Pessoal, boa noite. Estou escrevendo aqui porque não tenho com quem desabafar. Estou casado há 14 anos, tenho um filho de 10 anos, mas não estou nem um pouco feliz. Fui muito pobre na infância e hoje tenho uma vida confortável. Sou médico e conheci minha esposa quando era residente, ainda morando com meus pais num lugar bem barra pesada… Nunca tive a certeza de que ela era aquela pessoa especial, mas talvez por solidão ou medo de ficar sozinho, nos casamos depois de 05 anos de namoro. Ela tem sido uma grande companheira ao longo de todo esse tempo, mas não consigo admira-lá por nada além disso. Ela é dentista, muito boa por sinal, mas parou de atender por medo, depois de uma anestesia mais profunda ter deixado um paciente com o rosto inchado - uma complicação nada desejada, mas prevista e nem um pouco grave, segundo o que pesquisei à época. Desde esse ocorrido, ficou só na parte de ortodontia até a pandemia, quando parou de trabalhar de vez. Por mim, tudo bem, não tem problema ela não trabalhar. Mas isso a fez ficar frustrada, triste, e sempre me culpando por não ter o dinheiro dela, sendo que eu não tive nenhuma participação nisso. Ah, esqueci: não concordei que ela fizesse medicina numa faculdade privada, a um custo de cerca de 12 mil reais ao mês que seria muito pesado para o nosso orçamento e sem garantias de que, depois de formada, ela fosse trabalhar para compensar esse gasto/investimento. Ela é super nervosa e ao mesmo tempo sem pulso com nosso filho. O menino é fantástico: amoroso, inteligente, alegre, mas ao mesmo tempo é levado e desafiador. De fato ele a enfrenta… Inclusive ele ja partiu para bater nela. Ele está no psicólogo, botei de castigo de tudo e depois fui tirando aos poucos, mas mantendo pulso firme, porque me enfrentaria também se eu desse mole. Voltando a minha esposa: me sinto cruel falando isso, mas não consigo admira-la em
nenhum aspecto. Sei que ela não está bem, mas não aceita ajuda: não acredita em psicólogo (acha que é besteira), nem psiquiatra (vai ficar dopada) refratária a atividade física (não sou exemplo porque também não faço)… Reclama de tudo, do filho e de mim, tudo é chato… Hoje passei na casa dos meus pais depois do trabalho (já tinha duas semanas que não os via) e cheguei em casa por volta das 20:30h. Ela me recebeu e foi deitar. Não sem antes ter dado um ataque comigo no caminho pelo telefone simplesmente porque frente a uma desobediência do nosso filho, repetia que ele não a obedece mais e eu disse que ela não deveria dizer isso na frente dele. Antes que alguém especule, não estou apaixonado por ninguém, não estou saindo com ninguém, nunca a traí. Sou nerd, sou muito sério, sou feio e não sou de ficar dando confiança para ninguém na rua. Não tenho coragem de pensar em divórcio. Tenho medo de viver sem ela, tenho medo de como ela viveria sem
mim (sei que é pretensioso, que se eu morrer amanhã ou ela se apaixonar por outro, rapidinho ela aprende e que talvez ela ficasse bem melhor sem mim), tenho medo de como meu filho ficaria sem os pais casados, tenho medo de dividir o patrimônio, tenho medo de descumprir uma orientação da minha religião… Enfim, acho que o que mais me prende a ela é o medo. Mas não é só isso: sabe aquela estória de estar junto na alegria e na tristeza? Eu me sinto um impostor quando penso em deixá-la. O fato é que não tenho prazer em meu casamento e isso está me deixando triste. Cada vez mais. Estou encolhendo: cada vez expressando menos minha opinião, para não ter confusão, dormindo tarde enquanto ela dorme cedo, me sentindo sem perspectiva…