as perdas.
Em 2022, comecei uma segunda fonte de renda, que passou a ser a principal e que foi totalmente investida em aumentar a renda passiva e na nossa festa de casamento no Brasil.
Em 2023 casamos e finalmente comecei a trabalhar meio-período CLT. Os dois primeiros meses de CLT foram meio assustadores. Os contratos vieram, mas a grana demorou um pouco pra entrar. A renda passiva segurou as pontas.
Em julho, recebi uma proposta para minha terceira renda, numa posição bastante estratégica em uma instituição com menos histórico do que as que trabalho e trabalhei, mas com grande potencial.
Veio a fase da loucura de trabalho - três frentes, todas elas exigindo demais de mim e a menos desafiadora e menos gratificante sendo a CLT, que passou a ser teoricamente 50% do meu tempo e 15% da minha renda de trabalho, mas aquela mais estável, que sempre está na conta no dia 1 ou do mês.
Viajo hoje a trabalho e esta será minha a 11a viagem desde o início de julho (9 a trabalho e duas a lazer). Avisos de potencial burn-out neste ritmo vieram de todos os lados - daqui, da esposa, dos amigos mais próximos, de colegas das três frentes. Lembrei do que o Paulo fala sobre lidar com situações difíceis e que a resiliência só é possível quando temos prazo pra que a situação acabe, porque sem prazo, todos nós quebramos. E eu não quero quebrar.
Com muito cuidado, veio a conversa com minha supervisora na quinta-feira passada. Ela me queria de todo jeito em uma sequência de reuniões do escritório em um dia que eu não deveria estar lá, enquanto eu estava em eventos que considero mais estratégicos pra minha carreira como um todo. Almoçamos juntos naquela dia e a conversa, que eu estava adiando, aconteceu. Construímos um acordo juntos.
Trabalho com eles como CLT até meados de novembro, a pedido dela, e irei ficar mais duas semanas com eles quando alguém vier me substituir na equipe pra fazer o hand over. De agora até lá, a recomendação dela é os demais colegas me colocarem nas listas curtas de consultoria da organização. Quero dar meu melhor esses dias e fechar tudo com chave de ouro pra deixar essa porta aberta.
Dá um frio na barriga. Pela primeira vez na minha vida, eu vou contratar meu plano de saúde, por exemplo. Sei que vida de consultoria tem altos e baixos, mas a renda passiva de agora, que claro, não é aagarantida (nada é), coloca mais chances ao meu favor de ser seletivo em relação aos trabalhos e a não ter que pegar qualquer coisa pra fechar as contas.
A gente quer engravidar agora. Então outros papéis devem surgir na vida em breve e eu gosto do fato da vida de consultoria ser mais flexível e me permitir trabalhar menos e curtir mais a família, se assim que quiser.
Estou muito feliz de ver que o que plano de transição do trabalho chegou a sua etapa final, ainda que tenha esse friozinho na barriga de finalmente ter que encarar a vida mais independente e sem benefício. Espero que dê tudo certo. E se não der, espero que as portas abertas que estou tentando deixar me recebam bem de volta.
Se alguém também passou por isso, está passando ou está planejando, podemos trocar uma ideia. Nessas horas, é legal ouvir e se inspirar em outras histórias. E isso é das coisas mais sensações daqui. O quanto a gente consegue aprender com os outros que generosamente contribuem em tópicos como esse.
Abraços e bom domingo.