Como não ser trouxa/mole?
comentada em 15/01/2025 12:17

É engraçado que essa seja das perguntas mais difíceis que eu já respondi por aqui.

Dito isso...

Em primeiro lugar, é importante entender que essas palavras não existem, como nenhuma palavra existe.

Como todas as palavras, ser trouxa/mole em sua natureza não é nada além de vibração de ar (se for som), tinta em um papel (se for escrito), ou luzes em uma tela (se estiver em meios digitais).

As palavras ganham significado a partir das coisas que fazemos.

Então, em algum grau você tem a possibilidade de escolher como quer se relacionar com essas palavras, pq elas em si mesmas não significam absolutamente nada.

Portanto, se alguém me falasse que eu (e só eu, e estou falando da minha opinião sobre as cosias) sou trouxa/mole pq não arrumei uma bagunça do c****** com o mecânico, eu to super ok em ser trouxa/mole.

Assim, como to muito ok em ser um monte de coisas que as pessoas podem achar ou deixar de achar de mim, pq eu to muito em paz com as ações que eu tomo para a minha vida.

Tem muitos anos que eu parei de me importar com as palavras que as pessoas usam para me descrever. Eu me preocupo muito mais se eu me comporto de uma forma que eu acho que faz sentido para mim.

As pessoas são livres para chamar isso da forma que bem entenderem.

Tudo isso para falar que:

Para além de se chicotear com palavras que não significam nada, você está ok em ser o que as pessoas estão chamando de trouxa/mole nessa situação específica?

Ou você só está incomodado que alguém ficou com impressão de que você é trouxa/mole?

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Outra coisa.

Existem situações que são só uma mesbla mesmo.

Várias pessoas falaram de várias situações dessas no post. Construção/reforma, mecânica, aeroporto, hospital e justiça geralmente são os exemplos mais comuns.

São situações que a gente se mete em que a nossa individualidade é bastante reduzida. São situações em que a gente percebe que é um cocozinho de areia no universo (se areia fizesse cocô, e nós somos mais insignificantes que o cocô imaginário da areia).

Por motivos mágicos, racionais, ou simplesmente porque sim, são situações que não tem nenhuma obrigação em se alinhar com as nossas necessidades individuais.

Se a porta do avião fechou, um abraço, meu bem. Fechou e você não entra. Dane-se você e os seus motivos.

Digo mais, se fechou, você também não sai. É isso ai, fechou a porta, você está preso lá dentro até o avião chegar no destino. Você não tem escolha. A vida é assim mesmo. Tem várias coisas na vida que não são sobre as suas necessidades, e dane-se o que você acha ou desacha dessas coisas. Você só pode escolher como viver o período do voo.

O que você pode fazer sobre isso é pagar mais caro pela passagem com flexibilidade de marcação, se não pagou mais caro por essa passagem, um beijo e um abraço.

Avião nenhum atrasa para estragar a sua viagem. Ninguém tem o menor interesse no mundo em atrasar um avião. Atrasar avião é problema para todos os envolvidos.

Aí pessoas, chateadas pq acham que o mundo é sobre elas, resolvem "não-ser-trouxas-moles" com a parte mais frágil da corrente. O atendente de aeroporto. A pessoa que não pode tomar decisão nenhuma.

Existem coisas no mundo que não funcionam para atender todos os seus desejos e necessidades.

Eu trabalhei com obra por muitos anos, e dessa história aprendi que conversa com pedreiro é mais ou menos assim:

Ele te da o prazo e o orçamento dele:

Dr., a obra vai custar X e vai demorar Y. (na verdade vai custar 2x e vai demorar 2y)

Aí a gente reclama, ele, tranquilamente, diz que vai custar X/2 e Y/2.

No final a obra custa 2x e demora 2y.

É assim que funciona. Sendo justo ou injusto, ruim ou bom, é assim que funciona.

O pedreiro bom, fala lá no começo logo que vai custar 2x e demorar 2y. Quando você trabalha muito tempo com obra, você aprende a viver com esse pedreiro, abraça ele, chama para o churrasco e quer ele do seu lado o máximo de tempo possível.

Só que quem não vive em obra, acha que o pedreiro caro é o pedreiro que está te engando, quando na verdade ele é o pedreiro bom.

Só que quem só faz uma obra, quer que todas as coisas do mundo se alinhem para a obra dele ser perfeita e barata. Aí contrata pessoas ruins, que falam o que elas querem ouvir.

Ficar brigando com médico, juiz, advogado, atendente de aeroporto mecânico, pedreiro e afins está na lista de coisas piores que a morte.

Procure bons profissionais, profissionais que você confia, e segue a vida.

Se você você quer atendimento 5 estrelas SEMPRE, ou tem a expectativa de atendimento 5 estrelas. Compre passagens de primeira classe, reserve hotéis 5 estrelas, só coma em restaurantes com 3 estrelas Michelan.

De resto, aprenda a lidar com os B.O.s da vida da melhor forma possível.

Pq...

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Vamos supor que você foi trouxa em relação ao mecânico.

Qual é a sua alternativa possível? Ficar lá plantado igual uma bananeira até o cara resolver seu problema? Até existem situações que precisa ser assim mesmo, a sabedoria é entender quando precisa ser assim.

O quanto ser trouxa com o mecânico teria que te obrigar a ser trouxa com todo o resto da sua vida que iria parar para você "não-ser-trouxa-mole-com-o-mecânico".

Para "não-ser-trouxa-mole-com-o-mecânico" você teria que parar toda a sua vida para ficar de paladino da justiça brigando com o mecânico, que te faria de trouxa em relação a todas as outras coisas da sua vida.

O cara que fica arrumando confusão no restaurante geralmente é o cara que estraga o jantar com a família pq fico arrumando confusão no restaurante.

A única resposta possível para isso seria guinchar o carro até outra mecânica, e talvez essa situação pudesse chegar nessa resolução.

Pq qualquer outra coisa seria só você dando chilique lá na mecânica e provavelmente não resolveria nada, pq, como você mesmo disse:

postado por @AltCtrl em 07/01/2025 21:27

até cheguei a falar para ele "Tal dia se não tiver pronto irei pegar o carro mesmo assim", porém no tal dia o carro estava desmontado e não pude pegar, e por ai foi. 

Você foi lá, deu de firme, ele arrumou outro problema que não resolve conversando.

Ficar pagando de machão não resolve nada. Vai dar uma de louco e aparecer lá armado e obrigar o cara a consertar seu carro com uma arma na cabeça?

Papo de maluco, né?

Ser maluco não é saudável.

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No mais, como disseram aí em cima, parece que boa parte do problema é pq concatenou um monte de problemas junto.

Tinha mudança + fim de ano + sei lá o que.

A única coisa que resolve isso é reserva de emergência. A reserva de emergência serve justamente para poder tomar essas decisões sem essa pressão. Por isso que ensina-se na bastter.com que até em situação de financiamento imobiliário, em que você deveria usar todo o dinheiro para pagar deve-se manter a reserva de emergência.

Existiam dezenas de soluções que não envolvem ficar maluco com o mecânico. Todas elas envolvem gastar dinheiro para resolver o problema de outras formas. Seja alugando um carro, comprando outro, vendendo esse, guinchando para outra mecânica que fosse melhor que essa e por aí vai.

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Depois que esse problema passar, e as coisas acalmarem, senta e conversa com a sua esposa sobre a situação, e pergunta se o que ela queria mesmo é que você fosse lá com uma arma na mão para obrigar o cara a consertar o carro...

ou se ela estava estressada com a situação e acabou despejando em cima de você a raiva que estava sentido. Pq afinal, se ela queria uma solução energética sobre o problema, pq ela não foi lá e resolveu o barraco? Pq, em algum lugar ela sabe que não é assim que funciona, se fosse só ir lá e fazer barraco, ela poderia ir lá e resolver.

O provável é que ela estava igualmente estressada, e sem saída e na dificuldade de ambos em lidar com a situação toda, vocês acabaram despejando um no outro suas frustrações.

Então, depois que a coisa se resolver, depois que as coisas se acalmarem. Conversem, peçam desculpas pelos erros e se comprometam a resolver as coisas entre vocês de uma forma menos maluca.