1. Não existem coisas humanas que sejam em todo boas ou em todo ruins. As coisas humanas são diversas e existem várias dimensões. Nem todo o amor é bom, nem todos os pais são bons, nem todos os filhos são bons, nem toda a paz é boa. Talvez seja importante buscar essas coisas pq elas não vem de graça e se a gente não se esforça um cadinho a única expectativa é o inferno.
2. Dito isso, existe a coisa de se preocupar com os e com o que os outros pensam. Isso existe de várias formas, em graus mais graves, menos graves, mais problemáticos e menos problemáticos.
Existe quem se preocupa com os outros com passividade, existe quem se preocupa com os outros com agressividade. Existe quem se preocupa com os outros de forma saudável.
Muitas coisas existem. Se preocupar com os outros não é intrinsicamente mal ou ruim, acho que em algum grau é uma coisa saudável. De uma forma ou de outra, é legal a gente ter uma imagem social de si que gosta e que a gente consegue colocar no mundo. É parte da nossa construção de identidade. É bom para a gente não se afogar na imensidão de coisas da vida. Quem eu quero ser para mim e para outras pessoas é das perguntas importantes da vida.
3 Nos extremos das coisas, quem se preocupa com os outro ao ponto de interferir na vida pessoal, seja por agressividade, por ser tão sensível e tem medo de tudo que explode para tudo que saí do controle, seja por passividade, que não consegue se manifestar com indivíduo pq é tão sensível que as coisas saiam do controle.
Nenhum dos dois é bom.
4. O que falta aos dois é a percepção de ajuda social. Ambos estão apartados e isolados na sociedade e sobrecarregados de si, pq não conseguem perceber a sociedade como ajuda.
No fim das contas, veem quaisquer pessoas como inimigos possíveis.
Existem pessoas que querem ajudar, mas o ansioso social está tão perdido na própria ansiedade que não consegue viver sem ela. Vivem para atender as necessidades da ansiedade, que é controlar o mundo e os outros.
5. Por fim, outra coisa que ansiosos sociais tem em comum é criarem tramas imensas e imaginárias na própria cabeça. Eles vivem diálogos, conversas situações, fantasias inteiras de coisas que nunca aconteceram.
Ficam presos num processo de retroalimentação sobre aquilo que eu penso do que os outros pensam do que eu penso do que eles pensam de mim que não acaba nunca.
Boa parte dos medos que os ansiosos sociais (com transtorno ou um proto-transtorno) tem nunca se manifestam na realidade. Exceto para alguém que efetivamente está em um lugar terrível, não existe ninguém efetivamente preocupado com a gente, ou gastando um segundo a mais que o necessário tramando um plano de vingança, ou confabulando ou pensando em si.
O ansioso, e o ansioso social é um escravo da ansiedade. Por ele viver em função do medo que ele tem, ele acha que todos tem que ser escravos junto com eles.
6. A saída disso não é dizer não, não é botar o pau na mesa, não é ser durão.
A saída disso é achar grupos de apoio que façam sentido.
Não é só que o mundo não está contra você. Existem pessoas hoje que estão tentando ajudar. Mas o ansioso nem percebe a ajuda pq está preocupado demais com as próprias paranoias, ele está preocupado demais com o inferno que criou na sua própria cabeça.
A saída é parar de lutar um luta que não existe (exceto nos casos que ela existe, mas são raros), e entender quem são as pessoas de apoio, com quem a gente pode contar, para quem podemos pedir ajuda, com quem podemos ter uma conversa franca e aberta.
Parem de gastar seu tempo com pessoas ruins e aproximem-se de pessoas boas. É muito mais fácil e gratificante