Achei muito interessante essa parte do livro.
Para pagar um dívida, abriu frentes de trabalho, voltou a corretar anúncios, lançou uma revista de passatempos chamada Brincadeiras para Você e começou a fazer shows em circos.
"O esforço excessivo gerou reflexos em sua saúde. Silvio perdeu peso e empalideceu. Ainda assim, foi ao socorro do seu amigo da Rádio Nacional, Manoela de Nóbrega, que estava em apuros. Em sociedade com Walter Scketer, por diversas vezes referido com "alemão", Manoel de Nóbrega havia lançado uma espécie de poupança popular, em que o cliente pagava doze mensalidades e, em troca, recebia uma cesta de brinquedos. Era o Baú da Felicidade. Manuel Havia se comprometido com a propaganda, que fez com muito sucesso. O problema estourou junto no momento da entrega das mercadorias: descobriu-se que todo dinheiro da empresa havia se perdido! Desesperado, Nóbrega pediu que SS fosse até a loja do Baú, na rua Líbero Badaró, ficasse lá por cerca de duas semanas, dissesse aos mensalistas que eles logo receberiam aquilo a que tinham direito e avisasse ao novos interessados que a empresa seria fechada. Inicialmente, SS relutou, mas acabou atendendo ao pedido daquele que considerava um pai.
Quando chegou, o cenário que encontrou era de destruição: um espaço minúsculo ocupado pelo alemão, uma secretária, algumas caixas de madeira e duas gavetas postas no chão contendo fichas de fregueses. Na entrada, clientes se aglomeravam em busca de informações. Na tentativa de acalmá-los, SS precisou subir em um caixote e fazer um verdadeiro comício. Mas, mesmo com tantos problemas, ele percebeu que muitos continuavam indo à loja para pagar a mensalidade, apesar de não recebe nada em troca na hora. Intrigado, ligou para o amigo:
-Nóbrega, mas o negócio é assim, dão o dinheiro e não recebem nada em troca? Só o carimbo?
-É, só o carimbo! - respondeu Nóbrega.
-Bom, então, posso ser seu sócio?
Esse diálogo inusitado marcou a entrada oficial de SS no Baú da Felicidade. Ele ficou com a parte que era do "alemão" e passou a cuidar da administração e a investir tudo o que podia, reunindo aquilo que ganhava no rádio, no circo e nas revistas. Enquanto isso, Nóbrega continuou responsável pela comunicação.
SS apostou que o Baú seria um bom negócio, caso fosse bem administrado. Por esse motivo, promoveu diversas mudanças e os resultados logo apareceram. Assustado, Manoel da Nóbrega decidiu sair da sociedade e entregar sua parte a SS, que fez questão de pagá-lo. Finalmente, em 1961, Senor Abravanel tornou-se acionista majoritário da empresa, que em 28 de junho de 1963, transformou em BF Utilidades Domésticas e Brinquedos."