Nunca peguei dinheiro emprestado na vida
comentada em 02/05/2018 11:53

Muito interessante! Ótimo texto e fantástica forma de pensar.

I follow the Romans’ attitude that debtors are not free people.

Muito legal, construtivo. Obrigado por compartilhar!

Sensacional! Alguém poderia trasduzir para todos lerem. Que texto bom!

"Nunca pedi dinheiro emprestado na vida", por Nassim Nicholas Taleb.

@sandroroda

1. As pessoas me pedem previsões sobre a economia, quando me deveriam perguntar sobre a minha carteira de ativos. Se você for imune às conseqüências das mudanças, não faça pronunciamentos sobre o que pode acontecer no futuro. Em francês, a palavra “carteira” serve tanto para o que você tem no bolso quanto para o que você tem na corretora. 

2. Eu nunca na minha vida peguei um centavo emprestado. Por isso, a minha nota de crédito é zero. Sem empréstimos, sem hipotecas, nada. Quando não tinha dinheiro, alugava uma propriedade. Tenho alergia a pegar dinheiro emprestado e todos sabem que desprezo as pessoas que têm dívidas. Imito a atitude dos romanos: os devedores não são pessoas livres. 

3. Eu levo comigo euros, dólares e libras esterlinas. O que faço com o meu dinheiro é pessoal. As pessoas que dizem que dão o dinheiro delas para a caridade ganham uma notinha negativa na minha caderneta. Ninguém nunca deveria mencionar um ato de caridade em público. 

4. É melhor perder um zilhão de oportunidades que se estrepar uma só vez. Aprendi essa lição no meu primeiro trabalho, com os especuladores veteranos de um banco de Nova Iorque que já não existe. A maioria das pessoas não sabem lidar com incerteza. Elas se assustam com os riscos menores e, sem perceberem, lançam-se nos braços dos riscos grandes, enormes. Os homens de negócios com um histórico de sucessos tem uma atitude diametralmente oposta: cometa todos os erros que queira, mas se assegure de que você ainda estará por aqui amanhã. 

5. Não gaste energia em barganhas, exceto quando os zeros começarem a se enfileirar. Perca as partidas menores e poupe esforços para as grandes partidas. 

6. Não há nada de errado em estar errado, desde que você pague o preço. Os vendedores de carros usados são bons de conversa, convincentes, mas no final das contas, mesmo que alguém se prejudique com os seus conselhos, eles levam vantagem. O vendedor de besteirol não é aquele que está errado, mas aquele que fica protegido dos seus enganos.

7. Há menos “pele em risco” hoje do que havia cinqüenta anos atrás, ou mesmo vinte anos atrás: mais e mais pessoas determinam os destinos de outras sem sofrer as conseqüências das suas decisões. Essa afirmação significa que as pessoas que tomam decisões de todos os tipos nunca deveriam estar protegidas das conseqüências dessas decisões, ponto final. Quem for mecânico de helicópteros, deveria ser piloto de helicópteros. Quem decide pela invasão do Iraque e vota por ela, deveria ter filhos nas forças armadas. E quem toma decisões econômicas, deve pagar o preço se estiver errado. 

8. Noventa por cento dos americanos – encanadores, dentistas, motoristas de ônibus – tem a pele em risco. Temos de nos preocupar com os 2 por cento – os intelectuais e os políticos que tomam grandes decisões – que não tem a pele em risco e estão estragando tudo para todos os outros. Há trinta anos, a Assembléia Nacional Francesa se compunha de comerciantes, fazendeiros, médicos, veterinários e advogados de interior – de pessoas envolvidas com as atividades do dia a dia. Hoje ela se compõe inteiramente de políticos profissionais – de pessoas que estão divorciadas da vida real. Nos Estados Unidos é um pouco melhor, mas estamos seguindo essa direção. 

9. O dinheiro não compra felicidade, mas a ausência de dinheiro causa infelicidade. O dinheiro compra liberdade: liberdade intelectual, liberdade de escolher para quem vai o seu voto e de escolher a maneira de exercer a sua profissão. Mas, para ter aquilo que eu chamo de o dinheiro do “foda-se”, requer-se muitíssima disciplina. No momento em que você conta centavos, lá se vai a sua liberdade de novo. Se dinheiro é a causa das suas preocupações, então restruture a sua vida. 

10. O dinheiro que mais valeu a pena gastar, gastei-o com livros. E o gasto mais estúpido que já fiz? Com livros. Também. Não consigo entender porque alguém gastaria um montante qualquer a fim de elevar o próprio status social. 

11. Se ninguém me paga salário, não preciso definir-me. Acho uma atitude arrogante chamar-se a si de filósofo ou de intelectual, por isso me chamo de flaneur e recuso todas as honrarias. Como disse Catão certa vez, é melhor perguntarem porque não há uma estátua em sua homenagem do que perguntarem porque há uma.

Valeu, @Luiz37. Texto top.

Legal.
Só não entendi direito o que ele quis dizer com a número 10. Alguém desenha pra mim [huhu]

@Pat_Patriot

Tentativa de exegese:

O papel aceita tudo que há de bom e ruim neste mundo, tudo que de melhor ou pior já passou pela cabeça dum homem. Daí que os livros podem ser as melhores e piores coisas com que alguém gaste dinheiro. Mas, seja como for, o gasto com livros é - ou deveria ser - característica de uma pessoa que deseja ser, e não parecer, melhor; assim sendo, é inconcebível ao autor que se desperdice recursos com exterioridades e nugas, como o é o status social..

Obrigado. @luiz37