IFRS16
comentada em 15/04/2020 12:32

Não entendi, depreciação de qual ativo? O imóvel alugado de outrem vai ser contabilizado no Balanço?

Não cheguei a estudar o assunto em maiores detalhes, mas pelas notícias que li se uma empresa, por exemplo, tiver um contrato de aluguel com prazo de 10 anos ela vai ter que reconhecer essa obrigação no balanço patrimonial e ir apropriando ano a ano ou trimestre a trimestre via amortização. O pessoal tá falando depreciação, mas acho que o termo que se encaixaria melhor seria amortização.

@Masamune vai impactar o lucro sim, pois vai funcionar mais ou menos como o @marcos_n   falou, trazer todo o contrato a valor presente e ir amortizando. Se não impactasse o lucro, não teria esse AUÊ todo que ta tendo por causa dessa norma. Porem eh apenas uma mudança na contabilização, oq não muda em nada o operacional da empresa.

É depreciação mesmo.... aí explica tudo IFRS 16: nova norma altera modo de contabilizar arrendamentos » Capital Aberto

Eis o que acontece. 

A IFRS 16 tem correspondência aqui no Brasil com o CPC 06 (Arrendamento Mercantil).

O arrendamento mercantil era dividido, principalmente, em dois tipos: financeiro e operacional.

Arrendamento financeiro é aquele em que o arrendatário assumia o risco, os benefícios e o controle dos bens. ERA RECONHECIDO COMO ATIVO.

Arrendamento operacional não transferia. ERA LANÇADO COMO DESPESA. 

Em síntese, a classificação era de certa forma subjetiva e isso prejudicava um atributo importante para a contabilidade, que é a chamada COMPARABILIDADE. Se duas empresas do mesmo setor dessem classificação distintas a seus arrendamentos, isso poderia afetar a tomada de decisão dos usuários.

Com as mudanças, agora o arrendamento financeiro e operacional, em regra, vão ser reconhecidos no ativo. Quais as despesas decorrentes dessas mudanças? 

No balanço: - Haverá mudança no número de arrendamentos reconhecidos no ativo.
Na DRE: Vai afetar a DRE, pois agora terá que lançar despesa de depreciação e juros para todos os arrendamentos.
Na DFC: Antes, o arrendamento financeiro impactava o fluxo de financiamento e arrendamento operacional impactava o fluxo operacional. Agora, no que diz respeito ao principal, é tudo financiamento.

É uma pequena síntese. Espero ter ajudado!

Um abraço. 

@marcos_n se for ativo intangível (sem substância física) falamos em amortização. 

Mas se for um arrendamento de ativo IMOBILIZADO, então é depreciação mesmo! 

Se for recursos minerais, aí é exaustão.

São coisas distintas. 

Um abraço.

@Masamune não afeta o LL ao longo da duração daquele contrato de arrendamento. No anual vai afetar o lucro negativamente no início e positivamente no final do prazo do contrato, de acordo com a evolução dos pagamentos dos juros.
Mudam as contas do BP, ANC - Imobilizado aumenta seguido por uma contrapartida no PC/PNC - Empréstimos e Financiamentos, resultando em um efeito nulo. O mais importante é acompanhar isso e descontar do endividamento.
No DRE o custo reduz ajustado pelo aumento de depreciação e despesas financeiras com juros (impacto vai ser nulo a LP).
No DFC nada muda, acontece apenas os ajustes descontando depreciação e juros que não tiveram efeito caixa, pelo pagamento dos custos do contrato que teve efeito caixa.

Fiz um quadro com um exemplo de um contrato de 10 anos no valor de R$ 1 milhão/ano, se tiver errado algum contador ou normativo me corrija.



https://imgur.com/RrVA78I

@Masamune simplificando é isso mesmo.

E na renovação do contrato vai recomeçar o ciclo, nos primeiros ano aumenta-se endividamento, aumenta Ebitda e diminui lucro liquido, depois vai invertendo e até o fim do contrato o feito é nulo, mas ele fica distribuido de forma assimétrica afetando negativamente no inicio e positivamente no final e recomençando tudo de novo na hora de renovar ... empresas que tem muito aluguel pode ter o efeito de aumentar muito a dívida num primeiro momento sem que nada de novo aconteceu 

E com isso altera-se os múltiplos divida/Ebtda entre outros 

@cmvieira esclareceu bem, note que no exemplo dele a empresa tem um aluguel de 1.000,000,00 nas regras antigas no DRE entrava 1.000,000,00 em despesas ... com as novas regras, embora a empresa pague efetivamente 1.000.000,00 por mes, no DRE vai vir cerca de 1.172.000,00 no ano zero e depois cerca de 800 mil no ultimo ano. Veja o que ocorre na transição, ou seja na renovação do contrato. Digamos que no decimo primeiro ano o contrato suba para 1.100.000,00 para os proximo 10 anos, no decimo ano a saida efetiva de caixa vai ser de 1 milhao mas na DRE vai ta contabilizado 800 mil mais ou menos e no decimo primeiro vai ser contabilizado mais de 1.200.000,00 um aumento considerável 

Mas, o mais estranho é ter uma rubrica com efeito caixa aumentando o EBTIDA (depreciação) como se nao tivesse efeito caixa 

@luqteixeira não entendi. EBITDA é EBITDA, Caixa é Caixa, cada um no seu regime.
O IFRS aumenta o EBITDA pq credita arrendamento debitando juros e depreciação e o EBITDA, como o nome diz, é o lucro potencial excluindo juros e depreciação.
Se vc usar o EBIT, por exemplo, o valor será parcialmente considerado no resultado.

@bastter e moderadores, não sei se o impacto do IFRS nesses balanços trimestrais foi muito grande. Vi só o caso de LREN e havia um "aumento" da dívida pelo reconhecimento no BP dos contratos de arrendamento. Poderíamos descriminar isso nos quadros como fazemos com os não-recorrentes nos lucros, separando arrendamento de empréstimo/financiamento.

Exato @Masamune até então a Depreciação aumentava Ebitda sem ter efeito caixa na DRE, o efeito caixa havia ocorrido em exercícios anteriores, agora, a Depreciação do direito de uso não está descolada do efeito caixa

@cmvieira qual o cálculo utilizasse pra linha "DRE - Juros"? Que inicia com R$ 400.609. Valeuu! 

TIR do VPL pelos custos dos 120 Meses: TIR (+7.721.735;-83.333;-83.333...;-83.333). Isso dá 0,45% a.m. Aplico essa taxa nos saldos provisionados no ativo mensalmente até zerar.
Posso disponibilizar a planilha pra vcs, só não sei como.
Se conhecerem algum especialista (contador normativo ou algo asism), seria legal ele validar esse entendimento.

Pessoal uma parte do meu trabalho é realizar análise de balanço e estávamos discutindo o efeito prático da depreciação de arrendamento.

Vejam se concordam:

Pensamos que a depreciação vinda de arrendamento deveria ser excluída do DRE e Fluxo de caixa nas nossas análises, pois não tem efeito prático pra empresa.

É totalmente diferente da depreciação do imobilizado.

Para ilustrar, vamos supor que a empresa tenha um galpão logístico próprio, o imóvel vai depreciar e eventualmente esse valor sairá do caixa da empresa para manutenções e adequações desse galpão.

Quando falamos em arrendamento, essa responsabilidade de manutenção e adequação do galpão seria de um FII (só para exemplificar), e esse valor já estaria incluso no valor pago como despesas de arrendamento. Portanto, também considerar a depreciação seria como duplicar os custos que a empresa teria com manutenção e adequação.

Faz sentido?

@Brinkis, vejo muitas empresas com esse pensamento e vivendo a mesma situação,por isso, muitas tem publicado por padrões que usavam antes e mais se aproximavam ao negócio e base comparativa que usavam e acrescentam como apêndice a norma contábil do IFRS 16.

@Brinkis acho que a linha de pensamento é outra. Porque a depreciação gerada no IFRS16 é o antigo custo operacional do contrato de arrendamento.

Pensa assim, sua empresa só tem 1 linha, R$10/ano de pagamento de aluguel.
Antes vc pagava R$10 de aluguel do galpão, esse valor fazia parte do seu CPV/Despesa (-R$10 a). Você não depreciava nada pq não tinha ativo (-R$0 b).
LL: -R$10 (a+b). EBITDA -R$10 (a). Caixa: -R$10 (LL-b)

Hoje, se o galpão é arrendado, o seu CPV/Despesa de aluguel é R$ 0 (a) e seu custo agora "virou" deprciação (R$ -10 b).
LL: -R$ 10 (a+b). EBITDA R$ 0 (a). Caixa -R$ 0 (LL-b) (LL-b)

EBITDA vai impactar mesmo, mas vc notou que o caixa deu ruim?
O caixa que era negativo agora está zero.
Isso não pode, então a gente vai precisar corrigir esse efeito no ajuste do Ativo/Passivo e no fluxo de caixa de financiamento.
Aqueles -R$10 de depreciação vão ter uma contrapartida de -R$ 6 arrendamento (c - ajuste de ativo/passivo) e -R$ 4 de juros de arrendamento pelo compromisso de longo prazo (d - fluxo caixa financiamento).
Assim o novo caixa fica: LL-b+c+d [(-10)-(-10)+(-6)+(-4)], chegando aos mesmos -R$10 anterior.

Ou seja. LL ou qualquer linha do DRE não precisa mexer.
EBITDA é só somar o valor de depreciação vinda do arrendamento.
Fluxo de caixa livre não precisa mexer.
FCO é só trazer a linha de arrendamento do FCF para cima.

@senesino muito obrigado pela explicação

@Dr_Phibes entendi seu raciocínio, a questão que ficamos batendo um pouco é que, por exemplo, as despesas relacionadas ao aluguel que antes estavam em CMV/desp adm, agora foram para despesas financeiras, discordando sua explicação. Ou seja, o custo ao invés de ser a depreciação, seriam os juros com arrendamento, dai surgiu a ideia de duplicar os custos como levantei anteriormente.

Esse raciocínio está correto ou incorreto?

Dá pra pegar pelo resultado financeiro também, mas lá não está 100% da despesa, apenas os juros sobre o que está provisionado no passivo (Vai ser só a parcela de R$4 do exemplo). O restante é abatimento do principal, vai pegar só no FCF.