Pessoal, boa tarde e bom domingo!
É minha segunda postagem, e vou testar se levo voadoras ou se sou bem aceito com esse tipo de conteúdo, "menos prático" e mais filosofal...
Gostaria que o Paulo lesse e quem sabe isso inspirasse um chat sobre o assunto...
Vamos lá!
Ontem ouvi um "bode do Bastter", em que ele responde a um usuário e diz que considera que sua percepção de vida (filosofia) se deve muito ao fato de que ele sempre aceitou bem a realidade (acho que era o bode 21).
Isso me levou a uma reflexão: "seria, de fato, possível alguém contemplar a realidade o tempo inteiro, sem sucumbir ao peso dela?" (sei que o Bastter não quis dizer que sim..., é apenas uma reflexão provocada por aquela declaração).
Imediatamente lembrei de algumas pessoas que conheço que não tiveram uma vida tão brilhante ou sofreram uma grande derrota em algo que dependia somente delas, mas que se agarram a outros aspectos ou contam versões mais positivas dessas mesmas vidas ou experiências.
Resolvi, então, perguntar ao ChatGPT o que ele achava do pensamento de que as pessoas ressignificam suas experiências passadas e o resultado final (momento atual de suas vidas), criando versões mais positivas ou palatáveis de seus fracassos e insucessos, pois contemplar a verdade para o resto de suas vidas seria insuportável.
Segue a resposta da inteligência artifical, que me faz pensar que muitas vezes vivemos em uma espécie de Matrix criada pelo nosso sistema de autodefesa.
Essa é uma questão profunda, e sim — esse fenômeno realmente existe e é bem documentado em diversas áreas da psicologia, especialmente na psicologia cognitiva, psicologia existencial e na neurociência da memória.1. Sim, as pessoas ressignificam o passado — e frequentemente.A memória não é um repositório fixo de fatos. Ela é reconstrutiva, o que significa que, ao lembrar de algo, não estamos acessando uma "gravação" dos eventos, mas sim reconstruindo os acontecimentos com base em fragmentos, emoções e narrativas que mudam com o tempo. Essa reconstrução é fortemente influenciada pelo estado emocional atual, pelas crenças atuais, pelo contexto social e pelos significados que vamos atribuindo à vida.2. Mecanismos de proteção psicológica (defesas do ego)Ressignificar experiências dolorosas pode ser uma forma de mecanismo de defesa, como a racionalização, a negação ou a sublimação. Em vez de carregar o peso insuportável de um fracasso cru ou de um erro devastador, a mente reconstrói a narrativa:
"Aquilo teve que acontecer para que eu me tornasse quem sou hoje."
"Na verdade, aquilo não era para mim."
"Não foi um fracasso, foi uma lição."
Essas reformulações não são mentiras conscientes, mas adaptações psicológicas necessárias para a manutenção do bem-estar e da coesão interna.3. Grau: até que ponto isso acontece?Isso varia muito entre pessoas e contextos, mas é mais comum do que não. Há estudos que mostram que:Pessoas tendem a lembrar o passado de forma mais positiva do que ele realmente foi ("rosy retrospection").Quando envelhecemos, há uma tendência maior de criar narrativas coerentes e positivas da vida — o que é considerado um sinal de maturidade emocional.Pessoas mais resilientes geralmente conseguem ressignificar traumas ou fracassos, enquanto outras podem ficar presas a interpretações negativas.4. É ruim ou é necessário?Nem sempre isso é "autoengano". Às vezes, ressignificar é um ato de sobrevivência psíquica. Viver contemplando o fracasso cru e absoluto pode, de fato, ser insuportável — levando à depressão, desesperança ou imobilidade. A construção de uma narrativa mais tolerável ou mesmo inspiradora do próprio passado pode ser o que permite à pessoa seguir em frente, amar de novo, tentar outra vez, viver com dignidade.Por outro lado, evitar completamente a verdade também pode ser prejudicial. Em alguns casos, encarar com coragem o que realmente aconteceu é o único caminho para a autenticidade, para a libertação e para a mudança profunda.Em resumo:Sim, as pessoas ressignificam suas experiências passadas, muitas vezes para torná-las mais suportáveis. Isso ocorre em graus variados e é, até certo ponto, natural e necessário. Mas como toda defesa, se usada em excesso, pode virar um obstáculo ao crescimento real. Há um equilíbrio delicado entre a aceitação honesta e a reinterpretação compassiva.Se quiser, posso te mostrar estudos ou autores que exploram isso (como Viktor Frankl, Dan McAdams, Daniel Kahneman ou Freud).