Cheguei de viagem ontem. Fui com expectativas bem baixas e voltei com umas impressões bem positivas.
Fiquei hospedado perto da Calle de Palma, que é o "centrão" da cidade e próximo aos órgãos do governo. A região é bem policiada e isso passa uma certa sensação de segurança. A cidade tem um ritmo bem incomum. Lá pelas 18, 19 horas as ruas ficam desertas e mais tarde elas começam a se encher de novo. No meu primeiro dia saí para jantar nesse horário e voltei correndo para o hotel. Depois que cheguei, os funcionários me explicaram essa dinâmica. Quando saí mais tarde, pude ver que as ruas estavam bem mais movimentadas.
Como ponto negativo achei a cidade um pouco suja e até com alguns sinais de abandono. Me lembrou muito o período que morei na zona oeste do Rio, alguns anos atrás. Prédios abandonados, lixo nas ruas, calçadas mal cuidadas, etc. Um exemplo, visitei a Igreja da Reencarnação: uma construção magnífica cuja a fachada estava abandonada e trancada com correntes enferrujadas. Nem havia interesse em explorar o potencial turístico do local. Ao passar em frente à igreja simplesmente perguntei a um funcionário da limpeza se ela podia ser visitada e ele me deixou entrar.
Também achei negativo a falta de informações e sinalização. Descobri alguns museus e eventos interessantes "batendo perna" e perguntando aos outros. Tirei uma tarde para ir à um parque bem legal chamado "Nu Guazu" e no meio do caminho me deu aquela vontade de ir ao banheiro. Não havia nenhuma placa indicativa e tive que contar com a ajuda dos outros para descobrir onde eu tinha que ir.
A cidade é cheia de contrastes. Logo atrás do "Cabildo" (prédio do poder legislativo) existe uma favela. Esse prédio pode ser visitado e tem um mirante para a baía de Assunção de onde se pode ver boa parte das casinhas da favela. Apesar disso, não vi sinais de criminalidade mas vi muitos pedintes nas ruas. Quase todo restaurante tem um segurança cuja função é manter esse pessoal afastado. Eu percebi que, ao contrário do Brasil, o pessoal que fica pedindo dinheiro não é muito insistente. Depois que você manda um "no tiengo plata" eles vão embora.
Os ônibus também são cheios de contrastes. Existem uns com ar-condicionado tipo os "frescão" do Rio de Janeiro e outros muito desconfortáveis, feitos com carroceria de caminhão, que lembram bastante a "Carreta Furacão" aqui do Brasil. A passagem custava 3300 guaranis (uns 2 reais).
Um ponto positivo é a gastronomia: come-se muito bem gastando bem menos que no Brasil. É comum fazer uma boa refeição + cervejinha + sobremesa por menos de 100000 guaranis (aprox. 60 reais). Existem opções para todos os gostos: carnes, frutos do mar, massas, cozinha espanhola, americana, indiana, galesa, etc. Devo ter ganhado uns quilos nessa semana.
Outro ponto positivo é a simpatia das pessoas. Dos lugares que já visitei (na Europa e Brasil), o Paraguai teve de longe as pessoas mais simpáticas e bem-humoradas. Não sei se meu portunhol tosco pode ter influenciado a reação das pessoas. Aliás, uma curiosidade: quase todo mundo anda com uma garrafinha térmica e uma "guampa", para preparar o terere, bebida típica por lá.
A cidade fica às margens do Rio Paraguai e da baía de Assunção, onde existe uma "praia", quase em frente ao palácio presidencial. O pessoal costuma ir para passear e praticar exercícios. É uma vista muito bonita quando o Sol está se pondo.
Com relação às compras não cheguei a me aprofundar muito porque não foi o objetivo da viagem. Em questão de perfumaria e eletrônicos os preços estavam ligeiramente melhores que no Brasil mas nada que justificasse uma viagem só para isso.
Em geral tive a impressão de um forte senso nacionalista (com exaltação a militares de guerras do Chaco e do Paraguai) e religioso. Também percebi um certo sentimento de unidade sul-americano que foi inédito para mim (e que não existe no Brasil).
Acho que se alguém tem interesse em viajar pela América do Sul, vale à pena visitar a cidade, até mesmo para fazer alguns comparativos com o Brasil. Vou sentir saudades da amabilidade do povo Assusseno.