A AmBev vive seu annus horribilis.
Acostumada a colecionar resultados invejáveis e trabalhar com expectativas crescentemente favoráveis, a companhia já antecipa uma ressaca no seu porvir.
Os motivos para essa sensação de náusea são variados: sucessivas quedas de market share, iminente perda de rentabilidade na esteira do inevitável aumento da tributação sobre o setor e o risco cada vez maior da inclusão de imagens impactantes nos rótulos de bebidas alcoólicas.
Está escrito nas estrelas que as garrafas e latas de cerveja virão acompanhadas de ilustrações que remetem a desastres de carro, tetraplegia, cirrose, violência doméstica, entre outras situações que associam o consumo de bebida ao sofrimento humano.
A AmBev lida com essa perspectiva de dias menos prósperos e virtuosos ainda embriagada pelos resultados positivos, além da promessa de muita espuma na Copa do Mundo. No primeiro trimestre do ano, a empresa reportou lucro de R$ 2,6 bilhões, um aumento de 9,5% sobre igual período em 2013. Parece um desempenho muito alvissareiro, mas não é, devido à modesta base de comparação: entre janeiro e março do ano passado, os ganhos subiram apenas 1,3%.