Custo de Capital Próprio X Custo de Capital de Terceiros
comentada em 17/01/2019 13:38

Why equity can be so much more expensive than debt | Euro-Phoenix Financial Advisors Limited

http://www.sabesp.com.br/sabesp/filesmng.nsf/FD22E252FE6B867F8325786A0061700D/$File/resposta_consulta_publica_waac.pdf

Equity premium puzzle - Wikipedia, the free encyclopedia

Dizer q fazer um empréstimo sai mais barato que emitir ações Faz sentido Agora, dizer que é mais barato fazer um empréstimo q usar o caixa da empresa ainda não assimilei.

Achei a questão e o texto complexos demais para dizer uma coisa muito simples: Como a dívida tem que ser paga primeiro e está garantida pelos bens da empresa, quem é sócio (possui ações) tem muito mais risco de quem é beneficiário de uma dívida e por isso espera um retorno maior.

Estou ressuscitando o tópico aqui para já continuar uma discussão que eu queria fazer em cima desse assunto e o post do senesino serve como um bom ponto de partida:

Por conta de trabalhar no meio empresarial, já cansei de ouvir falarem o mantra (e quase regra de mercado para alguns) do capital de terceiros. Isso parece que vem da escola de contadores tributaristas que consideram na equação pura e simplesmente o abatimento de impostos por meio de despesa financeira gerada pelo pagamento de juros. 

Porém, tenho as seguintes considerações tendo em mente que você é um empreendedor e irá decidir entre qual será a forma de aumentar o capital da sua empresa, todas baseadas em gerenciamento de riscos:

- Se o prêmio do seu negócio está em 4 vezes o custo da dívida para aporte de novo sócio, porque você não aporta o seu próprio capital e o remunera com esse prêmio excelente? Por conta do risco e da diversificação do próprio sócio, obviamente. Nada é de graça.

- Dívida em banco pode ser uma arma na cabeça para a empresa em caso de resultados ruins atípicos, principalmente em estágio inicial de desenvolvimento. Mesmo em empresas maduras, em um período onde a margem pode apertar mais, você se expõe à variação da taxa de juros. Em cíclicas, isso é pior. Estar alavancado no ciclo de baixa ou crise pode ser cemitério. Isso foi a famosa "resiliência" das empresas que resistiram a crise de 2013 e 2008, e acredito que o nível de alavancagem tenha contribuído muito.

-Smart money. Para empresas pequenas, é interessante a entrada de sócios que irão aportar além do dinheiro, capital intelectual e expertise no ramo, além de possíveis M&A .

- Risco de "vício" do departamento financeiro e dos investimentos de CAPEX. Isso pode soar até engraçado, mas internalizar a ideia de se alavancar sempre pode induzir o seu departamento financeiro a se acostumar a operar alavancado e não se preocupar com flutuações nas taxas de juros ou até da própria destinação desse capital obtido a título de empréstimos, começando a pegar empréstimos cada vez mais custosos e sem um plano de retorno com os investimentos que irá fazer com esse capital. Quando você vai ver, a linha de despesa financeira que deveria somente abater um pouco do seu resultado para pagar menos imposto está gigantesca e levando a empresa pro buraco com investimentos sem sentido. 


Alguém complementa ou contradiz os pontos que eu levantei? 

essa discussao pelo q eu entendi eh para SAs enormes

empresa pequena de PF eh simples
nao pode ter divida senao quebra

nao sei se entendi o q vc ta falando

Só concordo com o smart money. Os outros pontos não. 

A decisão de aportar com capital próprio ou de terceiros depende de onde vc está na curva de estrutura de capital. O depto financeiro não deve ter vícios, deve buscar o ponto ótimo de relação entre financiamento de terceiros e próprio.

Note q mesmo na cíclicas, pode operar com dívida perto do ponto ótimo de estrutura de capital desde q vc consiga manter os custos baixos. Se uma cíclica tem bom free cash flow, na crise ela não terá custo alto de refinanciamento, será uma investment grade.

Se o VPL (prêmio) é muito mais alto q o capex, aí só depende realmente se vc tem ou não o capital para aportar.

É importante tb q dívida com terceiros seja bem dividida no tempo, com vencimentos bem espalhados ao longo dos anos.

Para empresa pequena é o q o Bastter falou.

dúvida: meu cérebro de sardinha precisa entender tudo isso pra eu conseguir ter uma boa carteira de ações? 

nao, nem perde tempo lendo isso
so vai te confundir

https://www.bastter.com/mercado/controls/download.ashx?arquivo=livro-pequeno-manual.pdf
le a parte de açoes  - bem simplificada

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tudo q vc precisa saber ta nesse material

eh bem simples

isso ai em cima nem perde tempo estudando isso
nao faz a menor diferença
problema da gestao

Para empresa pequena, além de tudo a maioria está no SIMPLES ou no lucro presumido e não tem bônus tributário nenhum com dívida. Só vale para empresas no regime de lucro real.

É mais um conceito da dívida da empresa, a empresa deve pegar a dívida caso ela precise fazer um investimento que não possui fluxo de caixa para fazer e o retorno previsto do investimento seja maior do que o custo da dívida.

Caso seja um investimento de baixo risco (a empresa tem inúmeros cases anteriores e o valor total do investimento é baixo), realmente pode ser mais interessante captar uma dívida junto ao banco. Porém, para investimentos de maior risco, é interessante compartilhar o risco com um acionista que não vai executar judicialmente a empresa caso o retorno não aconteça no prazo esperado.

O problema todo é que se trata de um mantra do meio corporativo que o capital de terceiros é sempre melhor do que o próprio, isso é uma análise muito rasa.

@Haphaeu

Como a empresa cíclica vai manter bom FCF no ciclo de baixa???

A maioria das cíclicas opera no breakeven ou prejuízo nesse cenário, a Vale mesmo só não foi pro saco nesses últimos anos pois é a exceção da exceção, tem um custo médio da dívida em 5% com prazo médio de 10 anos e a maior parte só para 2022, além de ser campeã nacional e por isso ter linhas maravilhosas do BNDES e ser subsidiada à rodo. 

@tallysmartins

Não, não precisa saber nada disso. Até pq uma empresa que faz essa gestão de dívida excelentemente pode não dar resultado nos lucros e uma empresa que faz gestão horrível de endividamento pode acabar dando lucro, tem muitas outras variáveis que afetam a empresa, mas os conceitos do site sobre balanços, lucros e endividamento já são suficientes para você investir tranquilo. Isso é mais uma discussão para quem gosta desses detalhes.

Não quis dizer q o FCF vai ser bom. Vc mantém custos operacionais baixos, segura o CAPEX, aí o FCF pode ficar marginalmente positivo ou no zero-a-zero. Isto é suficiente para q numa crise vc esteja melhor q os demais e role a dívida (q não era alta) sem explodir o custo de captação. 

Vc exemplificou com a Vale, mas olhe a Petrobras: baixou custo de produção, reduziu capex e até com o petróleo a $50 ou menos teve FCF positivo. CSN e Usiminas, na contra-mão, viraram praticamente empresas zoombis (nem sei como estão agora, faz tempo q não olho). Na aviação, a Delta, a Southwestern, nadam de braçada. Equanto a Gol continua zoombizando (zoombi = não gerar o suficiente para pagar os juros da dívida).

Enpresa pequena, se for no banco pedir dinheiro, vão te oferecer a 4% a.m.

Galera. Não sou empreededor, mas essa história de custo de patrimônio líquido ser maior que capital de terceiros não é regra de valuation?

Em resumo, primeiro é calculado o custo de capital próprio e depois esse é comparado com o custo do capital de terceiros. O custo de capital proprio será maior porque os donos esperam um prêmio pelo risco. Aí começa a loucura. Como definir o prêmio pelo risco? Aí inventam de colocar Beta, taxa livre de risco como sendo os juros de longo prazo dos títulos (não faço ideia do que seria isso no brasil)... tudo isso é baseado na tese do CAPM - Capital Asset Pricing Model, que não serve pra nada pra quem investe em valor. Nem tem precisão pra avaliar nada. Pura teoreba. Isso deve servir muito menos pra quem é pequeno empreendedor.

Mas em todo livro de gestão financeira metem essa teoria,  que foi criada para avaliar se os investimentos geram ou destroem valor para as S. A. Eu não sei como a pessoa seria capaz de avaliar o custo de capital próprio em uma empresa pequena de capital fechado. (Isso teoricamente falando, já que na prática não deve servir nem pras SA. Na verdade o itaú usa uma versão modificada disso pra decidir se investe ou paga dividendo, mas isso é o itaú...)

Então eu concluo que seria absurdo imaginar que isso possa funcionar na tomada de decisões de um empreendedor. O simples e racional imagino que seja ter a menor alavancagem possível e somente nos investimentos com boa perspectiva de retorno acima dos juros da dívida.

Cara, esquece estes betas, taxas e formalismos matemáticos ou acadêmicos. Custo de capital próprio é o q vc espera ser remunerado. Isto serve apenas para te auxiliar na decisão, assim como cada um aqui tem seu critério para dizer o q é uma empresa boa. 

Para empresas maiores a ideia é q o capital próprio seja remunerado ao menos pela média de mercado para a área. Quer dizer q se vc vai fazer um projeto e estima VPL abaixo de zero (retorno abaixo da média para a mesma estrutura de capital) , então é melhor contratar a “média de mercado” para executar o projeto para vc pois vai te dar mais dinheiro. Ou vc pode decidir fazer assim mesmo pois espera outros ganhos q não o financeiro, ou estará satisfeito em ganhar qualquer coisa a mais q o custo do capital de terceiros.

Para empresas pequenas, vc pode procurar dados de pesquisas ou simplesmente conversar com quem tem negócios na área e avaliar o q seria esperado. Mas isto é igual a bom senso, cada um tem o seu.

Esse negócio de CAPM de valuation é uma besteira sem tamanho. O cara vai lá e estima um retorno de 2.000% ao ano para o sócio com base em médias de renda fixa + prêmio e conclui que o custo do capital da empresa é muito alto.

Aí chega o resultado e o sócio recebe uma remuneração de 2, 3% pelo capital dele.

Acabou o CAPM.

@Haphaeu

Como disse, não sou empreendedor, então o que citei foi a teoria. Assim como tudo em negócios, fórmulas não servem e o relato de quem foi lá e fez vale muito mais. Então acho que você simplificou bem o as conclusões do que tem sido discutido no tópico:

"Para empresas pequenas, vc pode procurar dados de pesquisas ou simplesmente conversar com quem tem negócios na área e avaliar o q seria esperado. Mas isto é igual a bom senso, cada um tem o seu"

Tentando ser o mais minimalista possível. Eu vou pegar emprestado 100 pra ter um acréscimo no meu retorno de 20, porem vou pagar 5 de justos, oq liquido ficaria 15, esses 5 seria o custo do capital de terceiro. Agora eu vou pegar 100 do meu bolso pra investir  e tirar a mais 20, que seriam meus, esses 20 seriam o custo de capital proprio. Ou vou adicionar um sócio que entraria com 100, que daria 20 e seria dividido proporcionalmente a participação, tb custo de capital proprio.


Bem, oq eu acho eh que  esse conceito de custo de capital próprio eh pouco entendido, pois na minha opinião não eh necessariamente um custo e sim um retorno esperado e por ser retorno eh natural que seja maior que uma despesa ou divida.

“Agora eu vou pegar 100 do meu bolso pra investir  e tirar a mais 20, que seriam meus, esses 20 seriam o custo de capital proprio.”

Não, não é esse o conceito. Esses 20 são seu retorno. Se a média das empresas q atuam na área (com estrutura de capital semelhante etc etc) tb obtém 20 de retorno, então esses 20 são o custo de capital próprio. Se as empresas da área obtêm 30 , então é 30 o seu custo de capital próprio, o q significa q eles são mais eficientes e q valeria a pena contratá-los para executar a atividade. Se “o mercado” tem 10 de retorno, então 10 é o seu custo próprio e vc está bem.

@Haphaeu

Tu confundiu os conceitos aí.

Se as empresas da área obtém 30  de retorno para os 100 investidos, você não contrata ela para executar nada.

Como você vai contratar um concorrente para tocar e administrar seus investimentos na sua empresa?

Essa análise é para o investidor escolher não investir em sua empresa e sim em outras do setor com maiores retornos.

Se isso fosse verdade, o mercado ia ser só monopólio.

Para quê eu vou produzir qualquer coisa se existe uma empresa S.A que produz com mais eficiência?

Além do mais, é impossível tu calcular quanto as empresas do setor estão entregando de retorno por capital investido na perpetuidade. É completamente futorologia. Pessoal de valuation extrapola 30 anos de retornos, algo completamente maluco.

Acho q vc não entendeu q eu quis dar um exemplo, para tentar esclarecer o conceito, a ideia da coisa. Eu disse “valeria a pena contratar”. Claro q existem diversas condições de contorno. Outro exemplo seria q, de posse de dados de mercado, uma micro-empresa poderia pensar em fazer parcerias, ou ainda buscar fusões. Não queria focar no detalhe mas a ideia, não existem modelos perfeitos para um sistema tão complexo.  Não estou defendendo nenhum modelo matemático.

Sobre monopólios: em vários negócios existe esta tendência, q muitas vezes é regulada. Em outros não acontece, as vezes por cada um tentar manter sua vantagem competitiva. Pq alguém compra ação de mais de um banco e não somente daquele q vc julga ser o melhor? Pode ter, por exemplo (lembrando q exemplo não é regra) o dono de uma barbearia q é muito conhecido por todos da região e assim mantém seus clientes mesmo com menor eficiência, e ele é muito satisfeito assim. Modelos de custo ou alocação de capital são apenas auxiliares na decisão do gestor. Aí se um dia a barbearia vizinha oferece uma compra ou fusão (buscando monopólio local) ele pode dizer sim ou não. Ou ele pode decidir entre abrir outra barbearia ou tentar comprar o concorrente mais próximo.

Há muitos anos trabalhei num negócio de bairro onde simplesmente vendiamos as mercadorias por 20% a mais do q pagávamos ao fornecedor, e pronto, só isso. A empresa não dava lucro mas pagava o salário das pessoas. 

Sobre a perpetuidade, concordo com vc, apenas futurologia, sem utilidade. Pequenos negócios as vezes as pessoas só fazem uma conta simples em cima do faturamento do último ano e pronto.

(Boa esta discussão)