Valor de Mercado Carteira de CRIs
comentada em 24/04/2014 12:52

Quando a carteira é marcado a mercado, mas falta mercado, o que se faz é usar a metodologia de fluxos esperados descontados a uma taxa "de mercado". Duro é saber as taxas (plural), utilizadas em cada avaliação, já que podem (na verdade devem) ser utilizadas taxas diferentes para ativos com risco diferente. A regra disso está na Instrução CVM 516/2011, que deixa a opção do administrador fazer pela curva, pelo mercado, ou pela expectativa de mercado. Depende um pouco se é um ativo de "negociação" ou de "manter até o vencimento", mas no geral está aberto a discrição pela escolha do método que achar que melhor reflete o valor de liquidação. O ideal seria que fosse tudo pela curva (já que no geral se leva até o vencimento). O FEXC é um caso a se estudar, que já mudou de um estilo para outro, avisando no meio do caminho que faria.

Valeu @André.PC, olhando as DFs auditadas do xpga encontrei uma nota explicando isso. No caso deles para lci e cri eles usam uma avaliação como você falou, "market-like". No fexc, eles deixaram muito genérico nas notas, apenas repetindo o exigido pela in cvm. Qual o método que eles usam agora e quando trocaram? O jsre nem DF auditada eu não encontrei na bovespa, deve ter na cvm.

Encontrei a data da troca do FEXC e ele mostra exatamente o que estava procurando. Nem sempre a "regrinha" de comprar fundo de papel somente abaixo do VP vale. Depende de como este VP é calculado! Se for avaliado na curva, então o mercado coloca ágio/deságio nas cotas do fundo, de forma a refletir a rentabilidade da carteira com relação aos juros atuais da economia. Vejam como FEXC era negociado com ágio nos fins de 2012 (carteira avaliada na curva e juros baixos) com razão! Com a marcação a mercado, o ágio/deságio nas cotas tende a sumir. E em época de juros altos (relativos a carteira cri) e marcação na curva, vai existir deságio nas cotas do fundo, e novamente com razão, não querendo dizer que esteja barato (caso do jsre????) Nunca é tão simples quanto nós gostaríamos não é? :-)

Sobre as notas genéricas nas demonstrações financeiras, é mais ou menos assim: quando não está claro qual regra está usando e tem uma informação só, é pela curva. Quando tem as duas informações não tem dúvida. Mas sim, muitos são genéricos. Está melhorando de um tempo para cá. Sim, depende de como o VP é calculado. E já que está olhando FEXC, veja o que aconteceu de Novembro para Dezembro agora. Compare com o que aconteceu quando virou de curva para contábil. Isso de depende de como o VP é calculado afeta também a história de tentar aproximar o valor esperado de FII de CRI do próximo ano: só pode ser utilizado em FIIs que usam curva. E não, nunca é tão simples. Esse é o inferno de estudar bem alguma coisa. Você rapidamente descobre que o "buraco é mais embaixo" não só é fractal como é também recursivo! =D

@André.PC, vou ressuscitar o tópico já que vi um comentário seu sobre cálculo de rendimentos de carteira de CRI no WMRB que se aplica a todos CRIs. Suas palavras no tópico: "O procedimento é mais ou menos o seguinte: 1. Pega o relatório mensal do fundo, e digita a carteira interna; 2. Para cada item da carteira, faz uma estimativa de quanto renderia no próximo ano. 3. Estima também as despesas. 4. Soma as receitas estimadas, tira as despesas estimadas, divide por 12, divide pelo numero de cotas." Pergunto, como exatamente eu estimaria *de forma simplificada* os rendimentos a serem distribuídos por um CRI? Isso porque os rendimentos dependem da curva de amortização do cri e prazo restante não é? E a curva de amortização pode ser variável (amortizações percentuais diferentes a cada mês) dentro de um mesmo CRI. Como é possível contornar esta complicação na estimativa de rendimentos futuros de um CRI? Muito obrigado. Abraço!

De forma simplificada *mesmo*. Um exemplo didático. Suponha que um FII de CRI tem em sua carteira 50% de um único CRI que rende IPCA + 8%, e o resto está em RF de CDI - IR. R$ 50.000.000,00 em cada posição. IPCA esperada de 5%, SELIC esperado de 10,5%. IR médio da parte DI de 20%. Despesas do fundo estimados em 100.000,00 mensais. 1) Grossamente, quanto o CRI renderá em um ano? 2) Grossamente, quando a RF renderá líquida em um ano? 3) Qual o resultado líquido desse fundo em 1 ano. 4) Supondo que o fundo tenha 600k cotas, e contas todas no linear, quanto esse fundo renderá por mês?

OK André, esquece as amortizações porque o fundo vai reaplicar isso mesmo não é? Valeu!

@RafaelBressan Sobre o JSRE11 os CRI CDI, IGPM e LCI são marcados na curva já os CRI IPCA são mercados a mercado. Me informei com eles via email da Safra Asset e usam um spread (calculado no momento da compra do ativo) em cima de uma interpolação de NTN-Bs para trazer o fluxo do CRI IPCA a valor presente ("curva zero"). Diria que é um jeito muito bom de marcar.

@RafaelBressan Para efeito de simplificação, sim, esquece. Essa é uma conta grossa de tudo, que de cara não leva em conta o fluxo real da carteira. Pode-se complicar tanto quanto se queria a conta *depois* de conseguir uma primeira aproximação, mas pelo teor da pergunta, ainda está faltando a primeira aproximação. Para melhorar a conta, teria de saber não só o IPCA/IGP-M/SELIC acumulados futuros (não se sabe), como também saber as parciais mensais individuais de cada um desses índices (se sabe menos ainda). Depois teria ainda de cruzar com os fluxos de pagamento individualizados de cada CRI (que raramente é divulgado), para só depois falar, sim, eis uma conta exata... ... cuja exatidão nada diz a respeito da realidade exata do que vai acontece no futuro. Continua sendo só uma estimativa. Então não se gasta tempo em melhorar a precisão da conta, que pode criar a sensação de controle, mas que é inútil num ambiente onde o próprio mercado não está trabalhando com precisão, vai a conta grossa mesmo. Acho que só o WMRB que divulga a expectativa de rendimentos individuais de CRI a frente. Nele dá para complicar bem a conta. Nos outros, sem informação, sem conta precisa. @Lucas87 Sim, é um jeito bom, mas causa um fator de imponderabilidade: não é divulgado a conta. Mas estar marcado na curva ou à mercado com indicador comportado (IPCA) é bem melhor que marcado à mercado puro, em PU. Estabilidade de base, estabilidade de conta.