Pondé: (começa aos 48:30)
"Salvo grandes exceções, a grande parte da elite econômica do Brasil não acredita em idéias (...) Quando você acredita numa coisa você coloca dinheiro naquilo.
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O pensamento liberal tem que se perguntar: afinal de contas qual o lugar da moral no pensamento liberal?
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Um dos lugares que mais produz tralha política, cultural e o próprio politicamente correto' é a nação mais rica do mundo. A gente não pode fechar os olhos para isso, principalmente sendo liberal.
Porque toda essa esquerda é um fetiche da sociedade produzida pelo enriquecimento material e que tem muito a ver com uma certa percepção moral de que 'Eu sou do bem'.
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Um dos grandes problemas da imagem do pensador liberal no mundo é a imagem de que se você é liberal você é mau (...) Nisso que dá a grande trilogia race, gender and class.
Quem produz o maior contingente de teorias de esquerda anti-liberais não é a coreia do Norte, é os Estados Unidos. São as universidades americanas que produzem. Assim como são as universidades da nossa elite econômica do Brasil que produzem.
O sistema de virtudes (...) e vícios (...) produziu riqueza. E as virtudes estavam associadas à uma vida contida, o investimento na disciplina, o adiamento do prazer e o enriquecimento nos EUA e Europa acabou produzindo jovens e gerações posteriores que na verdade não partilham dessas virtudes. (...) Entendem que qualquer idéia como essa na verdade é uma forma de opressão.
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A categoria de ressentimento ainda não recebeu a devida atenção na análise politico-social na nossa época. O mundo contemporâneo tem produzido ressentimento em alta escala. Porque a verdade é que poucos são melhores do que muitos, poucos conseguem mais do que muitos: as pessoas não são iguais. E não tem nada pior na vida do que você conviver com alguém melhor do que você.
E, quanto mais você abre espaço para as pessoas produzirem coisas e você percebe o quanto você pode ser medíocre, incapaz e pior do que aquela pessoa mais vontade você tem de matar ela.
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Enquanto a gente não levar esse tipo de coisa em conta a gente não estará pensando suficiente no futuro da democracia e não estará enfrentando o discurso da vítima, do ressentimento e da mediocridade que se ocupou da cultura. E é com ele que a gente se bate em sala de aula o tempo todo."