Fui passar o réveillon com a patroa no vale dos vinhedos, em Bento Gonçalves, na virada 23-24. Chegamos dia 30, ficaríamos até o dia 01, resolvemos passear por alguma vinícola que ainda não conhecessemos.
Vou omitir o nome da vinícola, mas é aparentada de uma conhecida por ter uma gata.
Pois bem. Chegamos lá, fomos diretamente para o restaurante, pois já era próximo ao meio-dia. Logo na entrada, fomos abordados por um senhor simpático e distinto, querendo nos levar para conhecer o empreendimento do castelo que estava começando a ser construído ali. Nos disse para voltar depois do almoço para uma apresentação sobre a vinícola e a família.
Beleza. Gostamos dessas coisas. Decidimos voltar.
Voltamos. Logo na entrada, começam a nos servir taças de espumante - bem cheias - e a fazer perguntas, tipo modelo do carro, ano, profissão, etc. Detalhe que já havia bebido uma taça bem cheia no almoço.
Aí seguimos para a tal da apresentação. Não dura 5 minutos. Só falam umas generalidades sobre a família proprietária da vinícola. E aí passam para o empreendimento principal, o tal do castelo. Todo mundo muito elegante, agradável e solicito. E o espumante correndo solto.
Descubro que o tal do castelo vai ser um hotel. E que estão vendendo partes do hotel. Legal.
Então, nos levam para um apartamento modelo do hotel. Bem bonito. Aconchegante. Gostaria de passar uns dias ali. Mais espumante é servido.
Disso, nos levam para uma sala com umas mesas redondas e algumas pessoas sentadas em cada mesa. Sou informado de que propostas de negócio estão sendo feitas ali. O senhor simpático que me acompanhava desde o início da jornada finalmente começa a dar detalhes sobre o negócio.
Ele me mostra planilhas e mais planilhas a respeito do empreendimento. Fala que cada cota a ser comprada daria direito a uma semana de estadia, com datas já estabelecidas no livro. E, importante, mostra um valor único caso o negócio seja fechado ali - mais ou menos 50% do valor caso eu resolva comprar a cota do apartamento pela imobiliária, ao invés da incorporadora.
Ambiente com música alta, tocando principalmente hard rock. Difícil de se concentrar. Apesar de também oferecerem café, continuava correndo solto o espumante. Uma colega dele se aproxima, bem arrumada, simpática, porém assertiva, começa a dizer que se tratava de uma oportunidade única, que os rendimentos com aluguel da cota facilmente cobririam o financiamento.
Nisso, um vendedor de uma mesa adjacente se levanta e informa a todos os presentes que um negócio acabava de ser fechado. Um casal de mais ou menos 50-60 anos havia adquirido quatro cotas. Aplausos.
Nesse momento, as taças de espumante e os cafés cobram seu preço. Sensação de urgência urinária - precisava de um banheiro para ontem. Peço licença, vou-me. Minha mulher fica.
Enquanto urino, resolvo olhar este fórum. Procuro por "multipropriedade". Primeiro resultado já me informa de que é furada.
Retorno. Demando minha garrafa de Cabernet franc, prêmio pela hora gasta, e digo que não vou fechar negócio sobre algo de que não entendo.
A vendedora da sinais de irritação, mas me deixa ir embora em paz. Com meu brinde.
Agradeço a este fórum pelo alerta. Não sei se teria ou não fechado negócio. Provavelmente não, nunca fechei um negócio na vida no primeiro encontro. Mas sempre tem uma primeira vez.
Negócio é não dar chance para o azar, como ensina o Bastter. Abriu a porta, o ferro vem. As vezes, só não vem por sorte.
Ou por vontade de ir ao banheiro.