Eu me interesso bastante por filosofia e tenho lido há alguns anos, aos poucos, por conta própria. Você recomenda ler/estudar quais livros antes de crítica da razão pura? Os principais de Platão e Aristoteles? A república, metafísica, categorias, interpretação? Mais algum?

@Buy_and_Forget

Essas grandes obras vão dialogar com toda a tradição filosófica em geral, então sempre é bom ter uma base histórica. Sobre a Crítica da Razão Pura, eu diria que é mais essencial ter lido Descartes e Hume, aquele ligado à corrente racionalista e este, ao empirismo - Kant tenta realizar a síntese entre as duas correntes. Quanto a Platão e Aristóteles, apesar de eu mesmo ser graduado em Filosofia, conheço mais Platão e os chamados Pré-socráticos. Aristóteles eu li algumas vezes durante o curso, mas nunca foi um filósofo sobre o qual me debrucei. Os pré-socráticos eu me afundei, pois fiz grego antigo ao longo do curso e, durante os semestres, nós traduzimos todos os fragmentos do Heráclito (e eu ia em alguns outros pré-socráticos de tabela). Pra vc ter ideia, Heidegger, filósofo do século XX, cita muito alguns pré-socráticos - a filosofia acaba sendo um acúmulo de leituras mesmo. Então mesmo que não se debruce a fundo, é bom ter uma ideia do que foi a filosofia de Platão, de Aristóteles e também dos pré-socráticos (cujos fragmentos são doxográficos, grande parte vindo de comentários do próprio Aristóteles). Platão é definitivamente o mais gostoso de se ler entre os clássicos, pois são diálogos em prosa. Aristóteles já introduz o estilo de ensaio, ou seja, é uma leitura mais "acadêmica" (apesar de ser anacrônica essa afirmação, ainda me parece justa). Enfim, resumindo, se a filosofia realmente te interessa, leia sim Platão e Aristóteles, não esqueça dos pré-socráticos (há uma edição fantástica da Calouste, creio que se chama Os Pré-socráticos); mais especificamente para o Kant, leia O Discurso do Método, do Descartes, e o Ensaio Sobre o Entendimento Humano, do Hume. O Discurso é uma leitura "fácil", é uma obra gostosa de se ler/pensar. O Ensaio do Hume já é um pouquinho mais difícil, mas sua dificuldade não chega nem perto da dificuldade da leitura de Kant. E ambas as obras foram fundamentais para o que Kant tentou realizar nas suas Críticas. 

@Buy_and_Forget

Cara, por que diabos o povo dá tanta voadora em livros clássicos assim? Eu botei esse e o Fenomenologia do Espírito do Hegel e tomei várias voadoras! Hahaha

@dimistepa8082 boa pergunta. Também percebi isso e não entendi. Mas paciência, vamos focar nos que curtiram ??

Muito obrigado pela resposta! 

Lista | Lista de leitura de Filosofia para iniciantes e interessados

Do idealismo alemão, eu sempre travo em Hegel.

De alguma forma, I. Kant parece que não considera o tempo, na forma presente da coisa em si.

Exemplo:
Socrates é Homem. J. analitico

Socrates difamou Atena  J. Sintético Post

Socrates é filosofo, J. Sintético Post que nega a proposição anterior.
A coisa em si, Sócrates, não consegue dizer o que é para os observadores, no julgamento. pois a coisa em si, foi forjada no oraculo. Se o Oraculo é causa eficiente de Socrates, como socrates vai saber qual é a sua causa final[finalidade] da sua causa eficiente[oraculo]?
Para mim, esse problema da filosofia, quem resolveu foi Hegel. Quando disse que o ser é histórico. Se o ser é histórico, a coisa em sí não carrega em sí o fenomeno da causa eficiente.Apenas a causa material e formal. Portanto, a coisa em sí tem fenomenos limitados.

David Hume está correto, não temos como saber.Logo, consideramos a tradição. Mas David Hume não coloca o tempo da formação do objeto, e suas causas final,formal,material, eficiente. Até onde eu sei.
Delegar a coisa em si, todo o fenomeno de sua forma atualizada(socrates no julgamento): Causa final, formal, material e eficiente. Parece uma grande falha.
Mas Hume, me parece mais correto do que Kant. Pois não coloca os fenomenos no objeto. Só diz que não da para saber. E de fato, não da para saber pois o objeto não tem em si mesmo suas causas.
Por isso precisamos da Lei da tradição, não apenas da lei racional atualizada em função do objeto. É duro, mas é real.