se aprende.
— No idioma alemão, a raiz dessas duas palavras é a mesma. “Schuld” significa culpa, e “Schulden”, dívida — disse ao GLOBO o economista Tobias Hentze, do Instituto de Pesquisas Econômicas de Colônia.
— Desde a hiperinflação dos anos 1920, dívidas e preços altos são um pesadelo para os alemães. Por décadas, os alemães estavam contentes com a estabilidade do marco. As taxas de inflação se mantiveram baixas. Como isso ajuda os devedores a pagarem suas dívidas e coloca credores em desvantagem, países com taxas altas de inflação no passado, como Itália e Grécia, têm atitudes diferentes das da Alemanha no quesito dívidas — avaliou Hentze.
— O Plano Marshall foi essencial. As pessoas saíram da guerra muito pobres e tinham que trabalhar muito para comer. Foi quando o governo introduziu o conceito de , a economia de mercado social, que permitiu incentivos razoáveis às empresas, mas também aos cidadãos e suas famílias — lembrou o economista.
Os alemães começaram a poupar. E apaixonaram-se pela prática. Em julho passado, pesquisa da Associação dos Bancos Alemães indicou que 35% do alemães entre 18 e 59 anos têm o hábito de guardar até € 100 por mês, e 25% se esforçam para poupar até € 200. O motivo? Nada de construir patrimônio ou fazer compras exorbitantes: 53% pensam em uma emergência — enquanto apenas 1% dos entrevistados contaram que poupam para viajar.
Como a inflação é inimiga dos poupadores, a ideia de reduzir taxas de juros e injetar mais dinheiro na economia, postura adotada recentemente pelo Banco Central Europeu (BCE), é aterradora a ouvidos alemães.
Austeridade alemã: uma história em que dívida e culpa assombram o inconsciente coletivo | Portal do Holanda - Notícias - Manaus - Amazonas