Pessoal, sei que houve um tópico parecido no dia 04/07, inclusive acompanhei a discussão e justamente por isso venho compartilhar aqui com vocês a situação, em busca de troca de experiências e também opiniões.
No tópico em questão, a temática era voltada ao fato de largar uma multinacional e trabalhar com a família. No meu caso, o procedimento inverso: sair da empresa da família para o mercado de trabalho.
Tenho 28 anos, não tenho ainda família constituída (namorada em vias de noivado). Moro numa cidade do interior, 200k habitantes. Temos uma empresa familiar de 15 anos, no quais somos sócios eu e meu pai. Tenho ainda dois irmãos (um com negócio próprio independente do negócio familiar, e uma irmã que mora no exterior).
Desde a formação (administração e direito, especialização e mestrado) meu foco sempre foi entender as empresas familiares, como melhor sua longevidade e trabalhar a questão sucessão e gestão familiar. Sei da importância de ter experiências fora da empresa, da importância dos processos internos (passei do grau mais simples como armazenista/estagiário até hoje na posição de gerência).
Como a empresa é relativamente nova, desde muito novo (15 anos) foi feita uma pressão "indireta" para que eu trabalhasse com meu pai e assumisse a empresa. No entanto, a área de atuação da empresa nunca me atraiu. Por isso, procurei outras empresas, tive outras oportunidades de emprego, fiz intercâmbio, inclusive tive um negócio próprio que acabou não dando certo, e, sempre acabei voltando a empresa como "rede de segurança". Há 10 anos trabalho nela, sendo por certos períodos em tempo integral e outros apenas cumprindo funções básicas de assistência para a família.
Meu pai construiu a empresa sozinho, baseado em sua experiência de 30 anos trabalhando em uma empresa do ramo. Tem uma ética de trabalho incrível, trabalhando todos os dias (inclusive sábados, domingos e feriados) em torno de 8 a 10 horas por dia. Tem um viés de controle muito forte, mas sempre faz questão de salientar o quanto precisamos "melhorar e nos adaptar" e de que gostaria que eu perpetuasse a empresa ao longo dos anos. Porém, salienta que somente "vai parar de trabalhar quando não tiver mais condições, pois esse é o seu legado".
No entanto, há uma incompatibilidade muito forte entre "visões" para a empresa. Eu faço propostas para ajustes de sistema, recolocação de funcionários, melhorias que enxergo como soluções para alguns de nossos problemas, mas acabo esbarrando na decisão do chefe de manter o "status quo" que sempre funcionou. Além disso, a empresa está diretamente relacionada à sua atuação, ou seja, ele centraliza todo o processo de compra, venda, fiscalização, controle, deixando somente as atividades secundárias para meu controle. Por exemplo: negociações de compra e venda, contato com fornecedores e compradores, decisões de custos e investimentos são tarefas únicas e exclusivas dele. Contratações e demissões, resoluções de conflitos entre funcionários e tarefas administrativas simples, são minhas atribuições.
Em resumo: tento me preparar para ajudar e assumir um protagonismo maior na empresa, mas esbarro justamente em quem deveria me auxiliar. Sendo assim, acabo ficando ocioso durante o expediente, onde muitas vezes faço o mesmo trabalho de um office boy ou um analista básico. A remuneração é ótima e o trabalho é simples, mas tenho potencial para fazer mais. Parece que estou desperdiçando "anos dourados" de produtividade e vigor encarcerado numa situação em que não consigo me livrar.
A grande pergunta é: buscar uma solução ou propósito melhor no mercado de trabalho (tenho propostas para atuar em uma área diferente, que me agrada, porém com remuneração 20% menor) ou continuar nessa situação?
Agradeço pela opinião dos colegas!!!