TAL PAI TAL FILHA
comentada em 13/08/2017 23:16

Minha esposa é invocada porque diz que, pelo menos na área dela, é mais difícil contratarem quem tem mestrado. Povo parece que tem medo do título, acha que o empregado vai ser exigente demais. Mesmo você tendo mais qualificação e pedindo o mesmo salário, preferem contratar quem não tem mestrado.

Se estiver se candidatando pra uma vaga e apresentar um currículo muito acima do exigido pra vaga, principalmente, se essa qualificação excessiva não tem nada a ver com a vaga pretendida, você vai perder a vaga para alguém com menos qualificação no geral (mas com qualificação suficiente, no que tange a vaga pretendida).

Não é que o RH tenha medo de mestrado: se estão tentando contratar um professor universitário, por exemplo, mestrado ou doutorado vai ser muito bem vindo. Mas se estiverem tentando contratar, por exemplo um técnico em mecânica, não vale a pena contratar um técnico em mecânica que além disso, possui graduação em administração de empresas e até MBA. Isso porque, ele vai pegar a vaga de técnico apenas como forma de emprego temporário, mas vai continuar procurando vaga pra "superqualificação" dele.

Não digo que alguém não deva procurar ser "superqualificado", mas entendam que colocar coisa de mais no currículo também é muito prejudicial (mesmo que tenha mestrado, se não tem nada a ver com a vaga, omita).

O superqualificado vai ficar eternamente insatisfeito na função abaixo da qualificação. Vai ser um ponto de tensão no local de trabalho.

Quanto ao mestrado, faculdades privadas não gostam de contratar mestres. São mais caros que os especialistas e não agregam pontuação perante o MEC.
Mestrado é meio termo. Acaba atrapalhando a contratação.

Rapaz, talvez seja assim em alguns casos. Mas minha esposa teve experiência ruim em situações de mestrado na área. Em uma das vezes, o cara responsável pela seleção e que seria chefe dela era menos qualificado que ela. Resultado: um colega dela, muito menos qualificado e bem relapso durante a faculdade, ficou na vaga. Em outra ocasião, ela foi contratada e o chefe dela confessou que quase não a contratava porque ela tinha mestrado. Na cabeça dele, ela seria uma pessoa boçal, sem habilidade interpessoal e sem muito jogo de cintura, disse que se surpreendeu positivamente. Coisa parecida ocorreu com todos os amigos dela com mestrado (no caso, em engenharia). Ela disse que mestrado só ajuda pra ser professor, mesmo que sua pesquisa seja numa área "prática".

O pior é que doutorado na área dela praticamente mata sua chance de ser contratado na indústria, são seis anos (com mestrado) fora da iniciativa privada. E o mestre que não arruma emprego só tem opção de doutorado.

Sinceramente, acho tudo isso um contrassenso.