Eu e minha esposa estamos passando por um momento que vejo que vários aqui da bastter.com também estão. Temos imóveis quitados e alugados com valor mas que não atendem à necessidade atual de nossa família (um bebê vai chegar em julho, ela já estava e eu agora vou pro home-office).
Já moramos juntos em quatro cidades, mas agora vamos pra cidade onde moram meus pais, irmãos e meu cunhado para termos nosso filho perto deles. As circunstâncias nos tornam vítimas perfeitas pro giro de patrimônio ou o financiamento pra comprar o imóvel de moradia, mas depois de muita conversa e reflexão, optamos por alugar.
Pra quem está passando por isso agora, vai aqui um relato de quem fugiu do giro e do financiamento e encarou o aluguel. Os motivos que nos convenceram:
1) a moradia ideal durante a vida não é a mesma para todos os momentos - não é só filho nascendo e saindo de casa pra estudar ou parente idoso que pode precisar de cuidado. Quem imaginou o home-office pós-pandemia? E se quisermos morar numa chácara num
futuro que o EaD é uma opção de educação de qualidade? Pra que comprar o imóvel ideal pro nosso contexto de hoje, girando boa parte do nosso patrimônio, se não temos controle do que será nossa realidade amanhã?
2) essa será nossa quinta cidade em 9 anos. Por mais que seja onde mora nossa família, nossas redes profissionais não se resumem a ela e queremos continuar abertos a poder mudar no
futuro, ainda que isso nunca venha a acontecer, sem deixar muitos custos fixos pra trás.
3) imóveis grandes são, em geral, piores investimentos pra aluguel. Nossa pesquisa agora deixou isso bem claro pra gente. Temos, na mesma cidade, em bairros e localização piores, dois imóveis quarto & sala alugados por um valor, na soma, um pouco acima do aluguel que negociamos pra o apartamento de quatro suítes que iremos alugar. Ou seja, não VALE A PENA vender dois apartamentos pequenos, mais fácil de alugar, que te deixa mais diversificado e será mais adequado quando formos idosos, pra comprar um imóvel grande que funcionará pelos 20-30 anos que os filhos estarão em casa.
Algumas dicas importantes para quem deseja alugar e que levamos em conta na escolha do nosso:
1) More na melhor localização que puder e, nessa região, provavelmente haverá oferta suficiente pra você escolher com foco no que te interessa de verdade, independente do que o mercado valoriza (e.g. temos só um carro e escolhemos um apê de quatro suítes que "só" tem duas vagas (uma delas pequena) que, segundo o corretor, o deixou encalhado desde julho passado, o que nos fez negociar um bom desconto no aluguel - por outro lado, o apartamento tem tudo que valorizamos: espaçoso, cozinha integrada e planejada, vista legal e rua sem muito movimento);
2) Se possível, tente saber o perfil de quem está te alugando. Sei que quando alugamos, é o contrário. Entregamos na mão de imobiliária e nem queremos saber quem alugou, mas pra nós enquanto inquilinos, com família e filho pequeno, é bom saber que o nosso locador tem vários imóveis e que ele usa o aluguel como parte da renda, porque, mesmo sem
aagarantia, coloca as chances ao nosso favor de que não será um imóvel pedido de volta pelo locatário em breve;
3) último ponto (talvez o mais polêmico) foi nosso planejamento financeiro: estamos alugando um imóvel cujo custo total (aluguel, condomínio, IPTU) é menos da metade da renda passiva que recebemos de imóveis/FIIs. Nesta nova locação, estamos subindo nossos gastos em 50% porque aumentamos nossa renda passiva desde que voltamos ao Brasil, com novos aportes e reinvestindo religiosamente o que sobra. Não há nenhuma
aagarantia de vacância zero dos imóveis alugados e nem que os rendimentos dos FIIs acompanharão a subida dos aluguéis e por isso é fundamental manter uma boa margem e a disciplina de reinvestir o que sobre, especialmente por estarmos na fase de acumulação. Sei que isso não é uma possibilidade pra todo mundo, mas vejam: é a mesma disciplina que qualquer um aqui precisa ter pra juntar o dinheiro pra comprar o imóvel de moradia à vista. O BS ajuda se é momento de investir em RV (FII) ou em RF pra acumular pra compra de imóvel pequeno e bem localizado. Os FIIs também ajudam na disciplina porque o rendimento já aumenta no mês seguinte do aporte. Por último, sendo renda passiva do setor imobiliário, a chance é que o rendimento siga o ciclo imobiliário e os aumentos do seu próprio aluguel (sem
aagarantias, claro);
Esse último ponto, pra gente, foi o mais fundamental na decisão de alugar. Porque morar de aluguel trás o risco do custo fixo mensal mais alto e a alternativa à renda passiva de fontes pulverizadas e mais ou menos estável seria ter uma RE muito mais robusta (12 meses no mínimo), o que talvez seja a estratégia mais adequada pra quem não goste de FIIs e imóveis como investimentos. De qualquer forma, ter esse colchão que cobre o aluguel dá uma #pas indescritível...