Extraído do site "Daily Stoic":
"...uma das partes mais surpreendentes dos escritos de Sêneca é como ele, estóico confesso , cita Epicuro, o fundador do epicurismo. Até mesmo Sêneca sabia que isso era estranho, pois cada vez que o fazia em suas famosas Cartas, sentia-se obrigado a prefaciar ou explicar por que estava tão familiarizado com os ensinamentos de uma escola rival.
Sua melhor resposta aparece na Carta II, Sobre a discursividade na leitura, e funciona como um estímulo para todos nós em nossos próprios hábitos de leitura. A razão pela qual ele estava tão familiarizado com Epicuro, escreveu Sêneca, não era porque ele estava abandonando os escritos dos estóicos, mas porque estava lendo como um espião no campo do inimigo. Ou seja, ele estava deliberadamente lendo e mergulhando no pensamento e nas estratégias daqueles de quem discordava. Para ver se havia algo que pudesse aprender e, claro, para reforçar as suas próprias defesas.
É muito fácil, especialmente nas mídias sONciais e no mundo algorítmico de hoje, ficar preso em um ciclo de feedback de seus próprios pontos de vista. Você lê um artigo sobre um tópico e, de repente, tudo o que vê são mais e mais artigos sobre o mesmo tópico. Você assiste a um vídeo de um partidário de um lado do espectro e agora isso é tudo que você vê. A ideia de que existem outros argumentos convincentes e de boa fé do outro lado se torna cada vez mais remoto. Até mesmo se aprofundas no estoicismo pode ter um efeito semelhante. Há tanta coisa para ler, tantas coisas interessantes, que a ideia de deixar isso de lado para pesquisar o Budismo ou o Cristianismo ou mesmo ler grandes romances parece uma loucura.
Mas não é. Você tem que reservar um tempo para estudar e olhar para coisas diferentes do que é fácil ou confortável. Você também precisa estar aberto para ouvir coisas das quais discorda."