Em meio ao Carnaval e antes da Copa do Mundo, diversos exploradores, economistas e advogados brasileiros, misturados aos turistas, viajaram para o frio de Toronto, a maioria em busca de recursos, mais uma vez levando resultados e programas de pesquisas, atrás de investidores. Encontraram desta vez um ambiente de negócios melhor do que em 2013, mas isto não quer dizer que necessariamente tiveram êxito! Por quê? Bem, os tempos são outros. Os fundos de private equity e as instituições financeiras estão cada vez mais exigentes. Não mais dispostos a financiar grass roots, querem projetos substancialmente avançados e que possam entrar em produção em no máximo 3 anos. Não mais se mostram dispostos a financiar equity, querendo sociedade na renda e não no lucro. A nova modalidade então em moda, são os investimentos de royalties e o metal streaming.
O motivo –explicam eles– é muito simples. “Nós financiamos Juniors e Majors sob forma de equity nos últimos anos e o que recebemos? Pouquíssimos dividendos! Isto apesar das enormes altas das commodities e da valorização das ações. Então, o resultado foi que liquidamos nossos fundos, sem conseguir retornar lucros aos nossos investidores. E mais, percebemos que os recursos foram usados em investimentos de longo prazo e que muitas empresas ficaram de fato preguiçosas, aumentando seus custos proporcionalmente àssuas receitas. Então agora queremos receber nas vendas dos minérios, queremos ir pra linha de cima dos balanços e sair da parte de baixo.” Com a desvalorização de, em certos casos, mais de 70% desde o crash de 2008, o que se vê, não só no TSX, mas em todos os mercados de mineração, é um misto de novos acionistas temerosos e acionistas que estão com posições anteriores a 2008 que, furiosos, viram suas posições serem enormemente abatidas nos últimos anos.
Algumas empresas Juniors, desesperadas, recorreram a qualquer forma para sobreviver e chegaram a usar tais recursos – os royalties e metal streaming – sem sequer terem um estudo econômico bankable que lhes permitisse determinar se poderiam pagar tais custos. Caso estas algum dia venham a produzir, terão fatalmente sangrado suas receitas e dividendos, podendo até mesmo inviabilizar o aproveitamento destes depósitos. O Mercado, apontam os executivos, não é mais um Touro como mostrava Wall Street, mas, na verdade, se parece mais com um Tigre.
Segundo um dos executivos com quem conversamos, ele agora é ágil, esquivo, furtivo e foge ao se deparar com o menor risco ou adversidade. O mercado urge de soluções melhores dos fundos. Mas os fundos de private equity, por sua vez, estão determinados a reeducar as empresas de mineração e de uma forma geral reclamam destas empresas e de seus executivos. Querem mais competência, competitividade. Dizem e apontam que não existe espaço para ociosidade, altos custos, overheads, voos de primeira classe, salários ou bônus astronômicos e que o segredo é a eficiência.
A mensagem passada por eles é a de que não adianta vir a Toronto prometer e voltar no ano seguinte pedindo mais dinheiro e oferecendo em troca mais promessas. Tem que entregar!!!! Estive neste PDAC, acompanhando uma das juniores brasileiras com resultados relevantes e impactantes. Participamos de mais de uma dezena de reuniões e ouvimos em quase 80% delas que o segredo é prometer X e trazer 2X. Os fundos já conhecem os executivos que vão fazer dar certo e nem sempre muito dinheiro é certeza de resultado. Eles querem os executivos que se esforçam, que retornam com máximo de trabalhos contra um mínimo de custos e diferem estes executivos daqueles que usam os recursos para se pagarem e manterem seu status. Tais empresas são chamadas por eles de “life style companies”, para as quais os mercados estão absolutamente fechados.
Luís Azevedo, é geólogo e advogado, sócio da FFA Legal Suport for Mining Companies, Diretor e fundador da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM) e integrante do board da Talon (TSX), Avanco, Avenue (ASX) e Brasil Minerals (OTCQB).
Fonte: Notícias de Mineração Brasil