Graham fala ao investidor defensivo:
"A discussão anterior nos leva a uma conclusão de importância prática para o investidor conservador em ações ordinárias. Se ele precisar prestar atenção especial à escolha de sua carteira, pode ser melhor para ele concentrar nas ações que vendem a um preço razoavelmente próximo ao valor dos ativos tangíveis, digamos, a não mais que um terço acima daquele número. As compras realizadas em tais níveis, ou em patamares inferiores, podem logicamente ser consideradas como relacionadas ao balanço da companhia ou como tendo uma justificativa ou uma base independente dos preços de mercados oscilantes. O prêmio acima do valor contábil que pode estar envolvido pode ser considerado como um tipo de taxa extra paga pela vantagem de ser negociada em bolsa e pela liquidez que isso representa.
É preciso cautela nesse ponto. Uma ação não se torna um investimento sensato simplesmente porque ela pode ser comprada a um nível próximo do ser valor contábil. O investidor deveria exigir também uma razão preço/lucro satisfatória, uma posição financeira forte e a perspectiva de que seus rendimento serão, pelo menos, mantidos ao longo dos anos. Isso pode parecer exigir demais de um ação com uma cotação modesta, mas a combinação não é difícil de ocorrer em todas as condições de mercado, com exceção das perigosamente altas. Desde que o investidor esteja disposto a abster-se dos papéis com perspectivas brilhantes, isto é, com crescimento médio acima do esperado, ele não terá dificuldade em encontrar uma ampla gama de ações que atendam a esses critérios."
Lembrando que o investidor defensivo, segundo Graham, é aquele que não pode ou não está disposto a empregar demasiado tempo no estudo do mercado e das empresas. Logo, não se espera que o investidor deste caráter, tenha condição ou habilidade de precificar ações de acordo com métodos mais complicados, como MDD ou FCD.
Contudo, Graham orienta o investidor defensivo a realizar pelo menos análise de múltiplos, com a premissa de que a empresa possua bons fundamentos.
Eu sei que isso não será suficiente para quem defende a ideia de que múltiplos não servem para nada, mas ok. Não sou eu quem está dizendo, é Graham.