Estava vendo a LIVE desta terça e o Bastter fez um comentário interessante:
"tem médico bom e médico ruim"... "
A maioria das pessoas são mal atendidas porque elas não sabem ser bem atendidas".
Esse ponto é interessante. Por exemplo, de forma geral, não há um ensino sólido de matemática financeira básica. As pessoas não aprendem na escola o impacto destrutivo de uma dívida. O resultado é quase epidêmico: fazer empréstimo é visto como normal, crédito consignado parece "vantajoso", ter limite no cartão é sinal de poder, ser amigo do gerente é bacana...
O público aqui, cada um à sua maneira, já ultrapassou essa barreira. Entende que o dinheiro nunca está parado, que existe um custo de oportunidade, que dívida tem juros compostos contra você... Mas é fato que isso não se aprende na escola. Muitas vezes, a educação "tribal" que recebemos em casa perpetua maus hábitos, até porque nunca houve um bom entendimento do assunto.
E os médicos?Pois é... se a gente já não aprende direito nem a lidar com o próprio dinheiro — algo que faz parte do cotidiano —, imagine saber como ser atendido adequadamente por um médico.
Já vi muita gente bem instruída sendo enrolada em consultórios ou passando apuros em emergências (me incluo aqui... exceto na parte de ser bem instruído rs). Pacientes com boa condição financeira, mas que sofreram com atendimento precário numa madrugada, quando metade da equipe médica estava dormindo e não podia contar com os caveirinhas.
No fundo, o problema não parece ser ignorância ou preguiça. As pessoas simplesmente nunca aprenderam a ser bem atendidas e acham que sempre são. O plano de saúde é visto, inclusive, como um diferencial... até porque muita gente conta só com o SUS (que ajuda e muito e não estou criticando o sistema). O médico ainda ocupa o papel de uma autoridade quase absoluta. Se o médico diz que um bebê precisa ser internado por pneumonia, mas só começa o antibiótico 6 horas depois que é o horário da rodada de antibióticos, a maioria aceita sem questionar — porque nem imagina que isso poderia ser diferente, ou inadequado.
Então, o "esporro" do Bastter faz sentido — pelo menos para este grupo aqui. A maioria aqui já tem acesso a informação, sabe onde buscar uma segunda opinião, entende que pode (e deve) questionar. Mas fora dessa bolha, a realidade é outra. A maioria das pessoas, no mundo todo, não sabe o que é um bom atendimento médico, e muito menos como identificar ou exigir um.
E aí surgem as perguntas:
Como ensinar isso?Todo mundo deveria usar o Google ou o ChatGPT durante uma consulta médica?
Seria cobrando meus direitos do governo (contém ironia) e educando/ensinando nas escolas?