Somos todos incrivelmente diferentes em temperamento, personalidade, objetivos de vida, circunstâncias atuais de vida... enfim, não tem como criar um gabarito, portanto cada um analisa a própria realidade, conforme suas perspectivas e vai fazendo o que acha ser as melhores escolhas.
Falando unicamente do aspecto econômico da vida, temos uma escala de perfis que vai desde o indivíduo extremamente poupador, que sacrifica em excesso o presente, por uma expectativa de um futuro mais abastado. E, na outra extremidade, o indivíduo que gasta o que ainda não ganhou, valoriza muito o presente e se esquece do futuro.
Desde pequeno eu me enquadro muito mais próximo do primeiro perfil, lembro que ganhava algum dinheiro dos meus pais, não porque eu pedia, mas porque meu irmão pedia e ganhava, aí eu acabava ganhando também. E aquele dinheiro ficava lá guardado até não valer mais nada. hehe (tempos de inflação mensal de dois dígitos).
Portanto, nunca tive muita dificuldade em guardar dinheiro, mas sempre tive dificuldade em gastar... sempre quando surge um impulso de comprar alguma coisa (isso é raro) eu pesquiso muito, fico matutando se eu preciso mesmo daquilo e na maioria das vezes eu acabo não comprando.
Para completar, minha esposa é parecida comigo, não é de trocar de carro, não é de mobiliar casa, de querer mudar de casa... então a gente acaba que consegue poupar algum dinheiro. Os últimos 5 anos foram de bastante disciplina financeira, poupando e investindo parte razoável dos nossos rendimentos.
Estamos com o mesmo carro há 9 anos, ele nos serve muito bem, é um carro bem rodado, completo e que não nos traz nenhuma dor de cabeça. Eu já havia pensado em trocá-lo no passado, mas sempre esbarrava no "eu preciso de um carro novo ?" e a resposta era não.
Esses dias, em uma conversa aleatória, eu e minha esposa estávamos comentando sobre esse nosso perfil extremamente poupador e surgiu a questão: "será que não estamos exagerando? será que não estamos sendo conservadores demais?".
Comecei a olhar carros, mas com aquele pensamento: "eu não admito pagar mais que xx em um carro, afinal, a gente não precisa de tudo isso". Aí olha consumo, desvalorização, seguro, IPVA... Aí eu penso: "É muita grana! Eu não preciso disso! Vou investir essa grana." E assim se seguiram os últimos dias: Eu não preciso X Eu quero e posso.
Com muito esforço eu mudei o desfecho da história dessa vez e comprei o tal do carro.
Foi um exercício de desapego do dinheiro, de valorização do presente, de busca pelo equilíbrio, por mim e pela família.
Aristóteles ensina que as virtudes estão no equilíbrio entre os vícios, nesse caso os vícios seriam a avareza em um extremo e a prodigalidade no outro.
O que predomina em você?