vício em videogames e, consequentemente, cigarro - Ajuda Eu Pow!
comentada em 11/01/2025 15:42

Amigo, seu foco tem que ser totalmente largar o cigarro. Se você associou o vídeo game como um trigger ok, mas o foco tem que ser o cigarro.

Vicio em vídeo game eh infinitamente menos pior.

Concordo com o amigo acima.

Ficar 1 semana das férias fissurado em um jogo que tu curtiu não me parece ser um problema ou algo tão incomum, quase não jogo videogame e isso acontece comigo a cada 2-3 anos quando acho algo que curto.

@manguito @adicionado fala meus amigos, muito obrigado pelos toques. de fato, em relação a danos, não tem comparação mesmo. o videogame também virou algo da rotina, às vezes jogo em meio a reuniões de trabalho, de manhã quando acordo, então não é só de férias, não expliquei bem pra reduzir o texto. PORÉM vcs tem toda a razão do mundo que o foco tem que ser o cigarro, que é um vício BEM mais complicado de largar, então vi no corte do videogame uma possibilidade de ao menos reduzir pq também o foco é parar.

justificando o injustificável, e concordando muito com vcs quanto ao foco total no cigarro. ??

@MaioneseHolder no q o TDAH te prejudicava
pq a medicação parece q ta te prejudicando bastante
ha casos leves de TDAH q nao interferem muito na vida

@Bastter me sentir incompetente no trabalho, não falar em reuniões por medo de falar algo que já falaram, dificuldade em me relacionar com pessoas no trabalho, etc. hoje consigo estar presente numa conversa, curto mais o tempo com meus pais e minha namorada, tenho disposição pra sair de casa e fazer alguma atividade, comendo menos besteira, etc. tudo isso com bem menos esforço, me sinto bem em todos os outros aspectos.  isso aí mudou muito e tive benefícios. o cigarro sempre foi um escape, só intensificou. é uma faca de dois legumes, mas entendo perfeitamente sua colocação de que teve pioras e pioras graves, que precisam ser vistas. valeu, bastter. 

postado por @MaioneseHolder em 31/12/2024 10:01

Bastter me sentir incompetente no trabalho, não falar em reuniões por medo de falar algo que já falaram, dificuldade em me relacionar com pessoas no trabalho, etc. hoje consigo estar presente numa conversa, curto mais o tempo com meus pais e minha namorada, tenho disposição pra sair de casa e fazer alguma atividade, comendo menos besteira, etc. tudo isso com bem menos esforço, me sinto bem em todos os outros aspectos.  isso aí mudou muito e tive benefícios. o cigarro sempre foi um escape, só intensificou. é uma faca de dois legumes, mas entendo perfeitamente sua colocação de que teve pioras e pioras graves, que precisam ser vistas. valeu, bastter. 

bom parece q seu caso era mais grave
mas vou te dizer, nada q intensifique o uso de cigarro justifica
pq cigarro vai te matar cara
eh bem menos ruim TDAH do q cigarro
dificil achar algo pior do q cigarro

Saúde & Esportes > FAQ > Parar de Fumar

uma coisa q pode te ajudar muito eh esporte de competição
mas competiçao mesmo
treinar q nem doido
entrar para uma assessoria e treinar mesmo
levar sua obsessao para o esporte

Cara, jogar videogame durante reunião do trabalho é brincar de pular corda à beira do abismo.

@Bastter cara, muito obrigado. taí, meter um esporte de competição. corrida, futebol talvez, meter o louco. vou dar uma olhada no faq. impressionante como a gente evita ver as coisas que não queremos ver, é um dos poucos que não li. boas festas, e espero dividir meu progresso em breve. 

postado por @MaioneseHolder em 31/12/2024 10:16

Bastter cara, muito obrigado. taí, meter um esporte de competição. corrida, futebol talvez, meter o louco. vou dar uma olhada no faq. impressionante como a gente evita ver as coisas que não queremos ver, é um dos poucos que não li. boas festas, e espero dividir meu progresso em breve. 

na epoca q eu fiz triathlon a serio melhorei muito de TDAH e obsessoes
mas meu caso eh leve
de qq forma pode te ajudar no TDAH e no cigarro
qq coisa q vc fizer vc nao pode fumar
pq cigarro mata cara

@MaioneseHolder

a maioria destas síndromes/ espectros/ tendências/ etc que são tratadas hj em dia com medicamentos e outros tipos de terapia, não eram catalogadas há 50 anos e as pessoas viviam de qqr modo na sociedade produzindo, trabalhando, casando, tendo filhos, jogando futebol, indo ao cinema etc...

em alguns casos GRAVES, logicamente, outras ações tinham que ser tomadas.
mas no geral, quando não é nada "extremo", não faz a mínima diferença.

tenho uma amiga autista que passou 10 dias aqui em casa antes do Natal.
caso leve, pois dirige, salta de paraquedas, conversa etc....

consigo ver claramente o autismo dela (não entrarei em detalhes), mas ela faz tudo que os outros fazem sem remédios nem tratamentos especiais e vive a vida tranquila, mesmo que as vezes dê uma travada em algum ponto.

1- NADA é perfeito.

2- não ache que vc é "diferente" por ter TDAH pq acho que hj em dia tem mais gente com alguma tendência psicológica / comportamental / espectro que sem nada diagnosticado.
é muito doido, cada dia um amigo ou parente chega para mim e diz "fui diagnosticado com TDAH"

3- faça o que for melhor para vc e não se prenda em uma "classificação".

4- sobre o item acima, inclue conversar com seu médico para não tomar nenhuma decisão maluca.

5- enquanto vc não fizer mal para os outros, viva sua vida o melhor que puder, o mais próximo ao seu desejo possível - novamente, sem fazer mal ao outro.

@Mauro fala Mauro, muito obrigado por isso. também tenho muitos amigos assim, tanto no espectro autista quanto tdah (niveis mais profundos e mais leves). pô, vivi 30 anos funcionalmente, tenho emprego, relativa estabilidade, relações, etc. mas uma coisa é viver funcionalmente, outra é viver BEM, sabe? chegou num ponto que eu fiz de tudo e decidi que queria ver como era o mundo do outro lado do muro. tbm enxergo várias pessoas ao meu redor sem tratamento, que pra mim estão ok, mas pra elas consigo mesmas eu não sei. tem várias consequências secundárias, especialmente com autoestima, que se existem recursos pra isso, pq não dar uma chance, saca?

e seu ponto é muito importante, pra reforçar que dá pra viver e ficar de boa com o seu lugar no mundo, pq sempre deu. o tratamento já é pensando em estar com uma intervenção medicamentosa, mas também com margem pra trabalhar o comportamental. 

e é aí que entra a minha responsabilidade, e a ajuda de vcs todos aqui tá sendo importantíssima. milhões de obrigados pelos pés no chão. 

postado por @MaioneseHolder em 31/12/2024 10:54

Mauro fala Mauro, muito obrigado por isso. também tenho muitos amigos assim, tanto no espectro autista quanto tdah (niveis mais profundos e mais leves). pô, vivi 30 anos funcionalmente, tenho emprego, relativa estabilidade, relações, etc. mas uma coisa é viver funcionalmente, outra é viver BEM, sabe? chegou num ponto que eu fiz de tudo e decidi que queria ver como era o mundo do outro lado do muro. tbm enxergo várias pessoas ao meu redor sem tratamento, que pra mim estão ok, mas pra elas consigo mesmas eu não sei. tem várias consequências secundárias, especialmente com autoestima, que se existem recursos pra isso, pq não dar uma chance, saca?

e seu ponto é muito importante, pra reforçar que dá pra viver e ficar de boa com o seu lugar no mundo, pq sempre deu. o tratamento já é pensando em estar com uma intervenção medicamentosa, mas também com margem pra trabalhar o comportamental. 

e é aí que entra a minha responsabilidade, e a ajuda de vcs todos aqui tá sendo importantíssima. milhões de obrigados pelos pés no chão. 

eh assim mesmo,,,, primeiro, temos a TENDÊNCIA de achar que o OUTRO está melhor que a gente.

tipo compararmos o "palco" do Instagram de alguém que ta com maquiagem, luz bonita, roupa impecável...  com o nosso "camarim", onde a correria toda acontece, nao tem ninguem maquiado, tem de dar um jeito na roupa que nao ta legal, o salto quebrou....

dito isso, acho legal sim vc ver o "outro lado".
eu tambem ja tomei remedio para depressao, fiz terapia, larguei tudo, comecei de novo, mudei a vida toda, fui morar em outro(s) país(es) para ver se melhorava e.....

no fim, a vida é uma LUTA DIÁRIA para vc não ficar ferrado ou deprimido ou sem dinheiro para dar de comer pros seus filhos ou doente ou querer se matar ou não ter onde morar... pq a vida não presta... ou pq a vida é muito boa !!!!

tanto faz: escolha seu caminho, experimente, veja como vc fica melhor.
e saiba: o que te faz bem hoje, pode nao te fazer bem amanha.

pode ser que hj vc fique bem com remedios e terapia e sei la o que....
mas amanha vc nao se de bem com os mesmos remedios, nao aguente mais terapia, va morar no Nepal pois é muito legal!!!

NÃO TEM SOLUÇÃO DEFINITIVA - SOMENTE NA MORTE.

Então vai tentando e aproveitando o que dá, neste curto tempo no qual estamos na sala de espera entre o nascimento e a morte.

@Mauro @miguelito @adicionado @bastter bicho, vcs são P*CA!!! agora mesmo procurando um financiamento de imóvel no nepal pra viver da minha carreira de camisa 9 e com renda passiva, entendi tudo (contém ironia). boas festas pra vocês, e que 2025 e os próximos sejam de progresso e saúde. levarei essas palavras comigo, uma coisa por vez. abração a todos. 

ah, e sem cigarro.

A maioria do que eu vejo no Instagram sobre TDAH e neurodivergentes em geral eu paro pra pensar: "ué? Não é assim com todo mundo?".

Até digitando isso aqui eu penso comigo mesmo: no fundo no fundo, isso acontece com todo mundo pra mais ou pra menos.

Falo isso pra dizer que eu estou começando a me aceitar como neuro divergente depois de uma certa insistência de um primo nesse sentido (insinuando que eu sou).

Sobre o seu caso, tá me parecendo que você pode estar sendo muito ditador com seu tempo e não deixando a parte de você que quer relaxar um pouco ter esse tempo, aí acumulou demais (reprimiu demais) e ela explodiu.

Eu sou assim sem medicação, talvez seja até mais com. Uma ex namorada me relatou algo parecido com o que você diz sobre a medicação e eu estou cogitando. Mas o risco é a minha tendência de deixar zero tempo pra lazer na agenda sem ser obrigado a isso. E, deixo claro que até essa minha percepção de você pelo seu texto pode ser uma projeção também.

E, pra ressaltar: parar de fumar é essencial, tenta isso hoje: já vai na farmácia e compre chiclete de nicotina e controle o consumo deste. Veja quantos chicletes por dia te mantém longe do cigarro e limite o número e depois diminua até o mínimo que conseguir. É um começo.

Na minha experiência, cigarro não é um vício que você para, você substitui por outro incompatível com fumar, como algum esporte viciante, por exemplo jiu jitsu, bodybuilding, lutas em geral, crossfit, bike, futevôlei etc (um que te agrade).

Meu caro @MaioneseHolder , te entendo bem sobre o excesso em video games. É uma diversão mas que em grande quantidade atrapalha e prejudica. Toma seu tempo todo. Tudo em excesso atrapalha, até água. 

Eu já tive esse problema também, jogava um joguinho de video game o dia todo e as vezes parte da noite. Chegou uma época que minha cabeça começou a doer constantemente e vi minha visão sendo prejudicada, inclusive com muita ansiedade, baixo estima e sono ruim, fora outras coisas. O pior no meu caso, é que só basta abrir o browser que dá para jogar. E trabalho com internet na frente do computador. (?_?). Quando nasceu minha filha, refleti muito e larguei. Sumi com os dados do Discord e redes sociais que alimentavam a minha vontade. Melhorei! Tenho muita energia, autoestima e as dores e ansiedades passaram.

As vezes tenho umas caídas e volto a brincar, sem excesso. Em férias avanço um pouco o sinal também. Mas minha cabeça dói quando dá mais de uma hora e já vejo como um sinal para parar. Ai eu excluo os cookies do browser e assim deixo de lado.

Inclua outros prazeres em suas férias, um passeio, um programa, uma série, e esporte como você faz. Procure uma vida EQUILIBRADA, mesmo nas férias.

Uma coisa que me ajuda é ter responsabilidades e compromissos que me trazem prazer e satisfação, isso dentro do meu tempo livre, como uma espécie de lazer. Procure fazer algumas coisas que aumentem sua autoestima e te faça se sentir útil, além de passatempos. Isso vai te ajudar até nas questões do trabalho.

Um conselho: procure estar no meio de pessoas que queiram teu bem. Vá a uma igreja que te faça se sentir bem e crie uma frequência constante. Você vai ter a sensação de compromisso no tempo livre, ajuda coletiva (fundamental em vícios) e vai se sentir mais importante, além de outras coisas. Isso me ajudou muito e é um motor pra minha vida.

Acho que o gargalo da questão é por você morar sozinho. Procure pessoas que você goste de passar o tempo, tente amizades e isso vai te ajudar.

Não entendo sobre a sua questão de tdah mas a galera te aconselhou já muito bem.

Sobre o cigarro, procure realmente deixar.

Desculpe o textão.

Então, eu geralmente tomo um tempo para responder esse tipo de post, para poder responder direito e muita coisa já aconteceu no post.

Deixa eu ir respondendo como acho melhor, o que não obrigatoriamente é o que responde a pergunta inicial.

Diferentemente do que o @mauro falou, TDAH é um diagnóstico bem antigo. As primeiras proposições do sintomas datam 1700 e alguma coisa. Foi catalogado como uma forma de transtorno em no início de 1900. Desde lá, ele mudou de nome, de categoria e os sintomas associados algumas vezes até chegar no lugar que estamos hoje (que provavelmente vai mudar em algum momento).

O uso de metilfenidato para TDAH, ou o nome equivalente da época, é muito antigo, diz a wiki que data de 1937, então o tratamento de hiperatividade com essa medicação é muito conhecido e muito estável. Não é uma coisa nova que ninguém sabe o que acontece, já tem quase 100 anos.

É uma medicação importante para quem precisa, os efeitos são bem conhecidos e o uso é extremamente benéfico se feito de forma adequada.

Uma vez que exista número suficiente de algo e tempo suficiente, tudo vai acontecer, portanto, um monte de gente passou pela vida sem nunca ter se dado conta desses sintomas, ou do transtorno como um todo. É isso aí, tem gente que vai viver bem, apesar de qualquer coisa, pq sim.

Isso não significa que não existam pessoas que precisam de auxilio com o diagnóstico, quem precisa de ajuda precisa de ajuda. É simples assim.

Hoje em dia está uma complicação em volta disso, por dezenas de motivos, entre ele péssimos profissionais de saúde receitando medicação a torta e a direita para qualquer reclamação de baixa de produtividade, ou cansaço ou sei lá o que. Quando um profissional de saúde faz uma intervenção, é de bom tom, e muitas vezes obrigatório que ele justifique o porque daquela intervenção, e como o uso mais comum de metilfenidato é o TDAH, o cidadão coloca diagnóstico ou hipótese diagnóstica de TDAH.

Eu convivo com isso quase todos os dias, e muitas vezes o uso indiscriminado e sem o menor bom senso dessas medicações cria uma pancada de problemas para a pessoa.

É surpreendente que a maioria dos casos que eu conheço a grande maioria das pessoas estejam tomando a dose máxima recomendada. CLARAMENTE isso não faz sentido nenhum para o que é esperado da estatística desse diagnóstico.

Só nesse ano, tive 3 casos que chegaram a mim com sintomas psicóticos decorrente uso de medicações para TDAH.

E tem este relato aqui na bastter:
TDAH com Diagnóstico Tardio e Venvanse - Saúde & Esportes - Bastter.com

Isso aí é uma complicação sem fim na saúde, e tem se tornado um problema sério no Brasil e a gente fala bastante sobre isso na bastter.com sobre todos os assuntos passando por whey, hormônios etc.

A solução para isso é procurar bons profissionais de saúde que proponham bons planos de tratamento com ou sem medicação, mas em especial que ajudem as pessoas as desenvolverem as habilidades que precisam para lidar com os sintomas.

Não é ficar discutindo na internet.

@MaioneseHolder Recentemente chegou ao Brasil medicação para o tratamento que tem menos efeitos colaterais dos comportamentos de ansiedade, impulsividade e compulsão mantendo os efeitos positivos sobre atenção. Informe-se com seus profissionais de saúde.

Por favor, não transforme essa discussão em uma discussões sobre uso ou não uso de medicação. Só quem está avaliando o caso é que pode determinar isso.

Mais tarde eu volto aqui e respondo mais, eu já tô a um tempão produzindo conteúdo a cabeça tá dando pau.
Mas eu respondo, só vai demorar um cado.

@Paulo eu não tinha nem percebido que tinha se tornado, de alguma forma, uma discussão sobre o uso ou não de medicamento, até pq eu não tenho pretensão alguma em parar. Eu perco em algumas pontas e ganho em várias outras, mas de fato essa não era a questão principal. 

Tem vários comportamentos meus que se intensificaram após o uso do medicamento, mas eles já existiam antes. Por exemplo, café não me faz bem, e eu tomo. Videogame me deixa ansioso, mas eu jogo. Trouxe essa discussão pra saber do pessoal se tinha algo pra dividir, e foi ótimo. E eu sei da minha responsabilidade. 

O Manguito e o Adicionado foram simples: pare de fumar. O Bastter sugeriu esportes de competição e anexou um FAQ. O Mauro dividiu algumas experiências dele. Agora eu sei que existe uma nova possibilidade que não traga tantos efeitos colaterais. 

Como é um processo recente, existem dúvidas, ainda bem. Então a gente vai atrás de pontos de vista diferentes (não significa que vou andar na praça abordando as pessoas ou criar uma thread no Twitter), e que massa que agrega.

E cara, já agradeci tantas vezes, mas obrigado agora a você pela disponibilidade!

@MaioneseHolder não foi a sua postura, ou a de alguém individualmente, nem eu estou respondendo a alguém pessoalmente.

É só o tom geral da discussão que foi para um lado específico, e como nessa área do site a gente se propõe a educar de forma séria as coisas, eu estou respondendo com o melhor conhecimento científico que eu tenho do assunto.

Pessoal se esquece às vezes, eu inclusive, que a WWW é uma praça aberta e perene.

@Paulo

me tira uma duvida: TDAH vc disse ter diagnostico ha 100 anos.

mas durante uns 30 anos de profissão eu quase não escutava falar nem sobre hiperatividade nem dobre deficit de atenção, "DA FORMA" que tá tão falada hoje.

só de meus conhecidos e familiares, "apareceu" o TDAH em vários deles de poucos anos para cá.

Existe alguma explicação?
Se manifestou mais claramente pós pandemia?
O diagnóstico não era bem feito?

Me ajuda aeh por favor, pois pode ser somente "impressão" minha que hj em dia parece ter muito mais gente com estes transtornos que antes (TDAH / Hiperatividade / Deficit de Atencao)

@MaioneseHolder Desculpa a demora em responder, aconteceram uns problemas de saúde na família e eu tive que fazer escolhas sobre o meu tempo.

Se você já está com acompanhamento, existe gente olhando o caso e a última coisa que eu quero é interferir na condução de caso de outros profissionais.

postado por @MaioneseHolder em 31/12/2024 08:40
porém, acaba caindo também para outro lado. meu hiperfoco ficou maior nos videogames. agora nas férias, fiquei 1 semana inteira trancado em casa, acordando, jogando e sem parar, sem treinar, sem me alimentar direito e fiquei totalmente desregulado. pq “é férias”, e queria fazer o que mais gosto. 

e não é só isso, a medicação aumentou MUITO o quanto eu fumo por dia. e sei que o videogame ativa demais esse hábito, pq fico mais ansioso, bem obsessivo, e nem me dou conta. é um prazer e tristeza ao mesmo tempo.

O que talvez seja importante entender é que você não faz as coisas que descreveu nesse segundo parágrafo por causa do hiperfoco, o hiperfoco não é causa de nada, ele é essas coisas.

O hiperfoco é a coletânea de sintomas que você descreveu, não é causa deles. Inclusive com a ansiedade, as obsessões, impulsividade, trocar o dia pela noite, a perda de noção das coisas e a tristeza e o prazer.

É bem comum que as pessoas tenham dificuldades em perceber que não dá para lidar só com a parte ruim do problema.

Ou você entende o hiperfoco como um problema, inclusive com a parte que você gosta dele, e aprende a lidar com isso ou vai ser muito difícil.

Você provavelmente tem vários padrões que envolvem esse sintomas e problemas com isso além do videogame. Alguns você gosta e não quer mudar, o videogame é só o que te machucou.

Então, converse com seus profissionais de saúde sobre o hiperfoco como um todo, não fique tentando proteger o seu adoecimento. É bem provável que isso aconteça no seu trabalho, em atividades novas e em relacionamentos (especialmente os que se iniciaram recentemente).

Dificilmente você vai resolver seu problema com o videogame sem resolver seu problema com o hiperfoco. Até pq se tirar o videogame, você vai acabar inventando o videogame 2.0 pq é o que você sabe fazer.

O importante é você aprender o que você não sabe. Não é ficar aumentando sua eficiência em fazer aquilo que você já sabe E te faz mal.

postado por @MaioneseHolder em 31/12/2024 08:40


ao longo da vida fui desenvolvendo TOCs em relação a rotina no geral, muitos TOCs, pq essa forma foi a que encontrei e conseguir estar mais ou menos no mundo. por isso, hábitos como esses me parecem reflexos de anos de tdah não tratado, que hoje em dia representam um lastro que eu enxergo como negativos na minha personalidade.

Essa rigidez tem muita relação com neurodiversidade, mas não é obrigatoriamente um TOC, pode virar, pode ser que tenha virado.

A rigidez, ou seja a dificuldade me lidar com diferenças de rotinas, com mudanças e novas demandas, não é um TOC.

O que falta são habilidades de enfrentamento, muitas delas sociais (pq neurodiversos tem um tendência de querer resolver tudo sozinhos) para lidar com as dificuldades do dia a dia.
Neurodiversos tem a tendência de super-especializarem suas habilidades ficando com buracos de aprendizagem simples, e com uma dificuldade extrema em aceitar mudanças simples e fáceis só por serem diferentes.

Não é o caso de um TOC, é muito mais perto de uma dificuldade em regulação emocional.

Converse com seus profissionais de saúde sobre como todas essas coisas que envolvem o TDAH afetam as sua vida, e, junto com eles, vá escolhendo quais sintomas você quer lidar, quais você tem disponibilidade hoje na sua vida para encarar, e vamos a luta.
Por exemplo, você provavelmente teve todo esse problema com o videogame e com o cigarro pq não planejou suas férias. Elas simplesmente aconteceram, e você não tinha nada marcado, não tinha nenhum objetivo concreto, não tinha nada.

Vazio é um ótimo solo para nascerem esses problemas.

Como eu disse, decisões simples que neurodiversos nem percebem.

Sem planejar suas férias, seu ano, sua vida você tende a ficar nessa corrida dos ratos mesmo,.

Você faz meditação? Ajuda não necessariamente a "relaxar", mas a perceber o padrão enquanto ele ocorre.

Por exemplo, você provavelmente perceberia o hiperfoco durante essa uma semana. E aí poderia tomar uma decisão a respeito.

Uma vez sendo capaz de decidir, o mais importante é também se permitir estar em paz com a decisão que tomar.

Não há nada intrinsecamente errado em viver a maluquice por um período controlado ou em condições controladas.

O que parece é que você achou uma caixinha para chamar de sua, uma outra caixinha para chamar de bonita e vive no conflito entre ter algo seu e parecer bonito.

Estar em paz com a própria decisão é achar beleza em coisas feias e fazer teu algo que também é dos outros.

@Paulo cara, muito obrigado pela visão. Vou pensar com carinho em todos esses pontos! Ajuda fantástica, obrigado mesmo.

"O importante é você aprender o que você não sabe. Não é ficar aumentando sua eficiência em fazer aquilo que você já sabe E te faz mal."

Isso aqui me fez um bem danado. 

@oxe "O que parece é que você achou uma caixinha para chamar de sua, uma outra caixinha para chamar de bonita e vive no conflito entre ter algo seu e parecer bonito." OBRIGADO

postado por @Mauro em 01/01/2025 09:57

Paulo

me tira uma duvida: TDAH vc disse ter diagnostico ha 100 anos.

mas durante uns 30 anos de profissão eu quase não escutava falar nem sobre hiperatividade nem dobre deficit de atenção, "DA FORMA" que tá tão falada hoje.

só de meus conhecidos e familiares, "apareceu" o TDAH em vários deles de poucos anos para cá.

Existe alguma explicação?
Se manifestou mais claramente pós pandemia?
O diagnóstico não era bem feito?

Me ajuda aeh por favor, pois pode ser somente "impressão" minha que hj em dia parece ter muito mais gente com estes transtornos que antes (TDAH / Hiperatividade / Deficit de Atencao)

Oi, @mauro.
Desculpa a demora em responder, tive uns dias muito corridos aqui, e outros problemas.

Então, tem que tomar cuidado com alguns argumentos. 30 anos atrás, a gente não tinha a percepção de alcoolismo que temos hoje, hoje entendemos sedentarismo de uma forma muito mais completa do que entendíamos 30 anos atrás.

Eu acho que entendi a sua dúvida, e vou tentar abordar ela, mas é preciso ter cuidado com esse argumento. O nosso entendimento de mundo mudou radicalmente de 100 anos para cá. Muitas coisas mudaram em saúde nos últimos anos.

A ciência evolui, faz parte do nosso jogo.

"Existe alguma explicação?
Se manifestou mais claramente pós pandemia?
O diagnóstico não era bem feito?"

É meio que praxe, e por diversas razões, que os diagnósticos de saúde mental comecem pelos extremos, e depois são "relaxados" para quadros mais brandos. Ou seja, eles começam de um ponto em que existe um quadro extremamente grave, com uma distinção muito clara da norma, para casos mais leves.

O imaginário popular de depressão, ansiedade, vício, transtorno de personalidade, superdotação/altas habilidades ainda é a coisa extremada. Alguns melhores, outros piores, mas ainda assim, a ideia popular de um quadro de relacionado a um transtorno mental continua sendo o extremo.

É um estigma social, em especial pela forma que a mídia (filmes, séries etc) expõe esses transtornos, mas existem outras causas. Aqui eu poderia trazer todo um histórico sobre como eram diagnosticados e tratados casos de adoecimento mental até a década de 70, 80, mas isso iria abrir uma porta infinita.

A parte importante é que nós esperávamos os pacientes ficarem graves para tratá-los, se é que tratávamos.

Isso explicado, eu acho que a resposta dessa pergunta tem alguns pontos relevantes:

1. Nosso entendimento do diagnóstico melhorou, e temos um diagnóstico menos rígido do que antigamente. (que tem efeitos positivos e negativos)

2. A informação a população está mais capilarizada devido ao aumento das forças de comunicação no mundo, em especial a internet. (que tem efeitos positivos e negativos)

3. A população tornou-se mais aberta a procurar esses diagnósticos (que tem efeitos positivos e negativos)

Então, hoje estamos alcançando mais pessoas que antes não seriam diagnosticadas (isso também tem efeitos positivos e negativos).

---

Antes de falar do problema, vamos falar da necessidade

Anos atrás, não havia tanta falação sobre esses diagnósticos pq, bem...



TDAH é um problema bem grande em especial na infância e juventude.

Entre 1940 e 1990, tinhamos entre 50% e 20% da população fora da escola, ou fora de algo que fosse de fato uma educação.

Também é importante entender, que um número relevante de pessoas que tem problemas escolares e apresentam a evasão escolar como fator de risco são neurodiversos.

Uma característica muito comum dos neurodiversos é aprendizado de formas diferentes, geralmente que não funcionam bem no modelo tradicional de educação.

Então, a medida que a política nacional de educação forçou as pessoas estarem na escola, os problemas que eles tinham individualmente tornaram-se problemas da sociedade.

Ouvimos mais sobre neurodiversidade pq, dentre outros fatores, essas crianças estão sendo incluídas no sistema, e antigamente, elas estavam fadadas a serem marginalizadas e não serem afastada do processo educacional.

Lógico que existem outros problemas aí no meio. Por óbvio, a pobreza era o fator mais relevante para alguém não receber educação.

O ponto aqui é: Nós viemos de uma sociedade em que era razoável não haver educação formal, ou que era normal que alguém não recebesse educação formal. Isso era comum, e entre 50% e 20% das pessoas que você encontrava na rua viviam isso.

Então, era mais normal que neurodiversos pudessem ser excluídos da educação, e fossem ignorados. Hoje em dia isso não é possível.

Isso vale para inúmeros fatores da neurodiversidade. Eu escolhi falar de educação pq acredito que seja o mais fácil de explicar.

Outros fatores são: maior probabilidade de uso de álcool e drogas, desenvolvimento de adoecimentos mentais, dificuldades em relações interpessoais, dificuldades em relações conjugais, dificuldade em manter empregos por mais de 2 anos, dificuldades no acesso aos sistemas de saúde e mais uma pancada de coisas.

É importante entender que o diagnóstico não aparece no mundo pq alguém acordou de manhã e decidiu que assim seria.

O diagnóstico existe pq existem vários fatores de risco associados a neurodiversidade. Em muitos casos, e em número bastante relevante, o prognóstico não é positivo sem que haja intervenção.

É possível que pelo menos alguns dos seus conhecidos de infância que "deram errado", caíram para álcool ou drogas, o que não conseguiram engajar profissionalmente depois do segundo grau, apresentam dificuldades crônicas de socialização ou abandonaram a faculdade e coisas assim sejam neurodiversos.

Não todos, mas alguns. É possível e provável que eles tenham passado uma grande parte da vida em sofrimento, e vivendo a culpa de diversas coisas pq tem um quadro de saúde não diagnosticado.

Neurodiveros (existem muitos tipos de várias classe e cada uma com sua especificidade) compõe por volta de 20% da população. 1 a cada 5 pessoas que você esbarra na rua provavelmente possuem algum tipo de neurodivergência seja ela de risco ou não.

---

O que eu entendo da sua crítica e que acho relevante tentar responder por mais que não seja uma resposta completa é:

Estamos em um momento de medicalização. Ao menos no Brasil isso é muito claro. Eu tenho conhecimento que alguns países da Europa não aderiram a isso, mas, para mim, é evidente que estamos em um momento de medicalização no Brasil.

O que isso quer dizer? Que cada vez mais, temos transformado questões da vida cotidiana em questões de saúde/médicas/ou de condições mágicas e saúde.

As implicações disso são imensas, as opiniões diversas e parece discussão de time de futebol. A gente aqui na bastter.com gasta um bom tempo respondendo perguntas que nascem desse fenômeno.

Para mim, o problema é que cada vez mais eu vejo pessoas procurarem diagnósticos de saúde para justificarem as coisas que fazem.

No meu consultório, aparecem pessoas com um laudo de neurodiversidade (tdah, autismo, altas habilidades em geral) sem nenhuma informação sobre o que é aquilo. Algumas vezes, as pessoas receberam o laudo há anos, e nunca receberam qualquer tipo de acompanhamento, instrução, ou informação real sobre o diagnóstico.

[ DISCLAIMER:

Para deixar claro, esse problema também acontece com outros diagnósticos como ansiedade, depressa, TOC, bipolaridade e afins. 

Eu só não vou abordar esses temas pq não são o tema da discussão, mas acho que o texto seria muito parecido e provavelmente se você trocar o diagnóstico A por B, seria o mesmo texto]

Basicamente, o diagnóstico tem uma função descritiva e validante para a pessoa.

Vira uma ferramenta para a pessoa falar:

Olha, eu sou assim, e sou assim pq sou assim, e faço as coisas assim pq sou assim. e fica nesse papo.

Então, apesar do diagnóstico ser real e sério, o uso do diagnóstico vira uma ferramenta igual de horóscopo: Eu sou assim pq sou de touro, e ajo assim pq sou de touro e faço as coisas assim pq é assim que as pessoas de touro agem.

Existe toda uma complexidade na discussão do capacitismo, e o objetivo aqui não é falar que os neurodivergentes deveriam ser obrigados a agir como pessoas neurotipicas, ou que eles deveriam se esforçar para serem neurotipicos.

O ponto é que existem sintomas de risco associados ao ser neurodivergente que se negligenciados podem causar muitos problemas. Entender-se neurodivergente/neurodiverso envolve um grande grau de responsabilidade sobre a própria vida.

Por exemplo, a restrição alimentar é um sintoma comum. Entender a restrição alimentar é muito importante para superar o estigma de culpa que é desenvolvido na vida do neurodivergente.

Entender que não é frescura, nem que a pessoa é fresca é importante.

Todavia, para uma perspectiva de saúde, ninguém pode viver de alimentos ultra industrializados só pq eles tem altíssima previsibilidade de textura/sabor/gosto.

Não é pq alguém tem restrição alimentar que ela está autorizada a comer hamburguer e batata frita e só.

O diagnóstico deveria ser uma lente para a melhor compreensão das dificuldades e capacidades de quem tem o diagnóstico.

Para que possamos pensar e desenhar intervenções focadas NA PESSOA, e não em um ser-normalizado-imaginário.

Uma pessoa com restrição alimentar precisa de um plano específico de alimentação que funcione para ela, e que favoreça passo a passo a introdução de alimentos saudáveis.

O diagnóstico é uma lente para a melhor visualização daquela pessoa, o diagnóstico não define ela, nem define o que ela pode ou deixa de fazer.

Se o diagnóstico esta sendo usado dessa forma, é a medicalização. É transformar a dificuldade de se definir como pessoa em uma condição médica.

Dentro de um quadro qualquer, tem coisas que são possíveis, coisas que são difíceis e coisas que são provavelmente impossíveis. Mas isso são só informações para a tomada de decisão, não são fatores definitivos.

@Paulo Salvando esse post para sempre!

Informação verdadeira em saúde é ouro.

Já fiquei sem comer ovo por causa desses posts dúbios de internet que falavam que esse alimento fazia mau ao coração.

postado por @Paulo em 11/01/2025 11:52

Oi, @mauro.
Desculpa a demora em responder, tive uns dias muito corridos aqui, e outros problemas.

Então, tem que tomar cuidado com alguns argumentos. 30 anos atrás, a gente não tinha a percepção de alcoolismo que temos hoje, hoje entendemos sedentarismo de uma forma muito mais completa do que entendíamos 30 anos atrás.

Eu acho que entendi a sua dúvida, e vou tentar abordar ela, mas é preciso ter cuidado com esse argumento. O nosso entendimento de mundo mudou radicalmente de 100 anos para cá. Muitas coisas mudaram em saúde nos últimos anos.

A ciência evolui, faz parte do nosso jogo.

"Existe alguma explicação?
Se manifestou mais claramente pós pandemia?
O diagnóstico não era bem feito?"

É meio que praxe, e por diversas razões, que os diagnósticos de saúde mental comecem pelos extremos, e depois são "relaxados" para quadros mais brandos. Ou seja, eles começam de um ponto em que existe um quadro extremamente grave, com uma distinção muito clara da norma, para casos mais leves.

O imaginário popular de depressão, ansiedade, vício, transtorno de personalidade, superdotação/altas habilidades ainda é a coisa extremada. Alguns melhores, outros piores, mas ainda assim, a ideia popular de um quadro de relacionado a um transtorno mental continua sendo o extremo.

É um estigma social, em especial pela forma que a mídia (filmes, séries etc) expõe esses transtornos, mas existem outras causas. Aqui eu poderia trazer todo um histórico sobre como eram diagnosticados e tratados casos de adoecimento mental até a década de 70, 80, mas isso iria abrir uma porta infinita.

A parte importante é que nós esperávamos os pacientes ficarem graves para tratá-los, se é que tratávamos.

Isso explicado, eu acho que a resposta dessa pergunta tem alguns pontos relevantes:

1. Nosso entendimento do diagnóstico melhorou, e temos um diagnóstico menos rígido do que antigamente. (que tem efeitos positivos e negativos)

2. A informação a população está mais capilarizada devido ao aumento das forças de comunicação no mundo, em especial a internet. (que tem efeitos positivos e negativos)

3. A população tornou-se mais aberta a procurar esses diagnósticos (que tem efeitos positivos e negativos)

Então, hoje estamos alcançando mais pessoas que antes não seriam diagnosticadas (isso também tem efeitos positivos e negativos).

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Antes de falar do problema, vamos falar da necessidade

Anos atrás, não havia tanta falação sobre esses diagnósticos pq, bem...
TDAH é um problema bem grande em especial na infância e juventude.

Entre 1940 e 1990, tinhamos entre 50% e 20% da população fora da escola, ou fora de algo que fosse de fato uma educação.

Também é importante entender, que um número relevante de pessoas que tem problemas escolares e apresentam a evasão escolar como fator de risco são neurodiversos.

Uma característica muito comum dos neurodiversos é aprendizado de formas diferentes, geralmente que não funcionam bem no modelo tradicional de educação.

Então, a medida que a política nacional de educação forçou as pessoas estarem na escola, os problemas que eles tinham individualmente tornaram-se problemas da sociedade.

Ouvimos mais sobre neurodiversidade pq, dentre outros fatores, essas crianças estão sendo incluídas no sistema, e antigamente, elas estavam fadadas a serem marginalizadas e não serem afastada do processo educacional.

Lógico que existem outros problemas aí no meio. Por óbvio, a pobreza era o fator mais relevante para alguém não receber educação.

O ponto aqui é: Nós viemos de uma sociedade em que era razoável não haver educação formal, ou que era normal que alguém não recebesse educação formal. Isso era comum, e entre 50% e 20% das pessoas que você encontrava na rua viviam isso.

Então, era mais normal que neurodiversos pudessem ser excluídos da educação, e fossem ignorados. Hoje em dia isso não é possível.

Isso vale para inúmeros fatores da neurodiversidade. Eu escolhi falar de educação pq acredito que seja o mais fácil de explicar.

Outros fatores são: maior probabilidade de uso de álcool e drogas, desenvolvimento de adoecimentos mentais, dificuldades em relações interpessoais, dificuldades em relações conjugais, dificuldade em manter empregos por mais de 2 anos, dificuldades no acesso aos sistemas de saúde e mais uma pancada de coisas.

É importante entender que o diagnóstico não aparece no mundo pq alguém acordou de manhã e decidiu que assim seria.

O diagnóstico existe pq existem vários fatores de risco associados a neurodiversidade. Em muitos casos, e em número bastante relevante, o prognóstico não é positivo sem que haja intervenção.

É possível que pelo menos alguns dos seus conhecidos de infância que "deram errado", caíram para álcool ou drogas, o que não conseguiram engajar profissionalmente depois do segundo grau, apresentam dificuldades crônicas de socialização ou abandonaram a faculdade e coisas assim sejam neurodiversos.

Não todos, mas alguns. É possível e provável que eles tenham passado uma grande parte da vida em sofrimento, e vivendo a culpa de diversas coisas pq tem um quadro de saúde não diagnosticado.

Neurodiveros (existem muitos tipos de várias classe e cada uma com sua especificidade) compõe por volta de 20% da população. 1 a cada 5 pessoas que você esbarra na rua provavelmente possuem algum tipo de neurodivergência seja ela de risco ou não.

---

O que eu entendo da sua crítica e que acho relevante tentar responder por mais que não seja uma resposta completa é:

Estamos em um momento de medicalização. Ao menos no Brasil isso é muito claro. Eu tenho conhecimento que alguns países da Europa não aderiram a isso, mas, para mim, é evidente que estamos em um momento de medicalização no Brasil.

O que isso quer dizer? Que cada vez mais, temos transformado questões da vida cotidiana em questões de saúde/médicas/ou de condições mágicas e saúde.

As implicações disso são imensas, as opiniões diversas e parece discussão de time de futebol. A gente aqui na bastter.com gasta um bom tempo respondendo perguntas que nascem desse fenômeno.

Para mim, o problema é que cada vez mais eu vejo pessoas procurarem diagnósticos de saúde para justificarem as coisas que fazem.

No meu consultório, aparecem pessoas com um laudo de neurodiversidade (tdah, autismo, altas habilidades em geral) sem nenhuma informação sobre o que é aquilo. Algumas vezes, as pessoas receberam o laudo há anos, e nunca receberam qualquer tipo de acompanhamento, instrução, ou informação real sobre o diagnóstico.

[ DISCLAIMER:

Para deixar claro, esse problema também acontece com outros diagnósticos como ansiedade, depressa, TOC, bipolaridade e afins. 

Eu só não vou abordar esses temas pq não são o tema da discussão, mas acho que o texto seria muito parecido e provavelmente se você trocar o diagnóstico A por B, seria o mesmo texto]

Basicamente, o diagnóstico tem uma função descritiva e validante para a pessoa.

Vira uma ferramenta para a pessoa falar:

Olha, eu sou assim, e sou assim pq sou assim, e faço as coisas assim pq sou assim. e fica nesse papo.

Então, apesar do diagnóstico ser real e sério, o uso do diagnóstico vira uma ferramenta igual de horóscopo: Eu sou assim pq sou de touro, e ajo assim pq sou de touro e faço as coisas assim pq é assim que as pessoas de touro agem.

Existe toda uma complexidade na discussão do capacitismo, e o objetivo aqui não é falar que os neurodivergentes deveriam ser obrigados a agir como pessoas neurotipicas, ou que eles deveriam se esforçar para serem neurotipicos.

O ponto é que existem sintomas de risco associados ao ser neurodivergente que se negligenciados podem causar muitos problemas. Entender-se neurodivergente/neurodiverso envolve um grande grau de responsabilidade sobre a própria vida.

Por exemplo, a restrição alimentar é um sintoma comum. Entender a restrição alimentar é muito importante para superar o estigma de culpa que é desenvolvido na vida do neurodivergente.

Entender que não é frescura, nem que a pessoa é fresca é importante.

Todavia, para uma perspectiva de saúde, ninguém pode viver de alimentos ultra industrializados só pq eles tem altíssima previsibilidade de textura/sabor/gosto.

Não é pq alguém tem restrição alimentar que ela está autorizada a comer hamburguer e batata frita e só.

O diagnóstico deveria ser uma lente para a melhor compreensão das dificuldades e capacidades de quem tem o diagnóstico.

Para que possamos pensar e desenhar intervenções focadas NA PESSOA, e não em um ser-normalizado-imaginário.

Uma pessoa com restrição alimentar precisa de um plano específico de alimentação que funcione para ela, e que favoreça passo a passo a introdução de alimentos saudáveis.

O diagnóstico é uma lente para a melhor visualização daquela pessoa, o diagnóstico não define ela, nem define o que ela pode ou deixa de fazer.

Se o diagnóstico esta sendo usado dessa forma, é a medicalização. É transformar a dificuldade de se definir como pessoa em uma condição médica.

Dentro de um quadro qualquer, tem coisas que são possíveis, coisas que são difíceis e coisas que são provavelmente impossíveis. Mas isso são só informações para a tomada de decisão, não são fatores definitivos.

MUITÍSSIMO OBRIGADO por colocar seu tempo para uma resposta tão completa e super bem explicada.

entendi tudo, tirou todas as dúvidas _/\_

@Paulo

parabens
ta comunicando saúde cada vez melhor
aprendi um monte neste tópico