Olá colegas foristas, boa noite.
Vim aqui compartilhar uma história que ouvi pessoalmente do meu primo e que, conforme nos é ensinado, comprova que nunca devemos nos importar com o preço de nossos ativos e continuar nestes se ainda tiverem VALOR.
Pois bem, vamos falar de ações? NÃO!
Mas existe ativo que o preço flutua e que deva ser ignorado, além de ações? SIM
E o que seria isso?
Imóvel.
Nossa, sério!?
Sim.
E aqui começa a história:
Em meados de 2007, meu primo, americano desde o nascimento, havia acabado de sair da faculdade de RH e ingressara em seu primeiro emprego, que garantiria boa estabilidade por ser do governo.
Por ser um aluno exemplar e bem regrado, conseguiu uma bolsa integral para os estudos na faculdade (coisa difícil por lá) e, com o dinheiro que o pai dava para ajudar + dinheiro de monitoria, etc, conseguiu comprar seu primeiro imóvel.
Começo ideal né? Jovem, com emprego garantido e tendo já a casa própria (isso acontece se você é esforçado em países onde sindicalista não é eleito).
Começou a ter um bom fluxo de caixa, teve uma ideia que não era ruim:
Comprar mais um imóvel, desta vez para alugar e ter mais rendimentos.
Partiu então para a escolha. Engraçado que o mercado americano é tão evoluído, que os corretores de imóveis (todos) tem acesso a um sistema, que é atualizado em tempo real, do tipo google maps onde você tem todas as casas que entraram para venda ou para serem alugadas. Logo, numa mesma plataforma o corretor consegue ver quais casas estão anunciadas, inclusive dados como por exemplo evolução do preço nos últimos meses e também quantas vezes ela foi comprada/vendida e qual o preço do acordo.
Muita informação legal para se fazer um ótimo negócio, correto?
Talvez.
Eis que após escolher uma boa casa, dessas que nunca faltaria inquilino devido ao padrão de construção e da localização, acertou um acordo de comprar a casa por 450 mil, parcelados em 7 anos e com um pagamento inicial de 115 mil dólares. Em poucos dias a casa estava em seu nome e em menos de um mês já começou a alugar.
Tudo estava mil maravilhas, pois com o valor do aluguel ele pagava uma parcela do financiamento e o que sobrava do emprego, abatia do saldo devedor (comprando tempo!).
Porém, em menos de um ano veio o fatídico colapso da bolha imobiliária. Milhares de casas à venda, muitas vezes por mixarias, sem compradores.
E, nesse momento, meu primo cometeu um erro que lhe custaria quase uma década de trabalho.
Procurou um agente para ver o valor de sua casa. Foi, inclusive, orientado pelo agente a não ver isso por se tratar de um bom imóvel, em boa localização e já locado. Mesmo assim, insistiu no erro.
Ao perceber que seu imóvel, que foi negociado em 450 mil (520 mil se somarmos os juros do financiamento) estava valendo meros 200 mil dólares, ficou em pânico e correu negociar no banco.
O banco, que de bobo não tem nada, ofereceu ofertas que não eram interessantes, no fim ele aceitou devolver a casa em troca de perder metade do aporte inicial e todo o resto que foi pago do financiamento.
Saiu aliviado, afinal conseguiria agora fazer outros bons negócios.
O grande problema é que com a falência do Lehmann Brothers e outros bancos com a corda no pescoço, o crédito ficou mais escaço, caro e requerendo um valor maior de aporte inicial para aceitar novos negócios.
Optou por ficar de fora, pois só conseguiria casas inferiores.
Passados quase 10 anos da crise, ele me diz:
"Como me arrependo de ter me desfeito daquela casa! Ela hoje vale quase 750 mil dólares e está gerando um aluguel mensal de 4 mil dólares. Eu já teria ela quitada, podendo ter um ótimo pagamento e agora, só para negociar, tenho de pagar quase 200 mil de entrada. Se arrependimento matasse..."
Enfim, algo que é bom pois permite monitorizar todo o mercado imobiliário fundamentou uma escolha errada (lembrando bolsa?).
Espero que tenham aproveitado a lição, com eu o fiz.