Olá, comunidade. Meu primeiro tópico por aqui. Bom, devo começar dizendo que li os outros tópicos de herança mas não achei nenhum outro caso muito parecido com o meu. Vou tentar resumir ao máximo para irmos logo às questões centrais.
Este ano meu pai faleceu e deixou um imóvel para mim e minha irmã, numa cidade litorânea bem turística onde não moramos nenhum dos dois. E esse foi só o começo dos problemas.
O imóvelÉ um apartamento de dois quartos, num condomínio fechado bem caro. Tem um custo mensal que nem eu nem minha irmã temos condições de pagar. Para melhorar tudo, está devendo uns 20 anos de IPTU, quase um ano de condomínio (o que já virou ação de cobrança e passou do nome do meu pai para os nossos), fora outros impostos que nem conseguimos levantar ainda (taxa de incêndio, taxa da marinha etc.). O imóvel precisa de muita manutenção, está com dois pontos de infiltração por conta do andar de cima e, por mais que falemos com o morador e com o síndico, nada nunca é feito.
Fora outras coisas do imóvel em si, como um trecho de uma parede sem acabamento, portal da porta de entrada quase soltando e, o mais grave, simplesmente uma parede grande do imóvel que está cedendo e a qualquer momento pode cair (devido a um erro de projeto no condomínio inteiro). Ele fica num andar alto do condomínio que só tem escada e, dentro do próprio imóvel, tem outra escada mega complicada. Ou seja, na minha opinião, não tem valor sequer para ser guardado para velhice. Tanto que nos últimos dias do meu pai lá, ele só conseguia acessar um dos andares do apartamento.
Ah, e o rolo só fica maior: o imóvel está no nome da construtora (que já faliu), que vendeu para um cara (que já faleceu e nem é aqui do estado), que vendeu para meu pai. Isso tudo 40 anos atrás. Temos toda papelada que comprove as transferências, mas no RGI e prefeitura, consta tudo no nome da construtora ainda.
Minha irmãÉ um caso clássico de pessoa que não tem controle financeiro. Não quero me arrastar muito aqui porque cada um faz o que bem entender do seu dinheiro. Mas ela tem nome sujo por sair comprando quinquilharia, como 3 camas para pets num mês só. Enfim, traçado o perfil, o que importa é que minha irmã reluta em vender o imóvel. Ela pretende alugar (fixo ou por temporada), o que de início até achei uma ideia aceitável. Mas, se alguém alugar de forma fixa, tem todas as obras que teríamos que fazer (e lembrem-se, não temos dinheiro nem para pagar os custos mensais do imóvel).
Para alugar por temporada, ainda que coloquemos em sites próprios para isso, teríamos que investir em algumas coisas para o conforto dos hóspedes, teria que ter alguém no lugar para administrar isso tudo (numa cidade que fica a 3h de distância dela e a 6h de mim) e, o pior, tem toda incerteza e volatilidade de datas além de que os custos continuariam com a gente (condomínio, internet, luz que aumentaria bastante afinal quem aluga imóvel por temporada quer mais deixar o ar condicionado e luz acesa o dia todo).
Ela é muito apegada ao imóvel pois era o lugar onde passávamos os verões na infância, mas acho que ela mais uma vez está sendo irresponsável financeiramente - só que agora de forma que me atinge também. Afinal, quer manter algo que não temos as mínimas condições de manter.
As soluçõesComo bom seguidor da filosofia Bastter, eu só quero evitar dor de cabeça. Desde que abrimos o processo de inventário, que fizemos extrajudicialmente, falei para deixarmos o imóvel na mão das advogadas que cuidavam do caso (são advogadas de confiança, que nos conhecem desde que nascemos e tem foco na área de imóvel, também fazem gestão deles). Ela bateu o pé que não queria, que era melhor a gente alugar por conta própria para "não ter que pagar a taxa de administração". Ou seja, só pensa em quanto pode ganhar, mas nunca no quanto pode perder. E não sendo ela nem eu minimamente versados na arte de administração de imóveis ou sequer residentes da cidade, isso só piora.
Sinceramente, se dependesse de mim, eu venderia esse imóvel amanhã. Eu era desses que pensava que ter imóvel era a melhor coisa da vida, principalmente a nível de patrimônio, mas é incrível como esse apartamento completa o bingo de coisas que fazem um imóvel ser ruim (talvez ainda falte alguém fazer uma boca de fumo do lado para completar o bingo, mas vocês entenderam).
E eu sei que, pelas dívidas e até pela questão da regularização, esse imóvel deve perder uns bons 25 ou 30% do valor. Para mim, isso não importa, porque o potencial dele gerar dores de cabeça e até gastos maior que isso é muito alto. Eu nunca tive dívidas e sou a única pessoa da família sem nome sujo. Mas acabei herdando uma ação de cobrança e um imóvel que só traz dívida e dor de cabeça. Eu venderia, guardaria o dinheiro de forma diversificada e esqueceria que ele existe. Mas acho que minha irmã fica com medo de que vai gastar tudo (provavelmente vai) e não quer vender de jeito nenhum, fica nessa ilusão de aluguel que, no melhor cenário, demoraria uns 15 anos só para pagar as dívidas do imóvel. Isso já me tirou o sono por muito mais tempo que aguentei e, embora eu esteja mais tranquilo agora, talvez me ligando em outras coisas, ainda fica a questão do que fazer.