Aluguel de imóveis é igual renda do trabalho?
comentada em 11/03/2025 22:25

postado por @Paulo em 04/03/2025 18:57:46

@Bastter

Do que eu entendo dos conceitos aqui do site: Não,  não é.

Seria o retorno de um investimento passivo sobre um valor do patrimônio.

De forma geral, os conceitos daqui não consideram esse retorno passivo como renda. Nenhum retorno passivo de investimento é considerado renda.

A renda só vem do investimento ativo, de alguma forma você tem que produzir algo ou agregar valor ativamente - trabalho - em cima desse investimento para ser considerado renda.

Não tô falando que isso é o certo.
Não estou falando que esse tem que ser o único entendimento.
Não estou falando que alguém tem que concordar com isso.
Não estou falando que eu concordo com isso.
Não estou falando que eu vivo assim a minha vida.
Não estou falando que alguém deveria viver assim a própria vida.
Não estou falando que isso tem que fazer sentido na realidade.
Não estou falando que isso faz sentido na linguagem usada fora do site.

Pra mim isso é só uma discussão sobre a coerência conceitual interna da linguagem usada aqui.

postado por @Paulo em 04/03/2025 20:43:21

isso tudo faz sentido, só que o que é
Ou seja, quem vive de renda dos investimentos, está dilapidando o patrimônio. (Acho que esse é a mensagem crucial)

Pq se a pessoa, após 10 anos recebeu um total de aluguel X de um imóvel, mas receberia 2x, ou 0.5x (qualquer valor) de ações, ou dólar, ou sei lá o que continua sendo o rendimento de um dinheiro aplicado e recebido passivamente em um tipo de investimento, que tem características e formas específicas de retorno.

Ser imóvel ou não não muda que é só retorno de investimentos. Se fosse assim, para viver de renda, nos conceitos daqui, bastaria comprar imóveis e ai você poderia gastar o retorno livremente.

postado por @carlos.martins em 04/03/2025 19:46:25

Pensando aqui sobre isso...
Aluguel é serviço. Se você presta serviço cortando cabelo, isso seria renda do trabalho, certo? Mas para prestar esse serviço de cortar cabelo, você precisa de uma tesoura. Da mesma forma, se você quer prestar serviço de moradia a alguém, você precisa comprar uma casa para alugar para ela. Seria correto dizer que o valor recebido por cortar cabelo é renda passiva vinda da tesoura? Eu diria que não, mas sim, que esse valor é renda de prestação de serviço. E por que seria correto dizer que o valor recebido do aluguel é renda passiva vinda da casa? Não seria também uma renda de prestação de um serviço? Imagine alguém que comprou um caminhão e faz frete. Esse dinheiro que ele ganha do frete é uma renda passiva vinda do caminhão ou uma renda ativa vinda do trabalho de motorista? 
Aluguel talvez não devesse ser considerado como algo que vem do imóvel, mas um serviço que uma pessoa está prestando e usa uma casa para isso. 
Isso tudo eu penso para a pessoa física. Se for uma empresa, tanto uma rede de barbearias, quanto uma empresa de aluguel de imóveis ou uma transportadora, onde há funcionários prestando esse serviço para o cliente final, onde entra dinheiro no caixa da empresa e depois há distribuição de lucros para os sócios, aí eu penso que a conversa muda...

postado por @Paulo em 04/03/2025 20:43

fernando

isso tudo faz sentido, só que o que é conceituado aqui na bastter é que a valorização de patrimônio não é renda, é patrimônio.

Imagino que essa ideia seja uma oposição a viver de renda, que nada mais seria que viver do rendimento de investimentos (que é o que você explicou), ou do investimento do conhecimento/trabalho, mas que a pessoa não percebe que na verdade está vivendo de patrimônio.

No meu entendimento, no conceito de patrimonio aqui assume-se que faz parte desse objeto que ele valorize ou desvalorize, e que essa oscilação não é renda. Seria uma propriedade intrínseca do objeto.

Ou seja, quem vive de renda dos investimentos, está dilapidando o patrimônio. (Acho que esse é a mensagem crucial)

Pq se a pessoa, após 10 anos recebeu um total de aluguel X de um imóvel, mas receberia 2x, ou 0.5x (qualquer valor) de ações, ou dólar, ou sei lá o que continua sendo o rendimento de um dinheiro aplicado e recebido passivamente em um tipo de investimento, que tem características e formas específicas de retorno.

Ser imóvel ou não não muda que é só retorno de investimentos. Se fosse assim, para viver de renda, nos conceitos daqui, bastaria comprar imóveis e ai você poderia gastar o retorno livremente.

A única nica forma de manter o patrimônio é ter fluxo de dinheiro externo que não vem do patrimônio seja do trabalho, ou da mesada da mãe, pai, tio ou alguém te dando dinheiro externo ao seu patrimônio.

postado por @Sant_ em 04/03/2025 21:50

fernando bacana esses exemplos. Como o assunto desse tópico me confundiu bastante, na sua opinião, independente de outros investimentos e de forma objetiva, o dinheiro do aluguel de imóveis é uma renda de serviço?
Lendo suas respostas, parece que sim, mas na prática continua me parecendo mais prudente ter o entendimento de que o aluguel deve fazer parte do patrimônio, visando acumular patrimônio, e não ser entendido apenas como renda.
Te pergunto para aprender mesmo pois achei interessante o assunto.

postado por @carlos.martins em 04/03/2025 19:46:25

Pensando aqui sobre isso...
Aluguel é serviço. Se você presta serviço cortando cabelo, isso seria renda do trabalho, certo? Mas para prestar esse serviço de cortar cabelo, você precisa de uma tesoura. Da mesma forma, se você quer prestar serviço de moradia a alguém, você precisa comprar uma casa para alugar para ela. Seria correto dizer que o valor recebido por cortar cabelo é renda passiva vinda da tesoura? Eu diria que não, mas sim, que esse valor é renda de prestação de serviço. E por que seria correto dizer que o valor recebido do aluguel é renda passiva vinda da casa? Não seria também uma renda de prestação de um serviço? Imagine alguém que comprou um caminhão e faz frete. Esse dinheiro que ele ganha do frete é uma renda passiva vinda do caminhão ou uma renda ativa vinda do trabalho de motorista? 
Aluguel talvez não devesse ser considerado como algo que vem do imóvel, mas um serviço que uma pessoa está prestando e usa uma casa para isso. 
Isso tudo eu penso para a pessoa física. Se for uma empresa, tanto uma rede de barbearias, quanto uma empresa de aluguel de imóveis ou uma transportadora, onde há funcionários prestando esse serviço para o cliente final, onde entra dinheiro no caixa da empresa e depois há distribuição de lucros para os sócios, aí eu penso que a conversa muda...

postado por @fernando em 04/03/2025 22:02



No próximo chat você vai entender, aluguel não é exatamente um serviço, mas é similar sim, mas não é serviço

Aluguel é a remuneração por ceder o uso do seu imóvel a terceiro.

Você ganha salário por abrir mão do seu tempo, e cede-lo a terceiro, aluguel por abrir mão do uso do seu bem, lucro e juros por abrir mão do uso do seu capital. 

postado por @buttler em 05/03/2025 07:39

Dinheiro tem valor no tempo.
Aluguel está para o imóvel assim como o juro está para o dinheiro.
Então pelos princípios do site, não seria renda.
No entanto, na prática, não é isso que se observa.
Se consumir o juro, o patrimônio em dinheiro tende a diminuir.
Se consumir o aluguel, o patrimônio em imóvel não diminui. 
O complicador é que imóvel se desgasta no tempo, o que poderia descompensar e igualar os ativos.
Mas meu "sentimento" é que isso não ocorre, ao menos não necessariamente. 

postado por @Bastter em 05/03/2025 07:58



realmente vc nao tem de gastar de tempos em tempos em manutençao das suas açoes ou FIIs
como tem no imovel
essa eh uma diferença

postado por @Charlito em 05/03/2025 08:15



Tem sim. A gente só não percebe o gasto, mas tudo tem despesa operacional.

O dinheiro sai sem sequer chegar a entrar em nosso bolso. Por isso é que não dói. E, para os humanos, se não dói não existe.

Mas existe.

postado por @CR7 em 05/03/2025 10:43

O imóvel alugado tem o poder de tirar o dinheiro de um terceiro e transferir para o bolso do proprietário. Se o imóvel não gera esse fluxo sozinho, precisa do terceiro (inquilino), e esse dinheiro está mudando de mão, tem renda aí. Parte da receita é usada pra pagar os custos da atividade, o que sobra é lucro.

Renda só do trabalho, ok. Mas você precisa estar lá de corpo e alma, está gastando tempo e energia, igual o seu dinheiro investido no imóvel. 

postado por @fernando em 04/03/2025 20:30:06

Ps: a título de curiosidade o valor de reinvestimento necessário para manter o imóvel competitivo é chamado de FRA - fundo de reposição do ativo. Mais ou menos 3,5% da renda gerada.

postado por @Paulo em 05/03/2025 11:54

Bastter eu acho que se você tentar fechar muito o conceito, ao invés de focar na mensagem, vai acabar se enrolando.

Eu acho que a explicação do fernando é a que faz mais sentido na ideia de conceitos, só que perde a mensagem que você tenta falar sobre juros do investimento não ser renda.

Toda a mensagem de um comunicador tem um prejuízo de precisão técnica para traduzir em uma linguagem leiga para o público.

Se você focar demais no conceito, vai perder a mensagem, se quiser passar uma mensagem sem nenhum conceito, torna-se uma mensagem vazia.

Tem um meio de campo mágico aí que atende satisfatoriamente os dois.

postado por @Gandalff em 05/03/2025 17:52

Minha opinião (de burro).

se você recebe 10 dinheiros pelo aluguel e dele deduz gastos correntes (administração, seguro, IRPF…) e reserva para manutenção futura, hipoteticamente de 4 dinheiros, o que sobrou (6 dinheiros) é renda pois acrescenta ao seu patrimônio.

Você não está tirando esses 6 dinheiros do principal, ele é um fruto (inclusive é descrito assim no código civil), pois, ele se renova periodicamente sem diminuir o principal.

Pode-se fazer analogia com o motorista de uber, por exemplo, de tudo o que recebe, se ele deduz os custos e a reserva para manutenção, o que sobra é renda… e olha que nesse caso ainda há a depreciação do carro.

postado por @Bastter em 05/03/2025 20:32

para mim esta reserva de manutençao eh dar nome ao dinheiro
invista em valor diversificado, tenha RE
se precisar de dinheiro ta la investido
q diferença faz dar um nome

postado por @Gandalff em 06/03/2025 07:42

Acho que ficou ambíguo o que escrevi.. eu não crio uma nova “caixinha “ com essa reserva que tiro do aluguel.

Eu apenas “aporto” todo mês esse valor no bolo da RE, independentemente, de quanto eu já tenha guardado. É um valor além daquilo que estipulei/arbitrei  como necessário para eventual emergência da minha família.

postado por @Bastter em 06/03/2025 08:10



se junta na RE entao nao ta dando nome ao dinheiro

postado por @Rod100 em 06/03/2025 09:50

Post do fernando ali em cima com vários "tô incrível" vale ouro.

O que ele colocou, no meu entendimento, em linguagem ultra simplificada e prática:

Nível 1 - Sujeito tem 1 imóvel de 500 mil e 10 mil em Reserva de Emergência, se encarar o aluguel do imóvel como renda = ferro.
Nível 2 - Sujeito tem 2 imóveis de 500 mil (1 Mi); mais 1 Mi em ações, FII, stocks, etc; mais uns 100 mil em Reserva de Emergência. Até dá para aceitar parte do aluguel como renda, mas pode passar por períodos de dificuldade, quando o resto do patrimônio dará suporte.
Nível 3 - Sujeito tem 7 imóveis de 500 mil (3,5 Mi); mais 5 Mi em ações, stocks, FIIs, etc; A partir daqui, tanto faz se considera aluguel como renda ou não.

O problema é que a grandíssima maioria das pessoas encontra-se no Nível 1 (ou 0) e quer ter a ilusão de viver da renda do aluguel como se fosse Nível 3.

postado por @adicionado em 06/03/2025 13:13

Não consigo ver a primeira imagem e não pensar que isso basicamente afirma que "cotação é medida de patrimônio" e que automaticamente "dividendo não é renda porque desconta da cotação" é sardinhagem, pois parte do pressuposto que o valor de uma empresa é sua cotação.

postado por @fernando em 04/03/2025 20:02

Esse desenho pressupõe um patrimônio estático, uma empresa que não gera caixa e lucros, aí tira e diminui, na prática uma boa empresa em geral gera valor e consequentemente caixa, uma parte faz capex (que aumenta ativos e consequentemente patrimônio líquido e geração de caixa) uma parte distribui ou recompra ações, uma parte paga dívida que também aumenta o patrimônio líquido etc. tem algumas outras destinações possíveis.

Quando você pega um pano paga uma costureira produz uma camisa paga os impostos e sobra algo o resultado chama-se lucro que é o mesmo das empresas de capital aberto.

A empresa é como um balde d'água que vai enchendo, enchendo, e depois derrama distribuindo, mas retém uma parte que vira mais balde. (Nesse exemplo maluco os baldes são feitos de água) e aí consegue encher mais reter mais distribuir mais etc.

Se me derem toda a matéria prima necessária para produzir um iPhone a única coisa que eu saberia fazer é uma pedra pra jogar em alguém (com sorte). O ato de saber transformar aquele monte de plástico e metais em um item desejado por milhões de pessoas é remunerado pelo lucro.

Quando você trabalha, o resultado chama-se salário, que remunera o seu tempo, mas que também pode perder/diminuir por n motivos, demissão, renegociação de salário via sindicato, profissão ficar obsoleta etc.

Quando aluga-se um imóvel para alguém paga-se todas as despesas e impostos separa-se o valor para reposição/manutenção do imóvel, o resultado é chamado renda (falam aluguel, mas na economia seria renda), daí o termo arrendar terras, mas pode perder essa renda, ficar vago enfrentar longos períodos de vacância, ser desapropriado etc. Não se gasta todo o aluguel pra estar preparado também para essas vacas magras, em especial a vacância e as manutenções.

Se empresta dinheiro para um ente público ou privado o resultado chama-se juros, mas pode ter calote ou a inflação tornar os juros reais quase irrelevantes.

Essa divisão da geração de riqueza em 4 formas não é minha, vem de David Ricard, em 1817.

Não tem melhor ou pior, mais útil ou menos útil. O ideal é ter todas.

O lucro, por exemplo, entrou no patrimônio, aumentando o PL da empresa ou distribuindo dividendos, ou recomprando ações etc.

O salário, se você consome tudo, uma hora pode sumir, o lucro se consome tudo uma hora pode sumir, o aluguel do imóvel idem, o imóvel pode ficar tão detonado que você não consegue alugar mais sem uma grande reforma.

Renda de imóvel é menor por ser mais previsível e estável e também por, ao menos em tese o imóvel sempre reter a inflação dentro dele, você só recebe ela por completo ao vender, portanto em tese seu retorno é aluguel + inflação (IGP-M ou IPCA), mas de tempos em tempos tem que "dar uma garibada no imóvel", salário não faz isso sempre, as vezes fica congelado e empresas algumas sim e outras não, bancos sempre foram bons em repassar inflação, telefono teve dificuldade por muito tempo etc.

XP Macaé, um dos imóveis mais modernos do Estado do Rio -> ferro nos investidores. Se fosse uma PF com aquele imóvel teria quebrado a depender do tamanho do bolso.

Loja da C&A no metrô de SP imóvel bem mé, excelente retorno histórico, nunca desocupou, loja estratégica etc.

Tudo é a mesma coisa, tudo precisa reinvestir uma parte, no início é importante reinvestir tudo, tudo tem alguma chance de dar errado, seja porque o imponderável aconteceu ou porque o investidor errou.

Se vivêssemos em um país sem inflação como Suíça ou Japão e todo o retorno fosse real o entendimento desses conceitos seria mais fácil.

postado por @Aposentadoria10 em 11/03/2025 18:40


Fernando, é fantastica sua evolucao ao longo dos anos! Fico atenta procurando suas participacoes, porque sempre  agrega muito !Esta aqui, uma verdadeira aula para mim! Obrigada 

postado por @Gonçalo em 11/03/2025 22:12

Se vc recebe 0,5% dos investimentos livres de imposto de renda, livre de inflação, e retira 0,2%…… será que essa retirada pode ser considerada renda?