FIV: Embriões excedentes
comentada em 05/11/2024 12:12

É uma questão muito pessoal.

Eu e minha mulher fizemos FIV também, implantamos dois de uma vez só, temos hoje um casal de gêmeos com 10 meses de idade, e temos 2 embriões que sabemos que são euplóides que estão lá congelados.

É algo complicado e MUITO pessoal e envolve muitas vezes crenças religiosas sobre o início da vida. Por enquanto estamos mantendo lá esses dois embriões porque não sabemos o futuro e não descartamos ter mais filhos. 

Porém, se fosse o caso eu ACHO que quando chegar a hora eu não teria problema em destiná-los à pesquisa ou à doação. Afinal, foi graças às pesquisas feitas em outros embriões que hoje nós podemos ter nossos filhos. E para pessoas que não conseguiram gerar embriões e ter filhos, nem mesmo com FIV, pode ser a solução para uma nova família. 

Se você doar não vão ser os seus filhos criados por outra pessoa, como você falou. Serão os filhos de outra pessoa que você possibilitou realizar um sonho. Da mesma forma o processo de adoção, o filho é de quem adotou; ou até o processo de doação de sêmen para casais inférteis, o filho será de quem usar o material.

Talvez eu mude de ideia quando chegar a hora, mas hoje penso assim.

E, dentro da tua própria lógica, se você não quer ter mais filhos e não vão engravidar, faz sentido simplesmente descartar os "teus filhos" do que possibilitar a eles algum destino melhor (ajudar alguém)?

Entedo em parte o seu dilema, por que hoje sou pai de uma criança de um ano e pretendo ter outro.
A mulher tem um ponto de vista as vezes diferente e mais relevante, penso eu.

Dito isso. Também ficaria incomodado em pensar que tem filhos meus sendo criado por outras pessoas.

Tenho minhas dúvidas se você vai enxergar um norte com os comentários que recebe em um fórum ou vai te deixar mais confusa.

Depende muito das crenças da pessoa, religião e etc. Respeito isso. 
O que eu penso é que um embrião é muito diferente de uma criança. A gente pensa q ali tá uma criança em formação. Mas acho que não dá pra considerar. Até virarem uma criança mesmo, tem muita coisa pra acontecer.

Então se fosse comigo acho que doaria pra pesquisa.
Por que descartar também coloca um peso na nossa consciência. Acho que a doação pra pesquisa é um meio termo aceitável.

Não passei por isso.

Vou dizer o que sei, cientificamente! Pode parecer um pouco frio, mas sou apenas um avatar de um Moai.

Para gerar vidas, o ser humano "desperdiça" muitos embriões. Provavelmente vcs, na tentativa de fazer filhos naturalmente, desperdiçaram muitos embriões sem nem saber ou sentir.
O que acontece hoje é que, na tentativa de fazer um filho em FIV, vcs tem um número contabilizado de embriões. Psicologicamente isto está afetando vcs e eu não sei o motivo, se é religioso ou simplesmente o fato de espelharemos embriões aos filhos.

Um embrião é um nome muito genérico, e pode ser dividido em varias fases até se tornar um feto após 8 semanas da fecundação. Em geral, é congelado entre o 3 e 7 dia após a fecundação, nesse estágio o embrião é composto por 6 a 100 células (isso daria, em área, ~0,00106cm² se fosse pele humana).

Na fecundação natural, o embrião se prende a parede do útero entre 6 a 10 dias após a fecundação. Caso isso não ocorra (maioria das causas de não gravidez) o embrião é perdido, "desperdiçado". e a mulher nem sente, pois tem apenas 0,00106cm².

Então, todas as vezes que vcs tiveram relações e tentaram fecundar, provavelmente "desperdiçaram" um embrião. Talvez esses 6 congelados possam parecer pouco agora.

Lembre-me, uma mulher ter filhos depois do 40 é de grande risco, para o bebe e para a mulher. Suas crianças merecem envelhecer com a mãe.

Foquem nos filhos que estão saudáveis.

questao muito complexa
dificil ate de opinar
mas eh melhor ter chance criado por outros ou nao ter
so acho q se vc liberar tem de ter uma forma de vc nao ficar sabendo o q houve
talvez precisa de terapia

Releia o que vc escreveu:

"vejo que as possibilidades que não sejam a de implantar os embriões me parecem cruéis pois para mim eles são vidas e a possibilidade de meus filhos serem criados por outra pessoa no caso da doação dos embriões também me assombra"

Qual é a solução? Está disposto a seguir com ela?

Nós também fizemos FIV e conseguimos 4 embriões.
Tivemos sucesso em apenas 1 transferência (A nossa bebê está completando 1 ano). 
Abrir mão dos embriões remanescentes é bem difícil, qualquer que seja a escolha.
É algo que não estamos preparados emocionalmente para lidar, quando iniciamos todo o processo.

Uma nova consulta com a ginecologista especialista em fertilização pode ajudar a escolher o melhor caminho a ser tomado. Nos solidarizamos com vocês pois sabemos o que é passar por isso!

Se você não pode criar (no sentido de assumir) essas vidas, doe para outras pessoas, para essas vidas germinarem e crescerem. Serão seus filhos apenas geneticamente, mas serão os filhos de outras pessoas. 
Pense que essas vidas foram geradas e vocês morreram, elas não teriam de ser criadas por outras pessoas mesmo?
É melhor que a alternativa de descartá-las. Eu não doaria para experimentos também, não, pois isso significaria matá-los.
Meus 2c.

@Florinda

> nao posso opinar diretamente, nem tenho filhos, mas passo o que já aconteceu com amigas minhas.
> vc tem duas opcoes:

1@ opção- vc pensa que está ajudando alguém a ter um filho e não tome como seu, não queira saber, entregue a deus esta vida e fique contente de ajudar.

isso pois, se após x anos vc se mete na vida deste ser, pode dar muito problema para todos os envolvidos.

a criança pode crescer sabendo que a mãe de criação é uma, a biológica é outra, pode ser muito claro mas, novamente, ninguém sabe como será a reação.

2@ opção- descarta e pronto, não se preocupa mais.

ainda não são seres humanos, são células de um corpo que não são nem embriões e sozinhos não vão gerar nada.

e se gerar num futuro após uma inseminação, vc nunca saberá o que pode dar pois depende de uma infinidade de fatores.

“angústia que passei na tentativa de ter filhos foi infinitamente menor do que o deserto que estou passando agora”

Talvez você sinta isso apenas porque teve sucesso e já está com seus filhos em casa. 
Minha esposa e eu estamos há 4 anos tentando engravidar. Fizemos já várias tentativas de FIV sem
sucesso. E nós não temos filhos ainda. É uma situação excruciante.

Agradece que você já conseguiu e se possível disponibilize suas sementes para que talvez possa realizar o sonho de outros casais ou Até mesmo para pesquisa, porque isso também contribui.

Se seus questionamentos vem de uma crença religiosa, converse com a autoridade religiosa da sua igreja (padre ou pastor).

Caso contrário, não sei opinar.

De qualquer forma, desejo sorte para você solucionar essa sua angústia.

Abraço

@Florinda gratidão por compartilhar ... que Deus possa te dar sabedoria e que você consiga decidir com tranquilidade e paz no coração ... eu e minha esposa temos 4 embriões, a nossa ideia é ter os quatro se assim Deus permitir ... mas desta vida a gente nao sabe de nada, o que for pra ser vai ser com a permissão de Deus sempre! Antes de a gente ir pra FIV, tivemos várias conversar com o Padre da nossa igreja ... ele foi muito amigo e nós ajudou muito ... após alguns anos de tentativa ... ele disse assim pra gente qdo decidimos pela FIV "vcs estão buscando a vida" ... confesso que ainda temos medo do preconceito .. e com essa decisão dos embriões também ... a gente fez e faz terapia (antes da FIV tbm) ... mas tem decisões na vida que as vezes precisa ser tomada .... que Deus te abençoe!

 

@Florinda a forma que eu entendo o que você escreveu, o seu dilema parece estar numa percepção moral das coisas, mas em específico, pq você colocou sobre você uma decisão.

Em especial, se colocou na perspectiva moral de um dilema com duas alternativas complicadas.

Eu entendo que isso seria um tipo de problema do bonde/trolley problem, e nos melhores entendimentos desse problemas, não tem uma solução real, apenas cada um aplicando seu entendimento de mundo sobre a vida:

Trolley problem - Wikipedia

Para mim, o problema do bonde não recai a nenhuma situação, ou arranjo de situações específicas, mas as complexidades envolvidas em uma escolha.

A pessoa que puxa a alavanca não tem responsabilidade nenhuma sobre a coisas que estão acontecendo ali, tudo foi colocado lá a revelia de quem está vivendo o problema, e agora a pessoa tem que tomar uma escolha impossível.

Então, o problema moral não se dá tanto assim sobre a crueldade de não implantar, e, sim por ser algo que colocou você na posição de escolha sobre essa decisão.

A perda de gametas, ou, usando o termo que você usou, a possibilidade de vida, é absurda na vida de qualquer pessoa. Uma mulher tem em média 400, um homem em uma única ejaculação perde entre dezenas de milhões e um bilhão de espermatozóides.

Ninguém tem culpa ou responsabilidade por isso, é a natureza da humanidade, é assim que somos feitos.

Para ninguém, em nenhuma situação do planeta, parece justo atribuir crueldade quanto a isso, até pq seria impossível lidar com os efeitos de agir para dar a vida a todos esses gametas (em especial aos masculinos, que produzem a população brasileira de uma única vez).

Muito menos a responsabilidade sobre eles, de fecunda-los, ou de viabiliza o desenvolvimento dessas possibilidades.

Se fossemos seguir o pensamento sob a responsabilidade desses gametas, teríamos que armazenar todos e cada um, de cada mulher do de cada homem. Não haveria recursos no planeta para isso.

Ninguém é cruel ou assassino por isso. Mulheres perdem gametas a cada ciclo, homens ejaculam espontaneamente se não tem atividade sexual.

A perda de gametas é um processo natural, eu entendo a dificuldade da posição em que você se encontra, de se ver na possibilidade de tomar uma decisão sobre isso, que geralmente nunca é visto como uma decisão.

Eu acho importante que você reflita sobre sua posição e qual decisão tomar, mas sem levar para o lado radical de se ver responsável por 400 possibilidades de vida, e entrar em uma situação auto destrutiva por se impor um mandato impossível.

Ou das milhões de possibilidades perdidas, pois para fecundar o óvulo, será feita a coleta de semen, e dos milhões de espermatozóides do seu marido, só um será usado.

Então, mesmo que fecunde o ovulos, milhões de possibilidades de vida do seu marido serão perdidas no processo.

Peça ajuda, converse com pessoas ponderadas e que sirvam de apoio, de quem te ajuda a assumir aquilo que pode ser importante para você,

Não por uma senso de culpa por uma responsabilidade que nunca foi sua.

Culpa é um péssimo motivador para uma decisão tão importante como dar a vida.

Também fizemos FIV e conseguimos 7 embriões, dos quais 5 foram utilizados em em 2 tentativas (um se perdeu no descongelamento), vindo a primeira filha. Não tinhamos, a princípio, intenção de ter mais filhos e os 2 que sobraram ficaram congelados por 5 anos. Também passamos por esse dilema e resolvemos colocar os 2 restantes e que fosse feita a vontade de Deus. Veio a segunda filha. É uma decisão do casal e qualquer que seja a escolha, sigam firmes e unidos e se preciso for, façam terapia. 
Não sei te dizer o que faríamos que ainda tivéssemos muito embriões (com 2, a decisão foi mais fácil). Que tenham a serenidade e paz, independente do que resolvam fazer.

Também passamos por todo processo, 09 anos tentando engravidar, até chegar na FIV. Hoje tenho duas filhas adolescentes (16 e 14), ambas geradas por FIV.

Talvez esteja pensando que todos os embriões são viáveis, já que o seu primeiro foi. Mas, nós passamos pelo conhecidos perrengues: nenhum embrião se desenvolveu, embriões se perderam após o descongelamento, embriões implantados não se desenvolveram, etc E, assim como você, compartilhamos do pensamento que o embrião que se desenvolve é vida.

Não existe uma resposta fácil e direta. Minha esposa rezou muito, eu sou mais pragmático. O importante é o casal se manter unido. Qualquer que seja a decisão é olhar para frente e botar uma pedra sobre o que passou.

Não fiz FIV, mas tenho 2 filhos.
Entendo ser uma decisão pessoal e muito difícil.

Como o Paulo e alguns colegas disseram, num processo de FIV longo, perdemos vários óvulos, espermatozoides e embriões. Mesmo quando tudo dá certo, alguns nidam (grudam no endométrio), outros não, alguns terminam a gestação, outros não, é impossível saber o que ocorreria naturalmente com os 6 que vocês guardaram. É díficil estabalecer na natureza quantos embriões são perdidos por dia no planeta de maneira natural, e mais quantos são perdidos nas FIVs mundo afora. A natureza é mais feita por erros e morte do que por vida e sucesso. A morte é sempre certa quando há vida, a vida é sempre uma incerteza a espera da morte.

Existe um embate religioso, ético e moral de saber quando de fato é uma vida, se é na fecundação, na mórula, na nidação, no embrião, no feto, provavelmente nunca teremos essa resposta. 

Ofertar para outras pessoas precisa ser feito de maneira desapegada, livre de cobranças e paranoias. Um ato de amor à eles e ao próximo, mas precisa vir com absolutamente zero cobrança sobre o futuro deles, qualquer coisa pode acontecer de bom e de ruim, inclusive nada.

Doar para pesquisa o desapego é maior ainda, pois não sabemos definir o que é crueldade ou maldade com um serzinho que nem sabemos se é de fato um serzinho. A ciência evolui com a doação, mas também com sangue e sofrimento.

Não sendo viável implantar os 6, seja por saúde, idade, questões financeiras, talvez o mais fácil seria apenas descongelar e deixar a natureza encerrar o processo (evitaria usar o termo descarte pois é pesado e traz angústia).

Mas, reforçando a mensagem do Paulo, eles foram gerados artificialmente, para doar a vida a duas belas crianças, não carregue o fardo da culpa, agradeça pelo milagre que a medicina te proporcionou e não te tortures por isso.

Não passei por isso. Quando minha esposa e eu começamos a procurar tratamento de fertilização, depois de duas perdas espontâneas, ela engravidou naturalmente e a gestação teve sucesso.

Acho que vocês precisam de mais tempo: Mantenham os embriões congelados e amadureçam a decisão até que tenham certeza sobre qual opção irá gerar menor sofrimento para vocês.

Como você disse, a decisão é muito pessoal. No seu lugar, eu que não tenho amarras religiosas, tenho muito claro o que faria...

Moral e objetivamente a decisão de doar parece a mais acertada. 

Se pelo menos uma dessas crianças nascer que alegria seria ! e se todas viessem ao mundo quanto mais belo seria! 

Nunca conheci ninguém que entre nascer e não nascer preferiria não ter nascido. 

Decisão totalmente pessoal.

Agora essa questão de tratar embriões como vida igual a nossa é bem relativa.  Creio que no máximo são vidas em potencial. Até pq quanto mais passa o tempo maior o percentual de embriões que não irão se concretizar em vida...

Eu doaria para pesquisas, se não fosse implantar mais. 

@Mauro
"ainda não são seres humanos, são células de um corpo que não são nem embriões e sozinhos não vão gerar nada."
Já são embriões Mauro, óvulos fecundados, inclusive classificados e segundo a embriologista da clínica de fertilização tem a possibilidade de 02 a 03 viáveis mas que só poderão ser transferidos ao útero se evoluírem para blastocistos caso não se percam após o descongelamento. Ao pensar em descartá-los imagino que seria aborto e para doar para reprodução sinto que estaria doando meus filhos. Muito ruim esta situação. Acho que vou precisar mesmo de terapia. Agradeço a todos pelas palavras.

postado por @Florinda em 05/11/2024 10:54

Mauro
"ainda não são seres humanos, são células de um corpo que não são nem embriões e sozinhos não vão gerar nada."
Já são embriões Mauro, óvulos fecundados, inclusive classificados e segundo a embriologista da clínica de fertilização tem a possibilidade de 02 a 03 viáveis mas que só poderão ser transferidos ao útero se evoluírem para blastocistos caso não se percam após o descongelamento. Ao pensar em descartá-los imagino que seria aborto e para doar para reprodução sinto que estaria doando meus filhos. Muito ruim esta situação. Acho que vou precisar mesmo de terapia. Agradeço a todos pelas palavras.

- Perdão, pensei que somente fossem as células sem fecundação.
Na hora que fecunda, é uma interpretação pessoal.

Minha intenção foi somente tirar um pouco do peso.
Não foi fazer "menos" da situação.

- Acho que a terapia, ao menos durante um curto período, seria uma boa forma de enfrentar esta situação com um olhar diferente.

Porque, por mais que possamos dar idéias e opiniões aqui, vc que está "sentindo" a situação.

- Espero que vc resolva este impasse da melhor forma possível e que fica muito tranquila com a resolução que tomar.