Tenho dois amigos. Seres humanos incríveis. Coração bom.
Ambos trabalhavam juntos numa determinada empresa. Assalariados.
Um deles era mais controlado e conseguia guardar um dinheirinho. O outro sempre foi um pouco estourado. Apesar de ambos ganharem "pouco", o primeiro conseguia poupar um pouco.
O poupador, certa vez, comprou uma barraca (tipo fiteiro) como investimento. A intenção era revender a barraca com a perspectiva de ganho. A barraca não tinha nada. Era apenas uma barraca (Objeto).
Enquanto não aparecia comprador para a barraca, ele comprou uns confeitos e umas pipocas e passou a revender. Depois comprou uma cervejinhas para revender aos amigos que ficavam ali batendo papo.
O negócio cresceu. Cresceu bastante ao ponto de virar um empresa (bar/restaurante) e empregar pessoas. Tipo: Mais de 10 pessoas.
Até o amigo não poupador foi contratado para fazer uns bicos nos FDS.
Tudo indo de vento em polpa. Muito capital de giro.
Aí o amigo poupador começou a achar que capital de giro era lucro. E o pior: Começou a trocar o capital de giro da empresa por coisas. E tome custo na empresa. A coitada começou a carregar sobre os seus ombros (balanços) financiamento de Apartamento, de Carro e outras coisas mais.
Por falar em carro, empresário não pode andar de celta. Assim dizem! Só pode andar de TORO pra cima.
Pois bem: Muito custo requer muito trabalho, e o banco quer o seu pedacinho do contrato de mútuo.
Aí foi o seguinte: A empresa começou a capengar e o amigo poupador, agora empresário, tinha que ficar de domingo à domingo disponível ao seu "trabalho". Por sua vez, o amigo não poupador (assalariado) continuou mantendo sua vida: Seg à Sexta no trampo, e domingo cervejinha e pagode.
Conclusão: Um não tinha tempo, mas tinha a posse de uma TORO e de um AP. (A posse, pois a propriedade era do banco). O outro não tinha TORO e nem AP, mas tinha tempo.
Aí você deve tá pensando: "Uai, só é vender a TORO e o AP? Na verdade repassar a dívida"
Questãozinha de prova: Num aperto financeiro você: a) Baixa o padrão de vida; b) Mantém o padrão de vida; c) Aumenta o padrão de vida
Tenho certeza que você assinalaria a Letra A. Porém a resposta assinalada foi a LETRA B de bola!
"Jamaisssss....... o que vão dizer de um empresário que não anda de CARRÃO!"
Pois bem, só esqueceram de avisar isso a empresa. Ela pediu demissão. Não aguentou o desaforo.
"Dinheiro não aguenta desaforo"


Resumo da ópera: Atrasaram as parcelas do CARRÃO. O banco cochichou no ouvido do Juiz. O Juiz chamou o Oficial de Justiça. O Oficial de Justiça foi pegar o CARRÃO de volta.
Agora a cereja do bolo: Ontem o amigo não poupador me liga. Me explica e pede ajuda. Apenas uma contribuição (cota), pois todos estão solidários em recuperar o CARRÃO. Claro que contribuí. Ele merece a ajuda, tem um coração bom! "Ele só não tá sendo bom pra ele mesmo", assim diria minha avó!
Agora eu ainda estou intrigado com duas coisas nessa história:
1. O amigo não poupador dando conselhos de finanças ao "empresário" (rsrsrssrrs)
2. O porque ainda estarmos tentando recuperar esse bendito carro.




Que Deus dê a ele sabedoria. Que ao ler essa história você também adquira sabedoria.
"Dinheiro não aguenta desaforo"