Lá na China eles nunca tiveram um sistema sólido de crédito por falta de informações. Isso começou a mudar com um sistema de "crédito social" instituído pelo governo e, principalmente, com a AliPay. Lá na China todo o mundo compra qualquer coisa com o celular, até cachorro quente na esquina. E o AliPay é um dos dois apps mais usados pra isso, por milhões de pessoas (o outro é o WeChat).
Coletando dados de consumos de todos esses usuários, o AliPay criou um sistema de crédito baseado em pontuação e essa mesma pontuação serve como análise de risco pelas empresas e pelo governo. Quanto maior sua pontuação, mais benefícios sociais você tem, desde acesso a melhores financiamentos, até visto para países estrangeiros, prioridade em aplicativos de paquera, acesso a veículos melhores, etc.
Só que esse sistema de pontos não é exclusivamente financeiro, analisa a vida moral do sujeito. Se ele filou numa prova, se esta numa lista negra do governo, etc. Nas palavras do executivo por trás desse sistema:
"Zhima Credit “will ensure that the bad people in society don’t have a place to go, while good people can move freely and without obstruction.”"
O sistema assim incentiva obediência ao governo de forma suave, implícita. Quanto mais obediente e produtivo você for, mais coisas você ganha. Se você for desobediente, sua pontuação menor vai te excluir do acesso ao consumo e de suas liberdades individuais.
Tudo isso devidamente alimentado pela coleta massiva de informações (big data) analisadas constantemente por apps centralizados.
Acho que o mais assustador é que esse cenário é perfeitamente possível em qualquer país ocidental. As informações coletadas por aqui não são muito diferentes das coletadas por lá.
https://www.wired.com/story/age-of-social-credit/