Ao escrever isso, tento me lembrar de um dos chats do Paulo, onde ele nos diz (ou pelo menos foi o que eu entendi) que a finalidade do nosso trabalho não está essencialmente em nós mesmos e sim em um terceiro. Ninguém nunca vai trabalhar para si.
Tenho 24 anos, sou engenheiro civil e logo que me formei montei uma construtora sozinho. Empresa pequena, executo algumas obras, faço projetos e demais serviços de engenharia. Em essência o meu trabalho é pegar um problema de alguém e solucioná-lo, por exemplo, reformar a casa de alguém. O foco da empresa é levar sempre o máximo de comodidade para o meu cliente, não quero que ele me veja como uma ponte para obter o que ele deseja, mas sim como um profissional que realmente fez a diferença na vida dele e que solucionou o problema dele.
Acontece que, mexer com obras é extremamente desgastante, é literalmente um pepino atrás de outro pepino. A sensação no final do dia é que fiquei apagando incêndio o dia todo e que amanhã terei novos incêndios inimagináveis para apagar. Eu entendo que todas as profissões possuem os seus problemas, o que é natural de um oficio. Fiz estágios durante a faculdade e já tinha conhecimento da dor de cabeça que é mexer com obras, mas nunca me importei tanto. Hoje na linha de frente percebo que o buraco é mais embaixo.
Acho que estou naquela fase de virada da vida, onde "viramos Homem" (com H maiúsculo para parecer mais importante ainda) e tenho medo de estragar tudo, ai parece que qualquer acontecimento pode ser um fato decisório sobre o resto da vida. Mas como o Paulo também diz, entre o 8 e o 80 tem uma caralhada de opções.
O fato é que trabalhamos sempre querendo dar o nosso melhor e nem sempre os resultados superam as nossas próprias expectativas e nos frustramos muito.
Resultado, eu estou aqui no trabalho, repensando a vida pela milésima vez no dia e desabafando com uns avatares de cachorro para ver se me sinto um pouco melhor :)
Depois eu volto, começou um incêndio novo.